Capítulo 5

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As semanas passaram rapidamente. Logo, Erik conseguiu seus documentos. E estava se adaptando a tudo a sua volta. Não era fácil ainda para ele aceitar costumes e modos diferentes do dele. Mas, ele estava se adaptando melhor do que eu esperava. As roupas era algo que ele não aceitava fácil. Então, com o dinheiro que ele conseguiu com a venda do relógio de bolso, eu mostrei uma loja que vendia roupas sociais. Ele ficou encantado, mas estava receoso de compra-las, pois ficaria com pouco dinheiro. Eu insisti que ele deveria e que ele somente pagaria o aluguel entre outras coisas, quando ele tivesse como se sustentar. Erik aceitou, mas a contragosto.

Todos os dias que chegava em casa, eu era recebida por Erik, com alguma comida diferente, ou ele estava no teclado, compondo. Então, tive a ideia de filmar ele, tocando e postar no Youtube. Poderia monetizar o vídeo e ele teria algum dinheiro. Afinal, ele parecia ter certa fobia social. Ele quase nunca saia de casa e só fazia quando necessário. Até conversar, era quando necessário. Apenas comigo e com Kitty, ele era mais espontâneo. Elliot as vezes aparecia no meu apartamento e Erik não parecia a vontade com o namorado de Kitty. Ele sempre o olhava com desconfiança, mas Elliot não parecia perceber. Era efusivo e sempre estava contando alguma novidade para nós.

Mais um tempo se passou, entre minhas ideias de ajudar Erik. Ele gostou dos vídeos e estava encantado para aparecer para um público. Ele falava com entusiasmo da música e gostava de compartilhar isso. Logo, conseguimos um violão para ele e um microfone. Montávamos vídeos em lugares diferentes, em parques e até mesmo nos permitiram tocar o piano de um hotel. O vídeo monetizou e Erik já tinha muitos seguidores. Pelo menos, cinco mil, em tão pouco tempo. Para essas coisas, ele saia com entusiasmo. Comparavam ele ao fantasma da ópera, devido a máscara e logo os vídeos dele viralizaram, por causa disso. É claro que eu fomentei isso, de propósito.

Erik não parava de reclamar que era inútil para mim. Estava sempre tentando me agradar, de todas as maneiras possíveis. Isso incluía, cozinhar, limpar e ir as compras comigo. Eu ficava um pouco estranha com isso e acabei me apaixonando por ele. Mas, ele estava fazendo isso por gratidão e com certeza não sentia o mesmo que eu.

Percebi que ficava ansiosa para ir para casa, ficar com ele. Apenas para ouvi-lo falar ou tocar alguma coisa. Eu só queria mais tempo com ele, a cada dia. Mesmo que fosse apenas para ouvi-lo falar. Ele ainda não havia contado sobre seu passado e eu não disse sobre o fato de ele ser um personagem ficcional. Não queria assusta-lo e talvez, eu guardasse isso para mim, para sempre.

Infelizmente, chegou o dia tão temido por mim. Cheguei em casa e a TV estava ligada. Um filme estava passando na tela. E o que me assustou era ver que era O Fantasma da Ópera, na versão de 2005. E Erik estava vidrado, olhando, com os punhos cerrados e mordia os lábios. Ele me viu entrar e me fitou, com um olhar intenso

- Por que você nunca me disse sobre isso? - ele apontou para a tela - Agora entendo porque você e sua amiga estavam tão surpresas quando me viram.

Seu tom era amargo, como se eu tivesse mentido para ele todo aquele tempo.

- Erik...não é o que você está pensando...

Eu havia dito a coisa errada. Nunca se devia começar uma explicação com aquela frase.

- O que deveria pensar? - ele vociferou - Tem um filme...um filme sobre mim! Como eles ousam fazer isso? E me colocar como um vilão!

Mordi os lábios e fechei os olhos, atordoada.

- Você sabia de tudo isso e não me disse nada...por que? - ele perguntou, magoada, se levantando - Eu achei...achei que fosse minha amiga.

- Eu sou, Erik. Por isso mesmo não disse nada. Eu nem tinha certeza de quem você era.

E se fosse real? - O fantasma da óperaOnde histórias criam vida. Descubra agora