Ardente Lírio que desponta em ti - Versão livro vol. 1

Cap 8: Retravo

Fay se sente exausta, algo que não é muito comum, mas que não chega a espantar devido às situações recentes.

Desde que sua mãe adotou Alisson, ela sabia que teria a função de ser a melhor irmã possível para ele, e exerceu bem esse papel, todavia, ela se dedicou tanto a ele e seu irmão que acabou se esquecendo de si mesma, esquecendo que, como ser humano, ela também tem sentimentos. Porém, em todos seus 23 anos de vida, nunca pensou em namoros ou coisas parecidas, sempre esteve tão ocupada que nunca parou para pensar nisso. Não que ela fosse casta ou algo assim, já teve seus casos, mas nunca profundos demais por sua falta de tempo.

É por isso que, quando ela sai do quarto, só consegue lembrar que está com muita fome quando seu estômago ronca. Foram dias e semanas intensas tentando ajudar seu irmão e tentando entender o porquê de Alani sempre parecer evitar seu olhar. Talvez a ruiva alta não goste de si.

Mas a morena não foca sua atenção muito nisso quando se dirige ao corredor um pouco mais afastado onde tem 3 máquinas: uma de chocolates, uma de salgadinhos e outra de bebidas. Fay não perde tempo em pegar vários lanchinhos e voltar para a parte de espera a fim de distribuir entre seus amigos, crendo que todos estejam famintos por estarem a um bom tempo ali. Estão todos emparelhados em seus braços e ela tenta equilibrar tudo, focando tanto a atenção sobre eles que não percebe quando tomba com outra pessoa e vai ao chão, não levando somente os lanches juntos, mas a pessoa que esbarrou em si.

— Me perd... — Fay mal tem tempo de pedir desculpas, quando olha para cima de si e percebe quem está ali, arrancando qualquer raciocínio seu ou dizeres.

Seus olhos rosados se fixam em um par ônix e profundo e então, sua visão é tomada por cores vibrantes, se espalhando e lhe deixando tonta o suficiente para não pensar em mais nada, a não ser que... Alani é sua Chama Gêmea!

— Céus... — Alani diz ofegante, se firmando com as mãos ao lado de seu corpo, antes de tentar se levantar e lhe ajudar, as duas ainda estão sob os efeitos da ligação, mas a ruiva não deixa de se preocupar com a moça a frente. Graças a sorte, nenhum lanche sofreu muitos efeitos e estão até intactos já que grande parte foi amortecida pelo corpo de Fay.

Quando ambas ficam em pé, Alani olha para a Sakura e engole em seco, já Fay lhe oferece um sorriso aberto e contente, ela encontrou sua Chama Gêmea, afinal.

— Você está bem? — Alani pergunta verificando o rosto alheio, suas mãos bonitas e geladas seguram o rosto da menor com cuidado, verificando se há algum machucado ali, mas tudo que ela recebe é um acenar positivo enquanto Fay ainda permanece com o mesmo sorriso bobo no rosto, encantada.

— Você é tão linda! — A Sakura exclama naturalmente, mal se dando conta de suas próprias palavras ou como Alani cora fortemente, as bochechas ficando mais vermelhas do que seus cabelos laranjas. É a primeira vez que ela, uma mulher tão sexy e decidida, se sente vulnerável perto de alguém, talvez seja mesmo esse efeito de Chama Gêmea.

Há muitas coisas que Alani quer dizer nesse momento, quer dizer que já sabia de tudo, quer dizer que teve medo e que isso não poderia ter acontecido porque ambas são muito diferentes, mas tudo o que ela faz é segurar o queixo da Sakura com a mão esquerda e sua cintura com a direita, antes de encostar os lábios.

Ela nunca beijou alguém tão delicadamente quanto nesse momento, seus beijos sempre são quentes e dominantes, mas este não, esse beijo ocorre de uma maneira tão calma e delicada que ela mesma se surpreende e ofega, satisfeita pela ação.

Fay por outro lado, parece derreter, seus olhos se fecham com a sensação da língua quente envolvendo a sua de forma sutil e nada agressiva, seu braço esquerdo se engancha no pescoço da ruiva enquanto sua outra mão se ocupado em acariciar os fios macios, sentindo a textura das ondas em seus dedos pequenos. Fay só consegue ouvir o som de suas respirações e suspiros que ambas soltam quando uma morde de leve o lábio da outra ou quando suas mãos fazem caminhos ainda não explorados, apenas para sentir o calor de seus corpos mais próximos.