Capítulo 4

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A manhã de sábado iniciou-se - tranquilamente - agitada, alunos e alunas conversavam animados nos dormitórios, comunais e corredores do castelo, discutindo onde iriam e o que comprariam em suas visitas a Hogsmeade
Para a alegria de Harry, seus primeiros dias em Hogwarts foram estranhamente calmos - se desconsiderasse as visitas noturnas a cozinha e os enjoos matinais - não haviam estudantes sendo transformados em estátuas, professores loucos, ataques, ou qualquer coisa do tipo. Simplesmente nada - e ele agradecia por isso.
Seus amigos - Ron e Hermione - embora não dissessem, compartilhavam de seu pensamento. Principalmente Hermione, que pôde focar tranquilamente em seus estudos .

Harry - que se permitiu acordar tarde - sentou-se a mesa de sua casa, aliviado por não ter muitas pessoas presentes, e avaliou os alimentos sobre a mesma. Incerto sobre o que comeria.
Quando finalmente decidiu-se, optando por um pouco de tudo - torradas, suco, chá e salada de frutas - pôs-se a comer. Sentindo-se observado.
Conformado - após anos de prática - com a situação, terminou sua refeição e levantou-se. Tendo como destino a biblioteca.
"Não se preocupe, os enjoos logo passarão." Segredou Luna - que adentrava o Salão Principal - ao passar por si. Deixando-o confuso.
"Como?" Questionou-a Harry, mantendo-a onde estava. Atraindo a atenção de alunos curiosos.
"Você logo entenderá." Respondeu-lhe Luna - enigmática - como sempre, divertida com a curiosidade que refletia nos olhos de seu amigo. Desvencilhando-se das perguntas do mesmo ao seguir para a mesa de sua casa.
E Harry - acostumado com o jeitinho de sua amiga - viu-se forçado a conformidade, ciente de que não obteria resposta da mesma. Com um suspiro saiu do Salão Principal, retomando seu caminho para a biblioteca.

Palavra após palavra, página após página, livro após livro - foi assim que Harry passou seu dia - "Mione sentiria orgulho" pensara ele em certo momento, divertindo-se com seu próprio pensamento.
Debulhou-se em livros com temas diversos, desde os abordados nas aulas, até conteúdos mais complexos, sentindo-se desgostoso ao descobrir que a biblioteca não possuía livros de certos temas que despertavam sua curiosidade - como Arte das Trevas.
Lembrava-se de ler sobre uma extensa variedade de criaturas mágicas, algumas já conhecidas por si - lista que por si só já era grande.
Sobre a forma como o Ministério catalogava as criaturas mágicas - dividindo-as em 3 estatutos - desde 1811 em:
Ser: Qualquer criatura mágica que tem inteligência suficiente para compreender as leis da comunidade mágica e suportar parte da responsabilidade na formação dessas leis - seres humanos (bruxos e trouxas), duendes, vampiros, megeras, gigantes, elfos domésticos, veelas e lobisomens em sua forma humana.
Fera: Criaturas mágicas que ou recusaram-se a serem classificadas como seres - sereianos e centauros - ou que possuem tendências extremamente violentas e até mesmo letais - como acromântulas, esfinges, manticoras e lobisomens quando transformados durante a lua cheia.
Espírito: Não-viventes que temiam serem classificados junto a seres ainda vivos - fantasmas.
E dementadores, que - curiosamente - não são nem Ser e nem Fera, mas sim Não-Seres.
Sobre celebrações bruxas, a história de Hogwarts e também sobre rituais - sendo este último o atual alvo de sua curiosidade.
Exemplificando, rituais - da luz, cinza ou das trevas - não se limitavam a apenas uma área, muito pelo contrário, eles tinham a capacidade de abrange-las. Moldando-se a elas.
Haviam tantas finalidades, e formas, de se fazer um ritual que Harry facilmente viu-se perdido - certamente fascinado, mas perdido - incerto de por onde começaria.
Ainda em dúvida o menino passou seus lindos olhos Avada pelas páginas do livro, até que seus olhos fixaram-se em uma das palavras do mesmo.
"Transferentia." Murmurou baixinho e pôs-se a ler os detalhes do ritual. Achando-o - estranhamente - familiar.

