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Camila's POV

Oh what are we doing

We are turning into dust

Playing house in the ruins of us

Running back through the fire

When there's nothing left to save

It's like chasing the very last train when it's too late

O vento batia em meu rosto enquanto eu caminhava lentamente até minha casa. A música tocando nos meus fones de ouvido tentava encobrir o que eu sabia que estava por vir. Minha família vinha desmoronando durante anos, mas eu continuava tentando impedir e ignorar o resultado final.

Meu pais tratavam seu casamento como aquele casaco que você tem desde sua infância, aquele tipo de casaco que tem buracos nas costuras, e você vê os buracos aumentando de tamanho, durante os anos mas você continua o usando porque você o ama. Aquele tipo de casaco que te lembra dos bons tempos, o tipo de casaco que te esquenta no inverno. Mas assim que os buracos ficam grandes demais, você descobre que não pode usá-lo mais e, em algum momento, você vai ser forçado a dizer adeus.

Cheguei à minha casa e fiquei parada na porta, olhando para ela, com medo de que o simples fato de abri-la pudesse fazer com que o destino certo de minha família acontecesse do nada. Notei que a tintura vermelha na porta estava descascando e pensei porque eu nunca tinha notado nisso antes. Virei minha cabeça para a direita e olhei para o jardim que minha mãe tinha criado ali durante o verão. As flores estavam secas e as cores estavam mais fracas do que o normal. Olhei para o céu e assisti nuvens cinzas passando sobre minha cabeça. Um choro de bebê ecoava da casa ao lado. E de repente, notei que o ambiente miserável que me envolvia combinava com o sentimento que sw espalhava em meu corpo como uma doença.

Tinham se passado dez minutos desde que eu dei o primeiro passo para perto daquela porta e durante aqueles dez minutos, eu tentei me lembrar das lembranças da minha família junta. Tentei lembrar dos meus aniversários onde estávamos todos juntos, e como minha mãe tirava fotos de tudo obsessivamente enquanto meu pai e eu posávamos para a câmera. Lembrei das nossas férias em família na Califórnia, em Cuba e en Orlando, tempos em que meu pai e minha mãe podiam estar juntos sem brigar. Lembrei quando eu podia estar em meu quarto sem me preocupar com gritos de meu pai, ou copos sendo quebrados em paredes, ou minha mãe chorando. Lembrei quando morar naquela casa não me levava ao meu limite, e quando meu corpo não precisava se enrijecer e meu coração não precisava bater desesperadamente quando meu pai chegava em casa do trabalho. Lembrei como minha vida era antes de meus pais começarem a brigar constantemente, mas aquelas eram memórias distamtes agora. Quase tão distantes que nunca poderíamos voltar a viver aquilo. Tentando ao máximo aceitar aquele triste fato, balencei minha cabeça, respirei profundamente e abri a porta. Estou pronta.

Quando entrei em minha casa, minha mãe e meu pai estavam sentados na sala mas em sofás diferentes. Meu pai olhou para mim e minha mãe olhou para baixo, notei uma pequena lágrima caindo em seu rosto.

"Camila, sente-se, por favor", minha mãe sussurou enquanto meu pai continuava olhando para mim.

Ele parecia tão frio, e eu me perguntava se minha mãe realmente conhecia o homem com que ela era casada por 20 anos. Eu sentei no mesmo sofá que minha mãe, mas fiquei longe dela. Eu queria confortá-la, mas eu sabia que no minuto que eu a abraçasse, eu começaria a chorar também. E eu precisava ser forte porque tudo em volta estava desmoronando.

"Camila, seu pai e eu temos que conversar com você sobre algo..." ela respirou profundamente e olhou para o meu pai, esperando que ele pudesse continuar a falar. Mas naquele momento onde ela precisava que ele fosse a voz, ele permaneceu calado. E foi naquele momento que eu soube que eles nunca estariam na mesma página novamente.

If They Only Knew  ||  portuguese versionOnde histórias criam vida. Descubra agora