Vá, mas volte

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Sn

Os olhos de Jake voltam ao normal quando ele percebe o que acabou de falar, o que acabou de declarar. Ele se afasta e desvia o olhar, enquanto os meus permanecem fixos nele sendo tomado por lágrimas.

— Por um tempo eu... Comecei a achar que você não gostava mais de mim.

— O que?

— Você grita comigo, me ignora, me rebate, é grosso e ignorante. E as vezes parece que não se importa comigo. Eu achei... Eu realmente achei...

— Você é louca, Sn. Isso eu não posso negar, da mesma forma que não posso negar meus sentimentos por você. Por mais que eu tente.

Jake suspira longamente e fecha os olhos fechando também seus punhos.

— Eu tentei me afastar, tentei apagar esse sentimento, é perigoso, você sabe disso. Mas quando percebi eu só estava te tratando mal e magoando você. Na verdade, eu não percebi até você falar agora.

— Sua falha?

— Mais do que isso. Eu não sou gentil, não sei ser. Não gosto de toques, não gosto que cheguem perto. Eu não sou o tipo de pessoa que você pode se relacionar, Sn. Nenhum pouco.

— Mas é de você que eu gosto.

— E é você quem eu amo.

Ele abre os olhos olhando diretamente para mim, mas pareciam tão cansados, pedindo piedade.

— Você se machucou de novo. — Seus olhos me examinam sem pressa. — Você está toda machucada. E isso porque eu tento te manter o mais longe possível e ainda assim... Você se fere.

— Isso não é culpa sua.

— Como não? Você se fere até quando se envolve minimamente. Sabe que isso não é certo, nada disso. Essa vida, esses problemas, nossos sentimentos.

— Eu te amo.

— É perigoso, Sn. De infinitas formas. Eu... Nunca me senti assim, não sei como lidar com isso, isso... Me deixa louco, confuso, ansioso, eu não gosto desses sentimentos, não conheço eles.

— O desconhecido é ruim para você?

— O desconhecido é fatal para mim. Você é desconhecida...

— Como assim?

— Você... é diferente.

— Isso é ruim?

— Eu não sei. Quando nos falamos pela primeira vez, você não sentiu medo de mim. Muito pelo contrário, você me ajudou.

— Por que eu sentiria medo de você?

— A maioria sente. E a minoria nem chega perto por eu ser "estranho". As pessoas temem os que agem diferente.

— Eu não acho você estranho... e nem assustador.

— Por isso eu te acho fascinante. Você tem uma percepção diferente da maioria. Só não entendo por quê eu, por que de todas as pessoas que são mais corretas, você escolheu eu para se aproximar?

— Porque... — sou interrompida pelo notebook do Jake que bipa dentro da mochila, então ele pega o seu celular.

— Merda, eles estão aqui! — Ele tira sua mochila das costas e tira algumas peças de roupa.

— O quê? Aqui? Como não vimos isso?

— Às vezes acontece. Não importa, preciso ir embora agora. — ele veste uma camisa branca por cima da preta que ele vestia.

A Garota & O ProcuradoOnde histórias criam vida. Descubra agora