Surpresas

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Jake

Acordo com um som incessante e agudo, parecido com uma campainha. Ao forçar meus olhos, vejo, por debaixo da mesa, a porta da cozinha sendo aberta. Só posso ver da cintura da pessoa para baixo, mas pelo uniforme e a voz, não restava dúvidas.

Alan.

Tento me levantar, e só então percebo que minhas mãos estão amarradas.

Que merda.

— Está tudo bem? — ouço Alan perguntar. — Tem alguns suspeitos a solta, e eu vi sua janela quebrada. Gostaria de entrar para verificar. — então ele não foi chamado aqui?

— Não é necessário, Alan. — Emily responde. — Está tudo bem por aqui, e a janela foi um descuido meu.

— Ainda assim, acho que devo...

— Não, Alan. Não deve nada. Se quiser conversar com Lilly, sugiro que espere até de manhã.

Por que Alan iria querer conversar com Lilly?

— Bom... Tudo bem. Tenha uma boa noite, senhora Donfort.

— Igualmente.

Quando a porta se fechou, tentei mais uma vez me levantar, mesmo com as mãos presas. Não sei quais são as intenções dela, mas preciso ir antes de descobrir. Coloquei meu cotovelo na bancada para me ajudar a levantar, mas esqueci do meu ferimento e fui ao chão novamente.

— Shhh. — Emily aparece na minha frente, fazendo sinal para que eu ficasse quieto, e minutos depois ouvimos um carro ligando e partindo, provavelmente Alan. — Melhor não se mexer muito, não fiz um bom curativo na sua cabeça e você vai acabar desmaiando de novo.

— Quer que eu esteja acordado quando o FBI chegar? Que generoso da sua parte.

— Não chamei ninguém, Harper.

— E essas pulseiras são de presente? — perguntei sarcasticamente exibindo minhas mãos presas.

— Apenas me garantindo.

Ela deu de ombros, mas estava visivelmente com medo. Embora eu não conseguisse decifrar exatamente suas intenções, não vejo razão para me prender se fossem boas. Por outro lado, ela também não parece saber muito o que fazer, me encarava com seus olhos negros e singelos, mesmo com medo, sua sutileza era perceptível, me lembrando vagamente da minha mãe.

— Era você, não era? Você era aquele Jake que conversava com a Hannah na época. Ela falava muito bem de você. De uma forma que eu ficava ansiosa para conhecer aquele homem inteligente e generoso que minha filha tanto dizia, mas nunca pensei que fosse você.

— Onde está Natan?

— Lá em cima, dormindo. Mais uma razão para você não fazer barulho. Diferente de mim, Natan não ia gostar de te ver.

— Gostou de me ver?

— Se tivesse você não estaria amarrado agora.

Emily se agacha, ficando mais próxima de mim e sustentando meu olhar.

— Eu nunca odiei você, Harper. Detesto lembrar que tudo o que passamos foi por sua culpa, mas... Descontar tudo em cima de uma criança nunca foi justo. Você devia ter uns 15 anos quando descobrimos que estava vivo. E... Eu não sabia que sua mãe morreu. Sinto muito.

— Duvido que sinta...

Emily sorri brevemente desviando o olhar, me deixando confuso.

— Você é igualzinho a ela. Mas se parece muito com seu pai, por isso te reconheci tão rápido.

A Garota & O ProcuradoOnde histórias criam vida. Descubra agora