Memory Lane- ELLIOT SMITH

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"Where you can make a place to stay

But everybody's scared of this place

They're staying away

You'r little house on memory"




Era a primeira recaída que eu estava tendo na vida.

Era um grande saco.

Abri outra lata de cerveja e respirei fundo tomando um grande gole.

Aquela semana estava sendo difícil. Eu não estava me mantendo longe de Emily por causa daquele loiro azedo, não tinha nada a ver com isso, até por que, eu já havia notado o quão violento eu poderia ser, acabar com ele não seria um problema.

Mas ele sabia sobre minha vida em Londres, sabia que eu era um inútil e fracassado que tinha problemas com álcool e com isso ficava totalmente fora de mim e era capaz de fazer besteiras absurdas.

E eu odiava admitir, mas Dylan tinha razão, ela era boa demais pra mim, e sem dúvida não merecia alguém que poderia beber e ficar fora de controle.

Eu via o rosto dela em todo lugar, via algo que era sua cara e imediatamente lembrava dela, a voz dela ecoava em minha cabeça em todos os momentos de silêncio e eu tenho vontade de perguntar qual perfume ela usa só para poder ficar sentindo seu cheiro o tempo todo.

Estava doente por ela, sonhava quase sempre com seu sorriso ou sua risada, que eu tanto pensava por ser algo que me hipnotizava completamente de uma forma que ficava surpreso por ser possível acontecer.

Ninguém que eu pudesse achar seria ruim o bastante para merecer ter alguém como eu na sua vida. Me condenei por não ser simpático, sorridente, amigável, feliz, ou pelo menos não tão ranzinza daquela forma, queria ser carinhoso, ser adepto a contato físico, não reclamar de tudo e parar de achar defeito nas coisas ao invés de notar as qualidades.

Mas infelizmente eu era assim, e não sabia se era capaz de mudar isso.

E a cerveja pareceu a melhor alternativa para minha mente parar de trabalhar com tanta complexidade daquele jeito.

Infelizmente aquilo só estava me deixando mais emotivo. Me olhei no reflexo da televisão desligada, estava péssimo.

Olheiras fundas se formavam em baixo de meus olhos, meu cabelo estava mais bagunçado que o normal e minha boca inchada por conta do pequeno corte no lábio inferior.

O pior de tudo aquilo é que ela continuava a mesma, evidentemente as vezes eu percebia sua confusão quando não respondia a suas perguntas direito, e por eu não sorrir nenhuma vez pra ela. Me sentia destruído por dentro, eu a queria tanto pra mim, mas acima disso a queria bem, e comigo ela jamais ficaria bem.

* * *

Acordei no sofá rodeado de latas vazias, apertei os olhos procurando meu celular que tocava enlouquecido.

Me troquei rapidamente e quando entrei no banheiro desejei ser uma mulher para passar maquiagem e disfarçar essa cara de ressaca, ao invés disso joguei uma água gelada, mesmo tendo acabado de sair do banho, peguei a bolsa e sai de casa sem cumprimentar Napo, apenas coloquei comida e água e fui embora.

O caminho inteiro foi chato, o dia como sempre estava ensolarado e eu não gostava disso.

De repente tudo naquele lugar começou a me estressar. O cheiro dos bancos do meu carro, o sol atravessando a janela e tocando os meus antebraços descobertos, o barulho da seta do carro, as pessoas felizes e sorridentes andando na rua...

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