Capítulo 6

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Eu não estava acostumada a ficar sozinha mais. Era dolorido e algo que me deixava com o peito vazio. Erik não estava ali e nem ao menos me respondeu a mensagem que enviei, há uma semana. Kitty não diz nada sobre ele, mesmo que eu pergunte.

- Eu quase não vou na casa do Elliot, Heloisa. Sinto muito, mas eu só vi ele algumas vezes e ele só estava sério. Nem comigo ele queria falar.

Mordi os lábios, descontente. Eu queria tanto falar com ele e até mesmo tentei ligar. Ele atendeu e me disse que ficaria com Elliot, apenas por um tempo e pensaria no que faria da sua vida. Cogitou a possibilidade de se estabelecer em Paris. Fiquei em pânico. Pedi que ele pensasse com calma, que viesse conversar comigo. Ele disse que faria isso, quando conseguisse vir me visitar. Ele ainda estava magoado comigo. Em nenhum momento, tocamos no assunto sobre eu gostar dele. E ele também não demonstrou gostar de mim.

Duas semanas se passaram. Eu apenas focava no trabalho e nos estudos. E na terapia, eu tentava encontrar um meio de me curar, mas não era algo fácil. Estar apaixonada era algo que não esperava, mas eu estava. E queria achar uma cura para isso. É claro que não haveria, afinal, não era uma doença. Era um estado emocional. Eu estava apegada a Erik, é claro. Por isso, a questão da dor que sentia, pela separação abrupta. E era algo que precisávamos resolver entre nós dois. E quando resolvêssemos, eu precisava aceitar que ele iria partir, se ele assim desejasse.

O que mais me doía era a vontade de me comunicar com Erik, mas não fiz isso. Afinal, ele estava bravo comigo. E ele não me enviou qualquer mensagem. Foi então que mais uma semana se passou e escutei a campainha tocar, em um domingo, pela manhã. Estava tão frio, que nem havia saído da cama. E quando abri a porta, me deparei com Erik. Ele estava com um sobretudo grosso, touca preta, botas e com sua inesperável máscara.

- Olá, senho...Heloisa - ele disse, com a voz entrecortada. E sua voz de tenor, calma e leve me envolveu - Podemos conversar? Cheguei em má hora?

Ele me fitou, analisando em comprimiu os lábios. Eu estava com um robe e chinelos. E meus cabelos estavam bagunçados.

- Nunca é uma má hora - eu disse, demonstrando o quanto gostava dele. E me sentia patética - Entre - dei passagem para ele.

Ele entrou, parecendo desconfortável.

- Vi seus vídeos - comentei - No Youtube. Você está ficando cada vez mais famoso.

Ele sorriu.

- Isso tudo é graças a você, Heloisa - ele disse - E quero agradecer por tudo que fez por mim. De alguma forma.

- Me agradeceria se voltasse para casa - disse, de certa forma, manhosa.

- Heloisa...- ele disse com a voz baixa - Eu não posso mais...Preciso aprender a viver primeiro...eu...

- Mas, aqui você também pode, Erik. Você é importante para mim - eu disse, declarando tudo que eu sentia por ele, tocando seu peito com as mãos espalmadas. Ele me fitou, sobressaltado - Eu estou apaixonada por você...

Ele respirou profundamente, olhando para mim martirizado.

- Não sei como pode sentir isso por mim. Eu não valho tanto, Heloisa - ele disse, com a voz pesarosa - Eu não sou um homem completo, eu sou deformado e isso você já deve saber. Eu...tenho um passado sombrio e cometi muitos erros...eu não tenho nem como ganhar meu próprio dinheiro de verdade, como um cavalheiro...

- Você ganha dinheiro com a música, com os vídeos...- argumentei - E você é um homem completo, sim. É sim!

Ele levou a mão enluvada, ao meu rosto, tocando com carinho. Senti minha respiração represar, devido a toque leve dele.

E se fosse real? - O fantasma da óperaOnde histórias criam vida. Descubra agora