Tão igual, vivendo o irreal

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Quando voltou pra casa dos pais, Harry deu de cara com Snape que aparentemente também tinha acabado de chegar em casa. Ele suspirou e mordeu o lábio antes de encarar o homem que não fez qualquer movimento até que o filho começasse.

O que não aconteceu, também.

— O que fez? – Harry negou com a cabeça. Sabia sobre o que ele estava falando. — Harry..

— Eu fui trabalhar, pai. Fui trabalhar e conversei sobre os meus problemas com a Gina pela primeira vez... – ele suspirou e sentou no sofá. — Porque só eu não consigo ver maldade nas atitudes do meu chefe?

— Você é ingênuo demais.

— Traduzindo, eu sou burro, né. – Snape riu.

— Não é isso, Harry. Quem tá de "fora" sempre enxerga a situação melhor, apenas isso. E se a Gina quem trabalha com você o dia todo, percebeu, como o Draco não perceberia?!

Harry bufou.

— Ok. E se vocês tiverem razão, o que eu faço?! Perco meu trabalho e tudo o que conquistei pra chegar até aqui?

— Não existe apenas esse emprego, filho. – o homem continuou com a voz tranquila — E isso o que seu chefe está fazendo, é assédio, você pode denunciá-lo.

— Mas ele não fez nada! Nunca tentou nada. Por que vocês não confiam em mim?

— Escuta só, sua mãe e eu nunca quisemos interferir na sua vida amorosa, desde o início do namoro com o Draco, mesmo quando a família dele não quis aceitar pela diferença de idades, nós ficamos do seu lado... – Harry ficou em silêncio — As brigas fortificam um relacionamento, mas em excesso, elas o destroem. Você tem sido muito cabeça dura e você sabe bem, não estou te julgando e nem defendendo o Draco, mas filho, vocês se amam.. – Snape fez uma pausa ao analisar a expressão do garoto e ergueu uma sobrancelha. — Você ainda o ama, não é?!

— Sim.

— Então porquê saiu de casa? Porquê tá querendo jogar tudo o que construíram fora por um desentendimento que podia ter sido evitado?

— O Draco nunca esteve do meu lado, pai, você sabe disso. Ele nunca quis que eu trabalhasse, disse que podia sustentar nossa família pela vida inteira.. – Snape riu.

— Pior que ele não mentiu.

— Pai!

— Desculpe.

— O Draco acha que pode me comprar com o dinheiro da família Malfoy. Eu não me casei com ele por causa do dinheiro, eu o amo mas ele não entende!

— A questão é que os dois são orgulhosos demais pra darem o braço a torcer, se tivessem sentado e esclarecido tudo como deve ser feito, nada disso iria acontecer. O Draco não ficou do seu lado, Okay, eu entendo a sua raiva, mas você nunca chamou ele pra expor a situação e como você se sentia em relação a tudo. Ou estou mentindo?

— Não.

— Ótimo. Se você tivesse conversado ao invés de ficar agindo como uma criança mimada, tratando o Draco com rispidez e frieza, isso não teria acontecido.

Harry suspirou irritado.

— Relacionamentos são feitos de confiança, compreensão, companheirismo e claro, amor. Se nada disso estiver interligado, ninguém vai viver uma vida a dois. – Harry permaneceu de cabeça baixa. — O Draco errou, a gente sabe, mas você errou muito mais por ter dito todas aquelas coisas a ele e por ter saído de casa.

— Ótimo, agora virei o monstro na história...

— Deixa de agir com estupidez, Potter. – Snape o repreendeu — Estamos conversando como homens, pai e filho, e amigos acima de tudo. Se não quer ouvir as verdades dos outros, vai ter que ouvir as minhas. – ele continuou — O Adam é muito pequeno, sente sua falta, dos passeios a três, das idas ao shopping, ele sente a sua falta e por mais que ache que está sendo o suficiente pra ele, mesmo ficando longe do Draco. Não está.

Harry sentiu uma lágrima escorrer por seu rosto.

— Sei que está chateado por ouvir tudo isso, mas era necessário. Nunca achei que fosse ter de falar nesse tom com você, tampouco, vê-lo chorar por causa disso. Eu te amo demais, filho, e sempre deixei isso claro. – Harry assentiu.

