A Promessa Entre Nós

LVII 🐺

Jimin

Sabe aquela sensação de que você não serve pra nada? Que sua existência é irrelevante e as pessoas que você ama estariam melhor sem você? Jimin se sentia assim desde o momento em que viu Jungkook caindo no meio da sala, jorrando sangue pelo nariz e pela boca. Simplesmente ficou paralisado, não conseguiu sequer sair do lugar e viu a noite perfeita que havia planejado se transformar em um pesadelo, como sempre acontecia. Se Jungkook estava passando por aquilo, a culpa era sua. Sentia-se mal por acreditar alguns dias atrás que ele devia temer Jungkook, sendo que era o contrário. Era um irresponsável, alguém que não merecia a confiança de ninguém. Agora estava sentado mais uma vez naquele hospital aguardando notícias do estado de saúde de uma das pessoas que mais amava. Estava tão atônito que se perguntassem, não sabia nem como tinha parado ali e muito menos quanto tempo fazia que estava sentado naquela poltrona. Sentiu alguém o abraçando e sabia que era sua mãe.

— Mochi, a mamãe foi buscar um café para você. — deixou o cheiro de Lisa penetrar em todo o seu ser e sentiu Luna que estava agitada, finalmente relaxar um pouco. Aproveitou aquele momento e abraçou a mãe mais forte, tendo a primeira reação daquele dia: culpa.

— A culpa é toda minha, omma. É incrível como as coisas acontecem com ele por minha causa.

— Jimin, não tinha como você saber, meu amor. Poderia ter acontecido a qualquer momento, com qualquer comida que alguém tivesse dado para ele.

— Mas não foi outra pessoa, fui eu. Eu que inventei de dar chocolates personalizados para cada um. E eu ainda tenho que agradecer a minha burrice por ter pedido para colocar o nome na caixinha, senão é capaz que todos estivessem envenenados e eu teria prejudicado muitas outras pessoas.

— Não tinha como você saber, tem coisas que não estão ao nosso alcance, filho.

— Eu sei, mãe. Mas a situação com o Jungkook é mais delicada. — sentiu as primeiras lágrimas caindo e fechou os olhos para espantar, estava cansado de chorar. — Ele cuida de mim o tempo todo, se preocupa com cada detalhe da minha segurança e se eu estou feliz. O mínimo que eu posso fazer é o mesmo por ele, e para isso, eu preciso começar a ser mais racional.

— Eu não acho que você tem culpa de nada, mas concordo que agir com racionalidade, ainda mais numa situação como essas, é de extrema importância. — Lisa segurou a face do filhote com as mãos e o olhou nos olhos. — Não vou dizer que eu e sua mãe estamos felizes por você estar envolvido em uma situação como essa. Mas, sempre soubemos que existem coisas maiores que nossas expectativas para as pessoas que amamos, e o amor de vocês dois sempre foi algo certo para nós. Desde o começo, quando vocês ainda eram filhotes, estávamos cientes sobre as questões que envolvem a família Jeon e que estar ao lado dele, o tornaria um deles. Ficamos preocupadas com a sua segurança, mas ao mesmo tempo, ficamos felizes porque sabemos que você está ao lado de quem ama, e essa é uma felicidade reservada para poucos nesse mundo. — apertou as bochechas do loiro assim como fazia quando ele era pequeno. — Park Jimin, te criamos para ser um ômega forte e independente. E se para isso você precisa cuidar e defender o seu alfa, eu sei que você está pronto.

— Não sei porque as pessoas ainda pensam que nós ômegas precisamos ser defendidos o tempo todo. Toda essa cultura tóxica acabou me afetando de alguma forma e eu congelo quando preciso agir por conta própria.

— Você reconhecer isso é um grande passo, Mochi. Mas foda-se a sociedade, não. — disse rindo.

— Foda-se! Eu fui criado pela alfa e a ômega mais forte do mundo. Eu vou conseguir superar meus receios e fazer o que eu precisar fazer para proteger o Jungkook. — Jimin escutou a poltrona ao lado sendo preenchida e viu quando um copo de café foi estendido na sua frente.