A Promessa Entre Nós

XLIV🐺

Jin

Estava tentando não transparecer o turbilhão de sentimentos dentro de si mas, as olheiras e a perda de peso o entregavam de longe. Desde que recebeu os poderes de sua avó, sua vida virou de ponta cabeça. E para completar, Kim Bo-ah não respondia suas ligações. Se pudesse, escolheria passar um mês em uma ilha deserta, sem ninguém. Até mesmo o marido o incomodava com perguntas sobre o que ele estava pensando e a preocupação com sua saúde. Tinha parado de fumar mas, apenas substituiu um vício pelo outro. Comia doces o dia todo, na verdade, era a única coisa que conseguia parar em seu estômago. Como se já não estivesse tudo complicado o suficiente, ainda aconteceu aquela situação aterrorizadora na festa da MOTS.

Desde aquele, sentia-se impotente. Era apenas um para proteger os outros seis. Viu com os seus próprios olhos como Jiu era poderosa mesmo estando morta há anos e usando o corpo de outra pessoa. Já tinha estudado sobre maldições, mas nunca tinha visto uma pessoalmente. Por alguns segundos, acreditou que não conseguiria salvar Taehyung. Passou a duvidar de si e de seu poder, pensava que não merecia representar o clã Kim, muito menos ser um descendente de Kim Jina. Se pudesse escolher, largaria tudo. Abriria mão do sobrenome, da fortuna, da família, da máfia, dos poderes... Só não abriria mão de Kim Namjoon. Kim Namjoon era a única pessoa que mesmo no meio daquele turbilhão, conseguia sossegar sua mente quando passava as noites chorando.

Namjoon não estava ao seu lado e muito menos era noite. Fechou a mala e sentou na cama colocando a cabeça entre as pernas. Não queria viajar agora, não queria ter que enfrentar isso. Mas se não fosse ele, quem mais seria? Amava os amigos, disso tinha certeza. Mas não aguentava mais suas obrigações sanguíneas. Só queria ter uma vida normal. Cuidar de seu restaurante, jantar com os amigos algumas vezes por semana, viajar, engravidar, passar mais tempo em casa com o marido e com os gatos... Mas não! Estava mais uma vez arrumando as malas, mais uma vez indo deixar seus gatos com outras pessoas, mais uma vez indo no hospital todos os dias visitar alguém que não pode proteger.

Após toda a confusão, conseguiu chamar uma ambulância discretamente. Com a ajuda de Lion, Taylor, Jisoo e Taemin, conseguiram conter a situação sem atrapalhar a festa. O casal Jeon foi avisado, claro. Mas decidiram permanecer na festa após conversar com o filho, se responsabilizariam por manter a situação abafada perante os convidados. Afinal, quem confiaria em um líder que tem uma bruxa milenar dentro de si?

Aliás, o que era Jiu? Um espírito preso em nosso plano? Uma maldição? Um fantasma? E principalmente, como ela conseguia entrar em Jungkook e controlá-lo? Como uma bruxa lupina que morreu séculos passados conseguia entrar no corpo de um alfa gama lúpus e ainda usar seu poder? Como era possível dormir com todas essas perguntas rondando a cabeça? Simplesmente desistia. Preferia levantar, encher a banheira de água gelada e ficar deitado olhando para o teto até seus dedos enrugarem.

Queria dormir, e como queria. Mas e se Jiu entrasse em seus sonhos? E se ela conseguisse o dominar? Isso não podia acontecer. Quem protegeria seus amigos? Se morresse, levaria junto o sangue mágico lupino do clã Kim. Não se perdoaria por isso. Não, isso não podia acontecer. Em uma dessas noites que não conseguia pregar os olhos, teve um estalo quando estava sentado no jardim observando a lua. Entrou em casa, vestiu um blusão de moletom por cima do pijama e pegou a chave do carro. Olhou no relógio, eram quatro da manhã. Será que ele estava acordado? Se não estivesse, que acordasse. Precisava daquela resposta, era uma peça importante em seu quebra cabeça. Cumprimentou a recepcionista que já o conhecia e sabia que ele tinha entrada liberada no andar exclusivo. Entrou no elevador, apertou o andar, cumprimentou os seguranças e logo estava abrindo a porta do quarto.

- Jin, que horas são? - um Jimin com os cabelos espetados e o rosto inchado tentava enxergar com os olhos semi abertos. - Aconteceu alguma coisa?

- Não. Eu só preciso tirar uma dúvida com vocês.