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Lauren's POV

A primeira vez que nos beijamos não deveria ter acontecido. Ela não deveria ter ido àquela festa. Ela não deveria ter usado aquele vestido que abraçava seus quadris como uma criança ansiosa abraça sua mãe. Ela não deveria ter sorrido para mim com aqueles lábios com a quantidade perfeita de gloss e umedecido com um pouco de saliva. Ela não deveria ter me olhado daquele jeito, com seus olhos cheios de encantamento observando tudo em, provavelmente, sua primeira festa da escola. Eu não deveria ter me intoxicado, e meus hormônios não deveriam ter reagido tanto ao álcool que eu já tinha ingerido quanto a falta de contato que meus lábios estavam esperimentando nas últimas semanas. Todas essas coisas não deveriam ter acontecido. Sozinhos, estes eventos teriam sido pequenos. Mas juntos, acontecendo todos na mesma noite, eles se provaram uma combinação letal. Todas essas coisas não deveriam ter acontecido. Mas aconteceram. E aí, tudo mudou.

Camila's POV

No momento em que cliquei "Participar" na página do convite para aquela festa no Facebook, percebi que estava perdendo o controle do destino. Eu não sei por que eu fiz metade das coisas que eu fiz naquela noite. Mas eu aprendi a não pensar no porquê as coisas aconteceram e simplesmente deixa-las acontecer.

Mas minha noite estava cheia de perguntas e dúvidas internas. Eu devo mesmo ir a esta festa? Eu devo usar esse vestido preto, curto e justo, que minha mãe me disse que eu deveria usar apenas quando eu tivesse 18 anos? Onde está meu gloss? Será que minha mãe sabe ligar o carro novo? Será que minha mãe sabe que ela tem que dar seta ao virar? Minha mãe tem carteira de motorista? Onde é a Rua Longmeadow, número 18?

Assim que eu entrei naquela casa, minha noite mudou de "ser controlada pelo destino" para "ser controlada pelo álcool", e à medida que a noite foi passando, àqueles momentos começaram a se misturar vagamente. O que é Jose Cuervo? O que é Absolut? O que é Johnny Walker? Eu estou bêbada? Ela está olhando para mim? Por que ela está olhandk para mim? Quantos dedos eu tenho na minha mão? Eu consigo sentir meu rosto? Por que a Lauren Jauregui está com as mãos no meu rosto? Que merda está acontecendo?

Eu, perdendo o controle naquela noite, foi a experiência mais confusa de toda a minha vida. Mas aconteceu por um motivo, e o motivo era para que eu conhecesse Lauren.

Narrador POV

Naquela noite.

A música estava alta, quadris se mexendo, drinks sendo tomados, na primeira grande festa do ano. Deveriam ter uns cem estudantes se apertando em uma casa que era feita para cinco pessoas morar. O cheiro de maconha pairava pelo ar, entrando e saindo de vários quartos, e todos os cômodos da casa estavam sendo preenchidos por uma fina camada de fumaça que parecia não incomodar ninguém... exeto a garota inocente que acabara de entrar pela porta principal. Ela tossiu, abanando sua mão várias vezes à frente de seu rosto, tentando dissipar a fumaça, e olhou em volta. Este ambiente era novo para ela, e ela sabia inconscientemente o que tinha a feito vir a esta festa, sozinha. Talvez ela tivesse percebido eu, como era o começo do ano , ela poderia fazer novos amigos, acabando de uma vez com as provocações e chacotas que ela sempre sofria. Ela tinha dois amigos, mas ambos estavam em casa agora, na internet, desinteressados com o mundo exterior, o que provavelmente ela também teria feito se ela não estivessa cansada daquele tipo de vida. O tipo de vida em que minutos se tornam horas, e horas se tornam dias, e dias se tornam em senamas e você continua à frente de um computador, vestindo pijamas, com o mesmo sorriso besta na cara, com um pacote de Cheetos ao seu lado. Talvez ela estivesse cansada de se trancar em seu quarto ouvindo a voz de seu pai gritando com sua mãe. Talvez ela estivesse cansada de olhar fotos de garotas em festas todos od fins de semana, com diferentes grupos de amigos, posando para as fotos fazendo biquinho, quadris um lado do outro, se agarrando às suas amigas como se só elas importassem no mundo. Talvez ela estivesse cansada de ver seu tempo na escola passando na frente de seus olhos, então ela tomou um passo de coragem e foi àquela festa.

Comp ela não podia se mostrar diferente de nenhuma das pessoas que estava lá, ela não recusou nenhuma das bebidas que ofereceram à ela. Uma, duas, três, quatro. Claras, escuras, rosas, vermelhas. Algumas doces, outras amargas, algumas muito forte para ela. Mas ela pegou todos os copos que apareceram em sua frente. Primeiro, se esforçando para mostrar que ela tinha gostado do gosto, mas depois de se soltando um pouco mais e acreditando que ela estava bebendo água.