"Sr. Potter?" Chamou-o Madame Pince, despertando-o de sua recém retomada leitura.
"Sim, Madame Pince?" Respondeu educadamente o jovem, levantando seus olhos do livro em respeito à bibliotecária.
"O Sr. tem ideia de que horas são, Sr. Potter?" Questionou-lhe a mulher uma vez que notou que o menino não parecia ter jantado. Alheio as horas que se passavam.
"Não senhora." Respondeu Harry, sem querer confirmando os questionamentos de Madame Pince.
"Oh, criança!" Gracejou a mulher com um sorriso divertido nos lábios, certamente feliz com a conduta do jovem a sua frente - lembrava-lhe a ela própria em seu tempo como aluna.
"Me alegra ver seu apreço pela leitura Sr. Potter, mas devo pedir-lhe para que respeite o toque de recolher." Continuou ela em um tom leve, observando com curiosidade os livros que Potter havia selecionado.
"Oh! Sinto por isso Madame Pince." Desculpou-se o jovem ao se levantar para guardar os livros, recebendo auxílio da bibliotecária, e da magia.
"Sem problemas Sr. Potter, apenas vá descansar." Pediu Madame Pince ao guardar o último livro que restara na mesa, voltando seus olhos para o menino que terminava de organizar um outro na estante ao lado.
"Boa noite Madame Pince." Desejou Harry para si, curvando-se levemente em respeito, antes de dirigir-se as portas da biblioteca.
"Boa noite para você também criança." Desejou-o em retorno Madame Pince, inclinando a cabeça. Não vendo mais o menino quando as portas se fecharam.

Ao sair da biblioteca, Harry encaminhou-se para o caminho que levava as torres, verdadeiramente considerando apenas deitar-se e dormir, contudo, seu estômago - que não via nada desde o café da manhã - parecia ter outros planos para si. E ele soava convincente - literalmente.
Desistindo de impedir-se, o herdeiro Potter apenas confirmou que sua capa e o mapa estavam consigo, confiando que esses dois objetos seriam o suficiente.
Em apenas alguns minutos ele estava na cozinha, sendo mimado por Dobby e deleitando-se com os pratos que o mesmo o trazia. Seria difícil afirmar com exatidão qual era o mais feliz na situação.
Quando Harry deu-se por satisfeito, e Dobby deu uma pausa nos mimos, bons minutos haviam se passado - talvez até algumas horas - mas nenhum dos dois se importava com isso. Gostavam da companhia um do outro.

Ao que Harry adentrou seu dormitório, com os olhos vermelhos por causa da despedida de Dobby - sim, ele havia chorado - encontrou - para sua alegria - todos os seus colegas de quarto dormindo. Aliviado deitou-se também.
Girou para um lado, depois para o outro, e depois girou outra vez para a posição anterior novamente - talvez pela milésima vez, não sabia ao certo - embolando suas cobertas e despenteando seus indomáveis cabelos. Farto de não conseguir dormir.
Agarrou-se por fim a seu próprio corpo, murmurando xingamentos, claramente descontente. Uma coisa eram suas manhã serem acompanhadas por enjoos - ele já havia se conformado com isso - mas agora suas noites também seriam? Não, não mesmo. Ele não permitiria isso.
E visando esse pensamento o menino retirou seus cobertores, colocando seus óculos, e saltou para o chão frio. Decidido a descer até a enfermaria.
"Espera." Murmurou para si mesmo em dado momento do caminho, reconhecendo que uma vez na enfermaria, Madame Pomfrey não só lhe daria a poção, como também o obrigaria a fazer exames. E ele não queria exames. Por Merlin, tudo que ele queria era dormir!
Com isso em mente ele mudou seu caminho, seguindo agora para as masmorras, em busca da ajuda do melhor pocionista que ele conhecia - e muito provavelmente o único - e que inclusive também era seu padrinho - não que ele soubesse.

