Eu tento outros meios, mas não vou esquecer

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Harry estava cozinhando enquanto cantarolava algo que não sabia ser inglês ou alemão; estava gostando do rumo que as coisas pareciam ter tomado, o modo como Adam parecia ainda alheio ao que realmente aconteceu entre seus pais. Da última vez, o garoto chegou em casa cantando uma nova musiquinha que aprendeu com os professores, música essa que o moreno cantava naquele exato momento.

Mesmo que nem o próprio filho lembrasse do idioma nativo da música.

Já havia se passado um mês;

Um mês de toda a discussão e saída do trabalho de Harry, ele não quis continuar lá, mesmo com Dean Thomas sendo demitido, ele não podia e nem conseguia estar no mesmo ambiente em que estivera com seu antigo chefe. Ele havia destruído todas lembranças boas e sensação de conforto que Harry tinha ao estar no trabalho, ele desfizera todo o sonho em crescer ali dentro.

E ele lamentava por isso.

Mas estava bem daquele jeito também, na sua casa, com seu marido e filho juntos, com Rony visitando-os diariamente, com Luna e suas travessuras quando estava em casa com eles, e Lily e Snape os convidando para jantares e passeios à praia nos finais de semana. Era uma sensação que trabalho nenhum poderia dar a Harry, dinheiro nenhum no mundo pagava o que ele vivia hoje, e ele era grato por tudo.

Quando a macarronada estava pronta, Harry respirou aliviado, embora o cheiro da comida o tivesse deixado nauseado, e de certa forma era compreensivo, ele passou mais de duas horas cozinhando. Sentir-se enjoado era normal. E ignorando tudo aquilo, ele terminou de arrumar a mesa para quando seus "convidados" chegassem e já pudessem ir direto para a mesa.

O que não demorou em nada.

O barulho da maçaneta sendo aberta foi ouvido e Harry sorriu indo para a sala e em segundos, um furacão tomou conta de seus braços e o cobriu de beijos ao longo do rosto e pescoço.

Papai Haz! – o loiro gritou enquanto o abraçava e Harry sorriu, retribuindo, com Draco parado logo atrás dele. 

— Como foi seu dia, amor? – o menor sorriu largo.

— Ótimo. O papai Draco foi me buscar hoje, e ficamos conversando um pouco com o tio Seamus, ele até convidou o papai pra ir passear com a gente. – Harry desfez o sorriso, tentando não demonstrar ao filho.

— Quem é seu novo amiguinho, amor? – perguntou tentando soar casual, embora fosse péssimo naquilo, assim como Draco não conseguia conter seu ciúmes, Harry não sabia disfarçar sua irritação também.

— O Peter. Ele é legal, senta comigo nas aulas e eu divido o lanche com ele, como você me ensinou. – Harry assentiu — Ele também tem dois papais. – Harry franziu o cenho e mesmo não encarando-o diretamente, Harry sabia que Draco estava rindo pelo seu ciúmes repentino.

— Verdade?

— Sim. Ele só foi algumas vezes porque trabalha viajando, mas não lembro o nome dele... – Adam então virou para trás, talvez pedindo a ajuda de Draco naquele momento e sorrindo, Draco desdenhou.

— Neville, filho.

— Isso! O nome dele é esse, e ele também é bem legal.

— Tudo bem, agora vai já pro banho e depois do almoço você me conta mais sobre isso.

— Tá bem, papai.

Enquanto Adam corria escada a cima, Harry deu as costas e começou a olhar a mochila do filho, tirando as vasilhas de lanche e a garrafinha de água, Draco permaneceu parado e quando não conseguiu segurar mais, ele riu.

— Que foi? – o moreno questionou irritado e novamente Draco riu antes de se aproximar por trás e envolver sua cintura em um abraço apertado, deixando um beijo rápido antes de ambos irem para a cozinha.

Harry era uma mistura de tudo, ciumento, implicante, carinhoso e romântico, um mix que o loiro não achou que pudesse combinar tanto com alguém como combinava com Harry. E um mix que ele nunca pensou gostar tanto.

— Eu amo quando você tem essa crise de ciúmes.

— Não seja idiota, Malfoy.. – o loiro riu de novo — O almoço já está pronto, vai tomar um banho que já já seu filho desce.

— Não quer conversar?

— Conversar, o quê, Draco?

— Seu ciúmes repentino... – Harry bufou.

— Eu fui idiota, só isso. E me desculpe. – Draco o beijou.

— Não se preocupe, só queria descontrair, eu sabia que o Adam falaria de forma eufórica e que até terminar o assunto, ele deixaria você nesse estado. O Seamus nos convidou pra sair, na verdade, depois do filho dele, o Adam é único outro garoto que é filho de casal gay. – Harry assentiu — Ele achou que seria uma boa nos aproximarmos... Ele é meio atrapalhado, mas parece ser gente boa.

— Tudo bem, quando você marcar, me avise. – Draco assentiu.

— Estamos bem? – questionou por fim e o moreno riu.

— Como assim? 

— Ah, amor, você sabe... Todo esse lance te deixou desconfortável.

— Eu sei, Draco, e por isso, pedi desculpas. Algumas coisas ainda me dão gatilho e eu não gosto de lembrar da forma que já te tratei por coisas que começaram assim, não é tão simples assim esquecer.

— Eu sei baby, e me desculpe por não entender também.

— Não é culpa sua. 

Malfoy balançou a cabeça e novamente rodeou a cintura do marido deixando alguns beijos ao longo do seu rosto e em seguida, seus lábios, Harry não relutou, deixou as mãos pousadas na cintura do loiro e antes de intensificar o beijo, Draco segurou em sua nuca e sorriu, juntando seus lábios.

— É assim que quero ser recebido todos os dias. – o loiro comentou brincalhão após se afastar por alguns segundos. — Não tem nada melhor do que isso.

— Vou deixar anotado pra não esquecer. – Harry brincou — Agora corre direto pro banho que estou com fome.

— Eu também, essa macarronada está cheirando no bairro inteiro.

— Para de ser bobo.

— É sério amor, você é o melhor cozinheiro do mundo... Que nossas mães não ouçam isso. – Harry concordou rindo e assim como Adam, ele também sumiu pelas escadas, deixando o moreno a sós e com mil coisas rondando sua cabeça, isso pra não comentar um leve embrulho no estômago que o moreno sentiu.

Parecia um ciclo sem fim, mesmo um mês depois Harry ainda se sentia mal pelo que poderia ter acontecido minutos atrás, o aviso de Snape sobre conversarem sempre, sumiu em segundos e talvez o problema nunca fosse o Draco, apesar de temperamental, ele buscava conversar e tentar resolver tudo na paz, ao contrário de Harry que era explosivo.

E no fim das contas, ele continuava se sentindo culpado.

𝚁𝚎𝚜𝚝𝚊𝚛𝚝 - 𝙳𝚛𝚊𝚛𝚛𝚢 -Onde histórias criam vida. Descubra agora