Capítulo 6

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Harry sentia-se feliz – nas nuvens como diriam os trouxas – seus amigos haviam o apoiado, os resultados de seus exames eram ótimos, havia descoberto que estava no início da décima primeira semana, que gestantes gostavam de dificultar a contagem – algo que divertia-o – e o principal, que seus enjoos logo acabariam. E no momento, o jovem encaminhava-se para outra consulta com Severus.
 
“Padrinho, o Sr. está ocupado?” Perguntou um jovem ao adentrar o escritório do pocionista, alheio ao que ocorria lá dentro, chocando a Harry e Severus – que reconheceram a voz do indivíduo.
“Pottah, o que faz aqui?” Perguntou-o o jovem ao nota-lo, encarando-o inquisitivamente.
“Não acho que isso lhe diga respeito, Malfoy.” Respondeu-o Harry pacificamente, seus belos olhos brilhando em escárnio – desafiando-o a discordar.
“Parem, os dois. Draco, o que o traz aqui?” Perguntou Severus, interrompendo a discussão que certamente se iniciaria – créditos a infantilidade dos dois mais jovens.
“Mamãe me pediu para vir persuadi-lo, então aqui estou.” Revelou-o o Malfoy, sentando-se na poltrona ao lado de Harry – ignorando sua existência.
“Sua mãe certamente o faria.” Concordou Severus, um sorriso – contido  – beirando-lhe os lábios.
“Conte-me, sobre o que você deve me persuadir criança?” Questionou-o seu Padrinho, curioso sobre os motivos de Narcisa – sua amiga de anos e mãe de Draco.
“Não acho que esse seja um assunto que possa ser facilmente discutindo com um estranho presente, Padrinho. Seria impróprio.” Respondeu-o o Malfoy, cinicamente – ainda ignorando o outro indivíduo presente.
“Escute bem Malfoy, pouco me importa os assuntos que você tem para tratar com seu Padrinho, eu cheguei aqui primeiro. E a menos que você queira que eu o jogue no Lago Negro, sugiro que você cale a sua maldita boca e espere pacientemente.” Decretou o jovem, sua voz oscilando junto a sua magia, chocando o loiro – créditos a seus hormônios.
“Grifinórios.” Lamuriou-se Severus, dramatizando sua situação – acostumado com as mudanças de humor do pequeno gestante.
“Agora, se estiver tudo bem, podemos proceder com a minha consulta ou mais alguém pretende interromper?” Finalizou Harry, recompondo-se – ciente de que havia exagerado.
“Sente-se melhor pirralho?” Questionou-o Severus quando o humor de seu aluno foi devidamente contido, divertindo-se com sua rotineira explosão – já acostumado com as mesmas.
“Muito, perdoe-me pelo descontrole Sev.” Desculpou-se o menino de olhos Avada, sorrindo timidamente para o pocionista – chocando o menino de fios platinados que observava-os.
“Alguém pode, pelo amor de Morgana, me explicar o que está acontecendo aqui?” Pediu-os por fim o herdeiro Malfoy, levantando-se desgostoso por ser deixado de fora – ciente que era o único ignorante do recinto.
“A decisão novamente é sua pirralho.” Declarou-lhe Severus, abstendo-se da decisão por consideração a Harry – ou seria por diversão própria?
“Brilhante! Sente-se Draquinho, a história é estupidamente longa.” Decidiu-se o jovem, seus olhos esmeralda refletindo a seriedade de sua voz.
“Eu me recuso!” Negou-se o loiro, afastando-se da poltrona que outrora sentara.
“Ótimo, então ouça-a de pé.” Gracejou-lhe o Potter, indiferente a seu infantil ato de rebeldia.
“Sente-se logo criança.” Pediu-o por fim seu Padrinho, desarmando-o de sua resposta pré-fabricada –  facilmente convencendo-o a sentar-se.
 
