CAPÍTULO 2 - Uma Fada em Roshanee
Três dias após ter deixado a provincia de Andhera, Syul, montado em seu novo parceiro, que carinhosamente nomeou de Sirius, estava indo a toda velocidade em direção a sua taverna. Ele estava muito feliz por ter percorrido sete mil quilômetros em tão pouco tempo, até mesmo já podia ver as cordilheiras que dividiam as províncias surgindo no horizonte.
Contudo, à medida em que ele se aproximava de um pequeno vilarejo (região ribeirinha), algo lhe chamou atenção. O nível do rio Aruki estava extremamente baixo e isso lhe preocupava, por que além de abastecer toda região, é desse rio que ele retira água para produzir suas cervejas. Observado atentamente tudo a sua volta, buscando entender a situação, foi pego de surpresa por um grupo de camponeses, munidos com toda sorte de armas de fogo e ferramentas agrícolas que, ao verem aquele homem mascarado montando uma fera, não tiveram dúvidas de que se tratava de um ser trevoso.
Mesmo não estando totalmente recuperado dos ferimentos da batalha anterior, ele não iria recuar. Afinal, pra quem estava prestes a ver seus negócios ruírem, enfrentar um bando caipiras seria o menor de seus desafios. Ele desceu do Sirius bastante empolgado para mais uma batalha, até que se ouve um estalo, chamando a atenção de todos.
- O que pensam que está fazendo? Perguntou uma bela garota, que segurava um chicote em sua mão direita.
Surpreso com tamanha beleza, Syul fica em silêncio. Já os camponeses começaram a cochichar, pareciam conhece-la e pedem para que o taverneiro os proteja daquela bruxa. Furiosa ao ouvir aquilo, ela diz que acha decepcionante pessoas que outrora gentis, recorrendo a seres das trevas para resolverem seus problemas, então começa uma discussão acalorada entre eles.
Irritado e sem entender o que estava acontecendo, Syul pede para que eles parem de discutir, e removendo sua máscara ele explica que não é um rakshasa, mas, um taverneiro e que aquilo foi um presente da rainha de Andhera. Espantado com essa revelação, um idoso - o patriarca daquela vila - confirmou que aquele era realmente o famoso o taverneiro. O jovem pergunta se eles sabem o motivo do recuo do rio Aruki, o patriarca alega que isso aconteceu por causa do rompimento de uma da represa – talvez por influência da super lua de langue, que surgiu quando a rainha foi ao encontro do Siu l - e que eles resolveriam o problema a tempo se pudessem passar com as ferramentas necessárias pelo pântano que fica no ao sul da vila, contudo a Bruxa não lhes permitiu passar, alegando que eles poderiam dar a volta pelas montanhas, mas isso levaria dias e eles não tem recursos para isso.
Após ouvir isso, Syul pede para que eles retornem aos seus lares, e que não se preocupem pois logo resolverá essa situação. A garota, agora segurando uma espécie de varinha, diz que não permitirá que ele passe pelo pântano custe o que custar. Os camponeses se estressam novamente. Syul responde que não será necessário passar pelo pântano e pede mais uma vez que eles retornem para suas casas. Em seguida, pergunta a garota - dirigindo-se a ela como bruxa - se pode leva-lo até essas montanhas, ela diz que pra começo de conversa ela não é uma bruxa, mas uma fada, e depois fala que as montanhas ficam muito longe e está cansada demais para ir a pé. Syul oferece o Sirius - que fica puto com o ele - a garota aceita, mas fala que irá montar nele sozinha e o taverneiro concorda.
Durante o trajeto os dois começaram conversar, ele perguntou a garota - dessa vez a chamando de Fada - o motivo pelo qual ela não permitiu os camponeses passarem pelo pântano. Ela diz que aquele local é muito especial para ela, pois foi lá onde ela e suas irmãs nasceram, também já presenciou alguns camponeses tramando acabar com pântano para expandir suas fazendas. E na ausência do Mago e de suas irmãs, ela se viu no dever protege-lo, não só pelo valor sentimental, mas também pela importância dele no ecossistema. Syul acha aquela história muito lindinha, porém se recusa acreditar que uma garota de aparência tão frágil tenha conseguido impedir uma multidão furiosa sozinha. Ela diz que também achou o relato dele muito fantasioso e ressalta que diferente dele ela possui poderes mágicos e um amigo Dríade e foi assim que ela conseguiu impedir os camponeses a noite inteira, por isso estava tão cansada, contudo iria demonstrar pra ele. Quando ia responde-la, percebeu que ela havia desaparecido e, desesperado, olhou para trás para ver se ela tinha caído, de repente ele começa ouvir a voz da garota e pergunta se ela ficou invisível. Ela rir muito da situação, e diz que não foi isso que aconteceu e pede para ele olhar para seu ombro direito. Ele se impressiona ao vê-la naquela forma minúscula e acha aquilo muito incrível. Ela voa até o Sirius e volta ao seu tamanho original. Syul pergunta se foi o mago quem lhe ensinou aquilo, ela diz que não, a transformação que ele presenciou é algo característico de sua raça.