— Também te amo papai. – Snape sorriu.

Ele sempre sentia uma pontada no peito ao ouvir aquela frase do garoto. Desde que fora morar com Lilian, Snape não achava que conseguiria a confiança do filho dela, apesar da pouca idade, Harry tinha ciência de quem era seu verdadeiro pai e ter outro homem dentro de casa poderia ser um problema.

O que pra surpresa dele, não foi.

Harry era extremamente carinhoso e nunca ficava longe dele por muito tempo, e por anos, ele era a melhor companhia que Snape poderia querer. Os melhores passeios e as melhores brincadeiras de pai e filho, os momentos de bronca e de choro, a primeira conversa sobre beijos e o mais importante, a conversa sobre sua sexualidade.

Snape estava presente em tudo, desde o dia em que os dentes de Harry começaram a cair, até sua pré adolescência quando ele descobriu gostar de alguém mais velho e tomar a decisão em se casar com ele. Foi um choque, mas ele conseguiu lidar bem com tudo aquilo; a chegada de Adam trouxe uma sensação que Snape jamais poderia explicar, o amor que ele tinha e a felicidade ao ouvir a palavra "meu vovô" deixava o homem sem ação.

— Eu não sei o que pensa em fazer, filho. – disse minutos depois, assim que Harry afastou o rosto de seu ombro e secou as lágrimas. — Mas quem sabe um recomeço, seja a melhor opção para os dois.

— E se não der certo? E se eu tiver sido idiota demais e tenha perdido o Draco?

Snape sorriu.

— Você só vai saber se tentar. – ele assentiu e levantou do sofá deixando o homem confuso.— Pra onde vai?

— Preciso fazer uma coisa.




— Bom dia pro dorminhoco do vovô.

Adam sorriu com as mãozinhas no rosto enquanto era trazido por Luna em seus braços até a cozinha. Narcisa arrumava a mesa e Draco ainda não tinha descido, provavelmente passara mais uma noite sem dormir.

Depois de arrumar o garoto na cadeirinha e colocar o babador em seu pescoço, Luna puxou a cadeira e sentou ao seu lado.

— E o Draco, não levantou? – Lucius questionou vendo a sobrinha dar de ombros e suspirando ele saiu da cozinha.

Lucius sabia que nada era capaz de parar seu filho em qualquer ideia que ele tivesse; assim como também sabia que ele não ficaria bem enquanto não tivesse Harry de volta.

Mesmo que durasse uma eternidade.

Ele bateu na porta do quarto e sem esperar a resposta a empurrou e pôde ver o loiro apoiado na janela visivelmente distraído na própria mente.

— Não vai descer? – Draco pulou dando uma risada sem graça ao ver o homem parado no meio do quarto, deu alguns passos na direção dele enquanto uma mão se pôs em seus ombros. Lucius nunca precisava de palavras pra entender o que seu filho queria dizer.

Eles ficaram na mesma posição por vários minutos antes de caminharem para o andar de baixo, e em meio aos degraus o toque da campainha os deixou confusos, ainda era muito cedo para visitas.

— Olá pessoal... – Draco abriu um sorriso meigo ao ver Rony no lado de fora da porta, e por um momento, ele teve a esperança de ver seu marido chegar junto com o irmão, mas aquilo não aconteceu.

— Roniquinho! – Luna gritou ao chegar na sala e os demais riram. Rony sempre ficava sem graça quando era chamado assim. — Vem, entra, ainda não tomamos café. – a loira disse o puxando pra dentro.

— Olá senhor Malfoy, desculpe aparecer assim do nada..

— Oi Rony. – o cabeludo acenou — Não se preocupe com isso, o Adam vai adorar te ver. – o ruivo concordou e correu em direção à cozinha.

Draco passou a mão no rosto e suspirou fundo sendo analisado pelo pai e a prima, eles sorriram de forma reconfortante e logo seguiram para tomar o café da manhã.








mais uma vez me desculpem pela demora em postar, não esqueçam dos votos e de dizer o que estão achando de tudo.
Bjs e amo vocês ❤️❤️

𝚁𝚎𝚜𝚝𝚊𝚛𝚝 - 𝙳𝚛𝚊𝚛𝚛𝚢 -Onde histórias criam vida. Descubra agora