“Resumindo, estou grávido.” Concluiu Harry ao final, ressaltando o fato de que gerava uma vida em si – acariciando sua barriga ainda lisa sob o olhar de Draco.
“Impressionante, você provou o quão assertivo seu apelido é Pottah.” Brincou consigo o Malfoy, escondendo sua perplexidade sob sua máscara aristocrática.
“Qual deles?” Questionou-o Harry, incerto sobre qual era o apelido – ciente da extensa lista.
“Santo Pottah.” Respondeu-o Draco, sua voz soando divertida.
“Devo concordar.” Anuiu Severus maneando a própria cabeça – em concordância.
“Sonserinos.” Lamuriou-se o Peverell, dramatizando sua situação – divertindo-os ao copiar o lamurio do Prince.
“Agora, diga-me, por que você não surtou igual aos outros?” Questionou-o o Potter quando as risadas cessaram, nitidamente curioso.
“Está aqui a tanto tempo, e ainda sim desconhece tanto Pottah. Exemplificando, crianças bruxas são presentes de Lady Magic, assim como o dom de gerar e a própria magia. Eles facilmente se igualariam em valor.” Iniciou o herdeiro Malfoy, relembrando-se dos ensinamentos de seus pais – grato por eles o terem instruído.
“Nós, puros-sangues, crescemos sendo ensinado sobre o valor com que devemos tratar recém-nascidos bruxos, sobre o que eles significam para nosso mundo, sobre a importância que eles carregam. Por que você acha que as famílias aristocráticas se empenham tanto nos anúncios de gravidez e aniversário de seus filhos?” Questionou-o Draco ao continuar sua fala, não contendo-se ao compartilhar seu conhecimento com o outro jovem – sentindo-se mal por sua carência do mesmo, mas gostando de ter a chance de ensina-lo.
“Exibicionismo, talvez?” Respondeu-o Harry, cinicamente – o oposto de sua face inocente.
“Por Merlin, Pottah. Você nem ao menos compreende que àqueles que possuem o dom de gerar são venerados no nosso mundo, não entende o quão preciosos eles são, o quão importantes seus descendentes são. O sangue está fraco Harry, e a magia não fica muito atrás, por isso bebês nascidos bruxos são tão valorizados. Por isso os puros-sangues favorecem tanto seus filhos.” Respondeu-o Draco, esclarecendo-o ao mergulhar nos fatos de forma precisa – quase cirúrgica.
“Isso certamente é esclarecedor.” Admitiu Harry em alta voz, conformando-se com a veracidade do que o Malfoy dizia – dando-o esse voto de confiança.
“Você tem sorte Pottah, aprecie-a. Muitos o invejariam por tê-la.” Comentou o herdeiro Malfoy, nitidamente feliz pelo moreno – surpreendendo-o.
“Isso me surpreendeu, não esperava que você pudesse ser sensível Malfoy.” Gracejou Harry em divertimento, sua risada mal contida – assim como a de Severus.
“Cale-se Pottah.” Respondeu-o Draco, sorrindo também – sua máscara a muito perdida.
“Agora que esclarecemos algumas coisas, conta-me, quem é o pai do bebê Pottah?” Questionou-o o Malfoy ao que as risadas cessaram, olhando para o Potter – curiosidade refletida em seus belos olhos.
“Sobre isso, Sev?” Perguntou-lhe o Potter, buscando um conselho – confiaria ao pocionista parte da decisão.
“Confie nele Harry, não irá se arrepender. Dou-lhe minha palavra.” Assegurou-o o Prince, sorrindo para si e para seu afilhado.
“Certo. O pai do bebê, é o Lord Voldemort.” Revelou-o Harry após ponderar por alguns segundos, confiando-o seu pequeno segredo.
“Acho que eu o ouvi errado Pottah, por um momento pensei ter ouvido que o bebê pertencia ao Lord das Trevas.” Balbuciou o Malfoy, incerto sobre o que ouvira – seu sorriso nervoso denunciava-o.
“Não, você não ouviu errado. O bebê é filho de Voldemort.” Assegurou-o o Peverell uma segunda vez, divertindo-se com a nítida confusão do outro jovem.
“Santo Merlin! A sorte Pottah ataca novamente.” Verbalizou o herdeiro Malfoy, divertido com a óbvia falta de sorte do Potter.
“Cale-se Malfoy.” Ralhou Harry em falso tom de repreensão, juntando-se ao loiro que ria horrores de sua situação – recordando-o certos ruivos.
“Perfeito, agora que tudo foi resolvido, prosseguirei com os exames.” Anunciou Snape quando os dois mais jovens cessaram suas risadas, levantando-se para poder organizar o necessário.
“Sendo assim, irei retirar-me primeiro. Voltarei mais tarde padrinho.” Disse-lhe Draco ao levantar-se, sendo impedido apenas pela voz do gestante.
“Pode ficar se assim preferir, Draco.” Ofereceu-o Harry em tom manso, verdadeiramente confortável com a presença do Malfoy – este, que não tardou em sentar-se novamente.
 