"Sr. Potter?" Questionou o pocionista assim que abriu a porta, que até poucos segundos Harry esmurrava, parecendo cansado.
"Boa noite, Professor Snape." Cumprimentou cordialmente Harry, estava passando mal e quase dormindo em pé, mas isso nunca seria motivo para desrespeito.
"O Sr. se importaria de me dar alguma poção para enjoo, não me sinto bem." Pediu em um tom calmo, não tentando esconder o que se passava consigo.
"Isso é meio óbvio Potter." Comentou cinicamente Snape em um revirar de olhos, inconformado com a capacidade do menino em dizer o óbvio.
"Mas por quê vir aqui? Não seria mais fácil pedir a Madame Pomfrey por uma?" Perguntou antes de qualquer coisa, ciente de que Poppy possuía um vasto estoque de poções - feitas por ele mesmo.
"Sim, mas veja bem, Madame Pomfrey muito provavelmente faria inúmeros exames, assim como perguntas. Diferente do Sr. que o faria apenas para não precisar continuar olhando para minha face. Estou errado?" Pontuou Harry de modo certeiro, atingindo em cheio o pocionista que por pouco não ficou atônito - créditos a seus anos como espião.
"Não Sr. Potter, você não está. Espere aqui." Pediu por fim, sentindo-se amargo por ser retratado assim por Harry.
"Aqui está." Anunciou quando retornou com o pequeno frasco, tendo escolhido propositalmente um que tinha sabor de morango.
"Obrigado Professor Snape." Agradeceu o menino, verdadeiramente feliz por poder se imaginar finalmente dormindo, mas vomitando no processo.
"Me perdoe Professor." Pediu desesperado ao notar o que havia feito, sentindo-se mal pelo seu professor.
"Calado Potter." Pediu Severus em um tom controlado, sua raiva era evidente. Assim como o vômito em si e em seu chão.
"Eu juro que foi sem quer." Tentou se explicar Harry, mas foi calado no meio do processo.
"Eu já disse, calado Potter." Repetiu uma segunda vez o herdeiro Prince, sua raiva transparecendo momentaneamente.
"Pelo amor de Merlin, entre e termine isso em um lugar adequado!" Pediu raivoso ao ver que tudo se repetiria, e o simples pensamento o enojava.

"De verdade, eu sinto muitíssimo Professor Snape. Os enjoos não costumam ser tão fortes." Desculpou-se Harry assim que saiu do banheiro, encontrando seu professor com outras roupas e o chão sem os sinais da pequena tragédia.
"Chega Potter, não adianta chorar pelo que já aconteceu." Murmurou Severus em resposta, cansado de mais para repreender o Potter.
"Espera, você disse costumam? Com que frequência você os têm?" Questionou ao entender as palavras do jovem, repentinamente assumindo uma postura mais compreensiva - nitidamente tensa.
"Sim, venho tendo enjoos a um tempo. Eles vêm todo dia pela manhã." Respondeu Harry calmamente, sua culpa compelindo-o a responder tudo sem questionar a repentina tensão de seu professor.
"Desde quando você os têm?" Perguntou Snape com calma, temia a resposta, mas precisava ouvi-la.
"A pouco mais de um mês, cerca de um mês e meio." Respondeu-o sem pressa o menino a sua frente -conformado com os enjoos matinais.
"Santo Merlin." Balbuciou o Prince antes que pudesse se conter, as emoções em seus olhos - choque e compreensão - sendo o único indício da existência delas.
"Professor, o Sr. está bem?" Perguntou-o seu aluno após alguns segundos, aparentemente preocupado consigo - fato que agradou Severus.
"Sim Potter eu estou bem, e acredito ser aconselhável você ir descansar se os enjoos já passaram." Respondeu após se recompor, aconselhando o ideal para o jovem a sua frente.
"Sim, claro. Boa noite Professor." Desejou-o o menino enquanto se inclinava, de modo polido.
"Boa noite Potter." Desejou-o em retorno com um leve inclinar de sua cabeça. Sua mente girando - perguntando-o como ele explicaria isso ao Lord.

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