Good Friday

Pessoa perigosa

"Por que borboletas são tão coloridas?"

Legoshi lê aquela pergunta pela sexta vez naquele livro com capa verde, estava na biblioteca da universidade e seu objetivo como de qualquer outro estudante era de se preparar para as provas. Todavia, a pergunta mais importante que rondava a cabeça do lobo, não era sobre borboletas, ou de quais seriam as perguntas da avaliação ou se ele realmente passaria naquele semestre.

A questão era: como não pensar mais em Louis?

Atualmente era quarta-feira.

O carnívoro suspira, se remexe na cadeira da biblioteca e coça os olhos com seus dedos angustiados, chamando um pouco da atenção de duas pandas por perto. Sua inquietação era evidente mais do que gostaria.

Quando acordou de manhã naquele domingo caótico, não ficou feliz de não encontrá-lo ao seu lado no leito. Sentiu primeiramente frio e vazio, depois abandono. Legoshi queria ele ali para abraça-lo e cheira-lo, sentir seus pelos roçarem os seus e esquenta-lo, assim como sua presença aquecia seu coração fraco, enfraquecido por ele.

Ao se sentar e analisar o quarto da noite passada, o quarto que quase presenciou uma crueldade tão grave ao ponto de revirar seu estômago carniceiro, o grande lupino percebe que as roupas e o celular de Louis não estavam mais ali, por isso andou apressadamente até seu aparelho e checou se Ele tinha deixado alguma mensagem.

Nada.

Suspira inquieto, massageando o lado direito do trapézio e tremendo a orelha esquerda (tique nervoso), rapidamente resolvendo que deveria colocar uma roupa e descer para voltar ao apartamento, o que logo o faz.

Mandaria mensagem assim que chegasse em casa, mas por enquanto pensaria no que deveria falar, se faria perguntas ou deixaria de lado tal comportamento, afinal, Legoshi não queria parecer controlador e nem carente, estavam no começo de algo e não desejava finda-lo tão rápido.

Estava em total silêncio, indicando que todos estariam dormindo ou sem qualquer energia para emitir qualquer barulho.

Passa pela porta, vestido com suas roupas já secas, e logo encontra os universitários jogados pelos corredores e os quartos com as portas abertas, esboçando que ainda possuia gente nos cômodos daquela mansão.

-Meu Deus...

Ele murmura descendo as escadas sujas de bebidas, copos plásticos, papéis higiênicos, restos de comida e um vômito no fim dela, nem sabia que poderia ter uma coloração tão colorida na dieta de alguém.

Chega no térreo, onde dava acesso tanto a cozinha quanto a sala, e o que primeiro encontra fora Louis analisando a geladeira vazia a sua frente. Como se seus olhos lupinos pudessem caçar apenas uma presa, Legoshi o reencontra com animação contida, queria beija-lo e abraça-lo, dizer a ele que estava feliz por não tê-lo abandonado. Contudo, o lobo preferiu perguntar por que estava ali e tirar uma reação assustada do outro por ter sido surpreendido.

-Eu estava tentando achar alguma coisa para comermos. Mas pelo jeito, teremos que ir numa lanchonete...

O menor fala sem se virar para o amante, na qual se aproxima e começa a contemplar o cervo de pelagem castanha, ele era extremamente lindo. Seus olhos tinham uma coloração ádvena, café com mel poderia ser um gosto contestável mas, nas orbes daquele herbívoro, se tornava até quanto perfeito, não tão perfeito quanto o conjunto de chifres majestosos com o corpo esguio de Louis, como se seus dedos quebrassem com o vento e suas mãos torceriam se as desse para Legoshi segura-las com cuidado.

Moreno.

"Além de serem bonitas, as cores e padrões visuais da natureza ajudam na sobrevivência. As asas coloridas atraem parceiros, permitindo que mais borboletinhas nasçam. E as manchas ajudam o animal a se esconder dos predadores ou assustá-los."

-Você viu????

Jack fala alto ao lado de Legoshi na biblioteca, sendo rapidamente repreendido por duas estudantes em volta.

-O que houve?

O cachorro senta ao seu lado com pressa e posiciona o celular na frente do amigo confuso, aparecendo uma foto de Riz sentado em uma das cadeiras da faculdade. Ele estava muito machucado. Parte de sua orelha estava decepada, roxo em seu olho direito e muito mais hematomas distribuidos pelo corpo.

-Ele apareceu aqui hoje de manhã desse jeito! Você não viu??

Jack questiona levemente eufórico, ainda não tirando nenhuma palavra da boca do carnívoro. O lobo estava espantado, estava tão surpreso que não conseguia processar tal imagem.

-O que aconteceu com ele?

O mais alto questiona aflito. Seja quem for ou o quê for, deveria ter sido um fator perigosamente forte, pra conseguir machucar aquele urso de dois metros de altura só poderia ter sido muitas pessoas robustas, do mesmo potencial atlético que ele.

-Eu não sei! É essa pergunta que está rondando por aqui, ninguém sabe! Ele faltou segunda e terça e agora aparece aqui todo ferrado!! Isso tem muita cara de gangue! De gente perigosa! Mas por que fariam isso com o Riz?! Ele é tão gente boa!! Não faz sentido! Eu acho que-

-Shiiii!!!!!

Uma das pandas chamam sua atenção, sem paciência para os falatórios daqueles dois amigos. Dando tempo para Legoshi refletir. Por que ninguém sabia o que tinha acontecido se ele poderia ter recorrido a polícia? Por que voltar aqui como se nada tivesse acontecido? No que ele tinha se metido? Parecia que não queria contar pra ninguém. Riz não era uma pessoa perigosa.

Louis!

Riz era um predador, queria matar Louis bem na sua frente e ainda convidá-lo a participar de um crime. Seja quem for, Riz também não era inocente.

-Eu acho que na verdade ele arranjou briga depois da festa, bebida mexe com a cabeça neh?

O labrador fala pensativo e o lobo mordisca a unha do próprio polegar, intrigado.

-Ele precisa de muito álcool pra ficar fora de si.

O cachorro pende a cabeça para o lado.

-Não é possível, ele é tão legal, impossível ele arranjar briga só porque quer.

Verdade. Riz não arranjava briga de graça. Tinham ido até ele.

-Eu preciso ir.

Recolhe os materiais e se levanta agitado da mesa. Teria que falar com Louis sobre aquilo.

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