“Pensava que você me odiava, Pottah. Por que me permitiu ficar?” Questionou-o a Doninha em certo momento, quebrando o silêncio que se instalara no recinto.
“Eu nunca o odiei, Malfoy. Você que se convenceu disso.” Respondeu-o o Peverell, divertido por constatar o óbvio.
“Se você não o fazia, o que foram todos aqueles anos?” Questionou-o novamente o loiro, confusão refletida em seus olhos.
“Eu gostaria de perguntar-lhe a mesma coisa. Eu apenas defendia-me, e talvez te provocava para te irritar. Mas eu nunca o ataquei primeiro.” Constatou uma segunda vez o Potter, não contendo o sorriso que apossava-se de seus lábios.
“Verídico.” Anuiu Draco em derrota, concordando com o moreno.
“Crianças.” Lamuriou-se Severus uma vez mais, dramatizando o diálogo dos mais jovens – satisfeito por ver o início de uma possível amizade.
 
“Ele sabe Pottah? Digo, o Lord sabe sobre ser você a pessoa que carrega o filho dele?” Perguntou-o o Malfoy, novamente atravessando o silêncio que outrora prevalecia.
“Não, Voldi está alheio a isso.” Respondeu-o o Peverell simplista, alheio ao olhar de compreensão do loiro.
“Como eu imaginei. Você sabe o quão perigoso isso é, certo?” Questionou-o novamente sem delongas, temeroso com a possível resposta.
“Sei, Sev não me permite esquecer isso.” Revelou-o Harry em baixa voz, confirmando as suspeitas do Malfoy.
“E mesmo assim você se faz de ignorante.” Decretou o pocionista, repreendendo Harry com o olhar – um dos muitos sinais de sua preocupação com o jovem.
“Eu continuo bem, não continuo? Meus núcleos dão conta.” Assegurou-os Harry, tentando convencê-los – inutilmente, obviamente.
“Harry, o bebê necessita de vocês dois por um motivo. Se você não o fizer, ele irá drena-lo até a morte.” Respondeu-o o Malfoy em contrapartida, verbalizando um de seus – muitos – pensamentos.
“Você ao menos compreende a magnitude do problema, criança? Ao escolher isso, você coloca em risco não só a sua vida, mas a do bebê também.” Relembrou-o o pocionista, seus olhos cansados o olhando com preocupação.
“Eu estive bem por 2 meses, eu consigo fazer isso. Confiem em mim.” Pediu-os o jovem de olhos Avada em uma última súplica, esperançoso de que poderia convencê-los.
“Não me peça isso Pottah, você sabe que isso pode mudar a qualquer momento.” Argumentou o loiro em resposta, incapaz de prometer-lhe algo.
“Eu prometi esperar pelo seu tempo Pirralho, e irei. Mas saiba que quando a sua magia der indícios de que está falhando, porque ela irá, eu não me importarei com as suas vontades. Priorizarei a sua vida.” Ditou o Prince por fim, verbalizando seus próprios pensamentos, findando a discussão – indiferente as possíveis contestações do Potter.
 
A semana passara – inegavelmente – tranquila. Não houveram brigas mesquinhas, suas notas estavam estáveis, seu desempenho acadêmico crescera, seu humor estava controlável e o principal, seus desejos deram-lhe um – merecido – descanso.
As palavras de Severus ainda martelavam-lhe a cabeça, pesando sua consciência. Ele sabia que estava errado em postergar o assunto, que estava errado em manter Voldemort afastado de seu filho por medo de perdê-lo, e pior ainda, sabia que estava errado em colocar a vida do próprio filho em risco. O que era irônico, considerando que o símbolo de sua casa era a coragem – e o seu próprio, a impulsividade.
Em contrapartida, as palavras de Draco também rondavam seus pensamentos. Incentivando-o a contar ao Senhor das Trevas, incentivando-o em suas escolhas e ajudando-o a decidir-se. O Malfoy havia tornado-se alguém importante para si – um amigo.
 
