CAPÍTULO 1 - A Rainha dos Rakshasas
Era noite de lua cheia, o taverneiro partiu rumo a província de Andhera, levando consigo somente coragem e uma garrafa de vinho. Seu objetivo era recuperar sua Vimana e, se possível, pedir a rainha em casamento.
Como essa viagem levaria no mínimo uma semana e ele estava sem o seu principal meio de locomoção, não lhe restou outra alternativa a não ser utilizar uma de suas técnicas mais poderosas, O Princípio de Laghima, um dos oito Siddhis do Yoga, ele permite que o praticante se torne mais leve que o ar, podendo levitar e mover-se livremente. E por ter sido treinado pelo Senhor Hanuman enquanto criança, dominava essa técnica com maestria.
Voando a toda velocidade, Syul podia contemplar as belezas da famosa floresta negra nos arredores do castelo imperial, e num momento de distração ele foi surpreendido com uma chuva de flechas flamejantes. Ele desviou de todas elas com facilidade mas se viu forçado a descer numa vila abandonada. Entretanto, não daria tempo de descansar, pois assim que pousou foi atacado uma alcateia de lobos gigantes e hordas demoníacas prontos para lhe devorar.
Iniciou-se então um verdadeiro combate! Ele não possuía nada além de seus próprios punhos para se defende, estava sendo atacado por todos os lados, mas como um exímio lutador de Muay Vinskrown, uma arte marcial milenar de sua terra natal, ele não se daria por vencido e mesmo tendo suas vestes parcialmente rasgadas e diversos cortes pelo corpo, aquele homem mantinha-se de pé.
Até que, no alto de um prédio em ruinas, ele nota a presença daquela que tanto ansiava encontrar, era a rainha das trevas, Yrla Ookami!
Estático com tamanho esplendor, ele mal conseguia se manter de pé pois a aura daquela mulher resplandecia tanto quanto sol do meio-dia iluminando aquele lugar sombrio e inóspito. Dona de um olhar ameaçador e com um semblante sério, ela ergue seu cajado e ordena que cessem o ataque e todos a obedecem. Então, salta e pousa a poucos metros do taverneiro, que se encontra com o corpo banhado de sangue. Ela caminha em sua direção e pondo a mão sobre aquele peitoral ensanguentado, pergunta o que um humano fazia ali, perturbando seus filhos.
O jovem se apresenta como Syul, o Taverneiro e alega estar ali apenas para conhecê-la e recuperar seu veículo que havia sido roubado por um de seus generais, e que não foi sua intenção machucar ninguém, estava apenas se defendendo. Rindo, ela acha curioso o fato de um simples taverneiro ter nocauteado treze lobos e trinta e três rakshasas, e que o estrago seria bem maior caso ele tivesse utilizado aquele machado que carregava em suas costas. Syul responde que aquilo não é um machado, mas uma garrafa de "Blekzus Mirtilo Le'Royal", um vinho extremamente raro e saboroso, existindo apenas três garrafas no mundo inteiro, todas em sua posse e ele a trouxe naquele formato para despistar possíveis bandidos e que seu intuito era usa-la numa possível negociação com a rainha. Em seguida, ele remove a lâmina do cabo e retira a garrafa e dá a rainha.
Ela pega e pergunta se não estaria envenenado. Syul responde que jamais tentaria matar a mulher que é tida como a mais perigosa do mundo e além disso, agora que a conheceu pessoalmente, notou que ela possui as qualidades necessárias para que esperaria de sua futura esposa. Chocada tamanha audácia, ela aponta seu cajado para o pescoço daquele homem, que não hesita ao reafirmar que é exatamente aquilo que ela ouviu.
Esboçando um sorriso maquiavélico, Yrla dar uma leve porretada na cabeça dele e pede para acompanhá-la até seu castelo, os lobos que se mantinham em alerta abriram caminho e começaram uivar, a trilha sonora perfeita para um primeiro encontro do futuro senhor das trevas, não acham?
O Sol estava a nascer, e Syul, meio abatido despedia-se da rainha. Aparentemente ela recusou seu pedido de casamento, mas devolveu sua Vimana e disse que ele poderia voltar quando desejasse. Além disso, ela o presenteou com uma roupa tradicional de seu povo e um Lobo Gigante, mas esse não foi sua ideia, mas do próprio animal, que viu nele um oponente digno.
Ele agradeceu a hospitalidade e o presente, ressaltando que apesar de ser humano e residir em Roshanee, sempre admirou o visual dos trevosos, em especial às máscaras de crânio que seus guerreiros utilizavam e conclui dizendo que ela será bem recepcionada quando for em sua taverna e que não irá desistir de tê-la como esposa. A rainha, por sua vez, reconhece que ele tem coragem e menciona que talvez ele tenha sido a pessoa mais destemida que ela já tenha conhecido nesses duzentos anos.
- Não que eu seja, mas se necessário, serei. Disse que o taverneiro, em tom de despedida, já montado em seu companheiro.
Futuramente os dois se tornaria grandes amigos, ou um pouco mais que isso...
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Syul, O Taverneiro
AdventureRithisak Syul Vinskrown é um personagem que criei em 2021 para um RPG/Roleplay chamado Chroma Artiris. Cada capítulo contará como ele conheceu seus amigos. Essa história mescla elementos da cultura do sudeste asiático, principalmente da India e Camb...