XXIX🐺

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Esse capítulo contém menção à sangue
Aviso de gatilho: SANGUE


Abriu os olhos e deparou-se com a escuridão. Sua cabeça latejava e quando tentou levantar, percebeu os diversos machucados pelo corpo. Onde estava? Como foi parar ali? Se arrastou tateando e localizou uma parede para se apoiar. Levantou com dificuldade e gritou de dor, passando a mão nas pernas e sentindo o líquido espesso. Levou os dedos até o nariz e teve certeza que era sangue. O que havia acontecido? Tentou regular a respiração e se recordar qual era sua última memória. Sentia dor por todo seu corpo e seus pensamentos estavam embaralhados. Sim, recordava-se de estar em uma loja escolhendo os tapetes para a casa nova. Terminou de pagar, preencheu o endereço de entrega e seu celular tocou. Era Jimin? Naquele dia os dois tinham combinado de jantar na casa nova para comemorar, mesmo ainda não tendo móveis. Encontrou Jimin? Apertou as têmporas para ajudar a forçar a memória. Pagou a compra, preencheu o endereço, despediu-se dos funcionários e foi direto para o seu carro. O que aconteceu depois? Encontrou Jimin ou apenas recebeu uma mensagem dele? Porque não conseguia se lembrar?

Enfiou as mãos no bolso da calça à procura do celular ou de qualquer outra pista. Achou um papel mas era impossível enxergar em meio a escuridão. Guardou-o de volta no bolso e começou a se arrastar pela parede tateando. Devia existir um interruptor ou pelo menos uma porta. Como foi parar ali? Escutou o primeiro grito e começou a bater as mãos na parede. Era Jimin, ele reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Onde estavam? Aquele grito de dor, sabia que seu ômega estava machucado.

O desespero começou a bater, mas finalmente sentiu a textura diferente embaixo das mãos. Era madeira, só podia ser uma porta. Achou a maçaneta e tentou abri-la de todas as formas possíveis, sem resultado. E se quebrasse? Começou a chutar mas foi atingido pela dor, sentindo o corte da perna abrir mais com o esforço. Outro grito! Pensa Jungkook, o Jimin está em perigo, ele precisa de você. A imagem de Sirius veio em sua cabeça e apesar da relação conturbada, a única solução que enxergava no momento era se transformar. Forçou as presas para iniciar mas não sentiu nada. O que? Porque não estava conseguindo se transformar na sua forma lupina? Se concentrou, regulou a respiração e tentou mais uma vez, sem resultado. Outro grito! Jimin implorava por ajuda. Jogou o corpo contra a porta usando toda a força que ainda tinha. Não se importava com mais nada, salvaria Jimin ou morreria tentando.

Uma, duas, três, dez vezes com toda a sua força e nem sinal de quebra. Agachou e sentiu a dor tomando o corpo, não podia desistir. Depois de tudo que passaram para ficar juntos, não podia perder Jimin assim. Sabia que tudo de ruim que aconteceu na vida do ômega era culpa sua, apenas sua. Porque não conseguiu o esquecer? Porque não se afastou e deixou ele viver uma vida feliz longe de si? Não sabia mais o que fazer, seu ômega precisa de ajuda e não tinha mais forças. Começou a chorar pensando em toda a dor que o Park estava sentindo. Ficou assim por alguns minutos e magicamente, a porta se abriu.

Enxugou as lágrimas e levantou mesmo com todas as dores. Segurou a maçaneta e colocou a cabeça para fora tentando descobrir onde estava. Era um corredor iluminado com uma luz branca forte, sem móveis e aparentemente vazio. Colocou o corpo para fora da sala e quando acostumou-se com a luz, conseguiu enxergar os diversos machucados pelo corpo. Não pareciam mordidas, tiros e nem mesmo socos. Os cortes assemelhavam-se aos mesmos causados por um bisturi afiado trazendo um ar sádico. Quem o odiava tanto assim para fazer aquilo consigo? Tirou o bilhete do bolso e leu a caligrafia que não conhecia: a culpa é sua! Outro grito! Jogou o papel no chão e começou a andar o mais rápido que o seu corpo permitia, tinha que achar Jimin.

O corredor dava em um outro corredor e assim por diante, como um labirinto. Não sabia para onde ir, o ferimento em sua perna sangrava cada vez mais.

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