Consulta Inusitada

3ª consulta: Novos ares

DING! As portas do elevador se abrem e Paulo sai de dentro, depositando o cartãozinho na roleta com uma mão e com a outra segurando a sua barriga cheia das panquecas e do shake que a Joana fez ele beber.

— BUUURP! — um leve arroto escapa e faz com que Paulo olhe para os dois lados e suspire de alívio, por não encontrar ninguém. — Maldita nutricionista! — Pensa silenciosamente — Maldita e muito da gostosa, nossa. Será que ela percebeu o quão duro eu tava?

Paulo então rapidamente chacoalha a cabeça e pensa "Foca nas suas coisas, Paulo, foca no hoje a noite!", nesse dia, Paulo tinha um encontro as cegas com uma amiga da namorada de seu melhor amigo, o Espiga. Ele e o Rodolfo, nome real de seu amigo, se conhecem desde a quinta série, e sempre foram inseparáveis: faziam tudo juntos, desde os trabalhos de escola até no futebol na rua. Inclusive foi ele que mostrou o mundo do feederismo para Paulo, mas Espiga nunca quis virar um balofo igual seu amigo, ele preferia o outro lado da moeda. E há um ano e meio ele conseguiu realizar esse sonho com sua namorada Alícia: uma moça do interior, com cerca de 1,65m, e quase chegando no terceiro dígito, pesando 97Kg, quase 30kg a mais do que quando eles se conheceram. 

Chegando no trabalho, Paulo não rendeu NADA, pois seus pensamentos se dividiam entre a Diana, a amiga da Alícia, e a Joana, enquanto acaricia sua barriga de tempos em tempos, relembrando a manhã dele.

Se arrastar durante seu expediente, Paulo torcia continuamente para que o relógio rodasse o mais rápido possível, porque ele não estava mais aguentando aquele lugar, especialmente depois que o maldito ar condicionado quebrou e seus pneus estavam bem suados, inclusive debaixo de seu peito protuberante. Apesar de estar tudo bem ruim, ele focava que graças a Deus hoje era sexta-feira, que iria sair para comer pizza no seu restaurante favorito e, se tudo desse certo, conhecer a grande Diana e ter uma noite agradável.

Relógio bate 18h, a hora mais feliz da semana: Paulo pega a sua pasta, se despede de seus colegas e vai rumo as escadas que dão para a rua. Ao pisar o pé na rua, seu telefone toca, ele vê o nome "Espiga" na tela e atende:

— Opa, fala comigo!

— E ai, Paulão, beleza? Aqui, ainda tá de pé hoje, né? A Alícia tá levando aquela amiga dela, a Diana

— Tá sim, pô! Ainda mais que tô morrendo de fome.

— Porra, gordo é foda viu. Nem percebeu que eu falei que eu ia levar uma mina pra tu — Diz Espiga rindo

— É né? Eu percebi sim, ô seu vara pau. É que eu tô na correria, porque vou ainda passar em casa e tomar um banho, pois eu tô ensopado de suor. A porra do ar condicionado queimou ontem e nesse calor infernal, não tem como eu descer para lá agora.

— Beleza, pança de nós todos! 19:30 então?

— Fechado!  

Ele desliga o telefone e vai em direção ao seu carro pensando "putz, ainda bem que eu moro aqui perto. ". Chegando em casa, ele toma um banho beeemmm demorado, com bastante calma, dá uma ajeitada na barba e veste sua roupa com uma ligeira dificuldade, pensando que precisa de comprar camisas novas se continuar nessa "dieta". Passa um perfume que usa desde que se entende por gente. Olha as horas em seu relógio, que marcavam 19:10, coloca-o no seu pulso e parte para sextar.

Chegando na pizzaria, ele começa a olhar para as mesas e já identifica seu amigo sentado sozinho, acenando. Ele vai em direção a Espiga, que levanta e dá um abraço nele e ambos sentam.

— O bom é que da pra te identificar facilmente quando você chega. — diz Rodolfo entre risos.

— ATA! E você que parece que de frente tá de lado e de lado some? —  e ambos caem na gargalhada. — Uai, mas cadê sua consagrada?