“Maldito mentiroso.” Murmurou Harry ao levantar-se, seu estômago agora vazio – créditos a seus enjoos que obviamente não cessaram.
“Xinga-lo não fará os enjoos passarem Hazz.” Cantarolaram os gêmeos em uníssono para si, esperando-o a porta do banheiro anexo ao dormitório. Preocupados consigo.
“Ele disse que poderia ser nesse mês ou no próximo, ele nunca afirmou nada Hazz.” Destacou Draco, relembrando-o dos dizeres de seu padrinho. Consolando seu amigo esverdeado – ou ajudando-o a conformar-se?
“Eu sei, mas xinga-lo me ajuda a desestressar.” Revelou-os o Potter, sorrindo para seus amigos – já de dentes escovados.
“Nós definitivamente o entendemos companheiro.” Cantarolou Rony em concordância, puxando-o para sentar-se a cama. Iniciando outra conversa.
 
“Vocês acham que será menino ou menina?” Perguntou-os Hermione repentinamente, atraindo a atenção de todos ao mudar o rumo da conversa – não que algum deles se incomodasse com a mudança de tópico.
“Eu acho que será uma menina.” Hermione iniciou, acariciando a barriga ainda lisa de Harry – sorrindo ao sentir o pequeno fluxo de magia.
“Eu concordo com Mione.” Ronald continuou, concordando com sua namorada – chocando o total de 0 pessoas.
“Nós achamos que será um menino.” Fred e George declararam juntos, confiantes – divertindo-se ao contrariar o casal.
“Eu concordo com os gêmeos.” Draco revelou por último, sua mão sempre sob sua barriga – acalmando a ambos, Harry que se sentia confortável com o toque, e Draco que gostava de sentir o fluxo mágico do Bebê Pottah.
“Mas e você Hazz, o que acha?” Draco questionou-o em seguida, transparecendo sua sede por conhecimento – apenas outro nome para sua curiosidade.
“Eu sinceramente não sei, fico feliz só de saber que ele ou ela está saudável.” Respondeu-os Harry sorrindo docemente, suas mãos juntando-se a de Draco – assumindo o lugar das de Mione.
“Sobre isso, quando você vai contata-lo? Você sabe que precisa dele Harry, vocês dois precisam.” Questionou-o a Granger subitamente, arrancando-o de seus pensamentos, deixando-o tenso – o que não passou despercebido por ninguém.
“Eu estou bem, nós dois estamos.” Respondeu-a o Potter, sua voz não vacilando ao mentir – não que convencesse a alguém.
“Por favor não tente negar, você pode conseguir de alguma forma enganar aos exames de Severus, mas não a nós Pottah.” Destacou o Malfoy em baixa voz, preocupado consigo.
“Nós estamos preocupados com vocês Hazz, você mal tem energia para manter-se acordado.” Continuou George no mesmo tom, sentindo-se da mesma forma que o loiro.
“Sua magia está falhando, céus Harry, você mal conseguiu se defender daquele feitiço!” Exasperou Rony alarmado, medo refletido em seus olhos.
“Nós temos medo que você se vá Hazz, porque eu sei, por Merlin, todos nós sabemos, que se chegar no pior cenário, você vai escolher ele ao invés de si mesmo.” Concluiu Fred por último, forçando-se a verbalizar seus medos.
“Vocês são horríveis, os piores amigos que eu poderia ter, e eu os amo por isso.” Confidenciou-os o Peverell, sorrindo em meio as lágrimas – grato por tê-los em sua vida.
“Eu o farei, falarei com Sev.” Prometeu-os o pequeno gestante por fim, abraçando-os, dando um ponto final ao assunto – se não por si, por seu filho.

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⏰ Última atualização: Sep 24, 2022 ⏰

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