Para Lauren, aquela era apenas outra festa. Seus olhos escanearam atentamente aquela sala enquanto ela escolhia com qual garota ela iria ficar aquela noite. Ela beijava garotas sempre em festas, sempre bêbada, sempre falando que era apenas por diversão e que não se lembrava de nada no outro dia. Seus amigos apenas achavam que ela tinha o espírito livre, e que casualmente ficar com garotas não era nada demais. Entretanto, secretamente, Lauren adorava os rostos delicados e lábios macios contra sua pele. Ela adorava aquele gosto resquício de tequila em suas línguas e os movimentos delicados. Era mais um querer, era mais um precisar, precisar variar um pouco da dureza e do cheiro de cigarro e cervrja barata que ela tinha que aguentar quando ela ficava com algum cara nestas festas. Assim, que seu olhar pousou em Camila que estava claramente bêbada mas também claramente linda naquele vestido preto justo, ela instantaneamente se esqueceu se esqueceu de a Camila estava no fim da hierarquia social e aquilo não a importava mais.

Ela foi ao encontro de Camila e elas fizeram contato com o olhar, Camila parecia assustada, como quem tinha visto um fanrasma. O álcool e a atmosfera daquela festa caótica deram à Lauren a chance de ser quem ela quisesse ser naquele momento, e embora as palmas das mãos de Lauren tivessem começando a suar e seu coração estivesse batendo rapidamente, ela manteve sua compostura e aquela familiar expressão de controle e auto-confiança. Lauren, que estava faminta pelo gosto dos lábios de Camila, decidiu que não havia espaça para conversa; então ela simplesmente pegou o copo da mão da garota mais nova e gentilmente acariciou seu rosto com sua mão direita.

"Hey... Eu sou Lauren, você é Camila. Nós estamos nesta festa e nesse momento você é a coisa mais bonita nesta sala."

Camila e Lauren sabia que se qualquer garoto tivesse vindo até elas e dito aquilo, elas teriam rido, jogado seus cabelos para trás e andando para longe daquele perdedor com a cantada horrível. Mas ela era Lauren, e a forma com que ela disse aquilo para Camila, ap mesmo tempo que seus olhos penetravam em sua alma, fez parecer com que Lauren era uma poeta que havia escrito o mais belo verso de toda a sua vida. Para Camila, aquilo foi o que bastou para que ela perdesse o último traço de controle naquela noite; primeiro o destino, depois o álcool, e agora, Lauren.

Elas foram para o segundo andar da casa para um quarto no fim dos corredores, acenando para algumas pessoas bêbadas que ali estavam, tentando não derramar suas bebidas. Assim que Lauren fechou a porta do quarto, ela jogou seus cabelos sobre seus ombros e se recostou na cômoda, sorrindo e encarando Camila. Camila foi até ela e com isso ela estava apenas à alguns centímentros do corpo de Lauren e elas começaram a falar sobre seus interesses, como se Lauren quisesse apenas conversar e ter uma "noite das meninas". Mas conversar era a última coisa que se passava na cabeça de Lauren assim que ela, gentilmente, passou o seu braço pela cintura de Camila, trazendo-a para mais perto de seu corpo e colando seus lábios no dela. Um pequeno selinho logo se tornou uma batalha de línguas e Lauren obviamente estava ganhando aquela batalha.

Primeiramente, Camila presumiu que era aquilo que garotas bêbadas faziam nas festas, baseado nos filmes que ela já tinha visto, então ela apenas deixou acontecer. Mas à medida que seu corpo se aprofundava no corpo de Lauren, à medida que Lauren envolvia seu braço delicadamente em volta de Camila, à medida que seus lábios se afastavam momentaneamente apenas para se juntarem novamente, e Lauren sorria entre os beijos, Camila sentiu como se uma bolha estivesse em volta dela e, pela primeira vez, ela se sentiu segura. E para Lauren, havia algo tão puro e inocente sobre Camila que ela nunca tinha experimentado, fazendo com que ela quase sentisse que, a partir daquele momento, um pequeno pedaço de seu cérebro pertencia aquela garota.

Naquela noite, dois mundos se colidiram e depois se moldaram. Naquela noite, tudo mudou para Camila e Lauren. Mas quem sabe o que amanhã trará, porque naquela noite, os sentimentos que elas experimentaram só eram permitidos serem sentidos o mesmo tanto que durasse aquela festa e até que o álcool começasse a sair de seus corpos.

If They Only Knew  ||  portuguese versionOnde histórias criam vida. Descubra agora