Finalmente chegaram ao destino, a garota mostra ao taverneiro o estrago causado pelos eventos da noite anterior. Apesar da destruição, ele afirma que aquele é problema fácil de resolver e que iria financiar todos os reparos, por que ele tem muito dinheiro. Também promete que irá dar um jeito nos caras do vilarejo, para que eles nunca mais a infortunem. Ela fica muito feliz ao ouvir aquilo e diz não saber como agradecer.
Ele fala que não precisa dessas formalidades e se desculpa por ter duvidado do relato que ela contou. Montando em Sirius, ele diz que logo estará de volta com a ajuda necessária. Tímida, a garota pergunta se ele não está esquecendo de algo importante, ele fala que não faz ideia do que seja, então ela diz que ele ainda não perguntou o nome dela. Syul responde que geralmente só pergunta o nome daqueles que deseja matar ou ter como amigo, e referente a mesma não tem a intenção de ser nenhum dos dois. A garota transforma sua varinha mágica em chicote e ataca o taverneiro, com o chicote preso ao seu pescoço, ela o puxa.
Caído ao solo ele fala que essa garota é louca, ela se aproxima e pisa nele, mandando ele soletrar seu nome: Alina. Assim ele o faz. Ela lhe ajuda a levantar, ele fala que não tem um dia de paz. Ela rir, e fala pra ele não demorar, ele deixa escapar que teria sido melhor se unir aos camponeses, ela golpeia o chão próximo ao pé do taverneiro, ele diz que foi brincadeira. Novamente ele monta em Sirius e dessa vez parte em disparada rumo a capital.
Após ter ido a capital, Syul retornou ao vilarejo, dessa vez trajando sua roupa casual e trazendo consigo muitos operários com um maquinário pesado. Alina estava com os camponeses lhe esperando, eles não acreditavam no que podiam ver. Ele pede para o ancião guiar sua comitiva até o local do incidente, ressaltando que deveria ir pelas montanhas. O ancião prontamente se mostra disposto a realizar tal tarefa pede para o restante da vila o ajudar. Alina fala para Syul que os camponeses estão fingindo ser legais e que assim que o problema for estabelecido, eles novamente irão voltar sua atenção para o pântano. Ele diz que isso não será problema, por que ele comprou aquela vila e todas as terras dos camponeses. Alina começa chorar, perguntando se ele fez tudo isso por ela, ele diz que o motivo pouco importava, só deseja que tudo fique em seu devido lugar e que ela viva em paz com suas irmãs e o mago.
Sem graça, ela diz que mora sozinha e que não sabe do paradeiro deles a bastante tempo. Mesmo não querendo ser inconveniente em pergunta o que aconteceu, ele prosseguiu com a pergunta, porque lembrou que da última vez que deixou de fazer uma pergunta pra ela, quase perdeu a cabeça.
Ela explicou que, quando criança ela e sua família viviam felizes naquele pântano, até que certo dia um grande cataclismo atingiu aquela região, destruindo tudo e ceifando praticamente toda forma de vida. Por sorte ela e suas irmãs foram resgatadas com vida por um mago que passava pelo local e cuidou delas desde então. Apesar de terem recebido carinho e um novo lar, isso não foi o suficiente para apagar da memória de suas irmãs as lembranças daquele dia tenebroso e quando fizeram dezoito anos, elas ganham asas e voaram rumo ao desconhecido, em busca de um novo propósito, coisas do tipo. Mas, ela resolveu ficar, pois aquele lugar lhe trazia paz e aconchego, foi nesse período que ela aprendeu feitiços e magias com o mago, depois o mesmo partiu sem dar notícias e ela permaneceu ali desde então.
Syul achou aquela história comovente e diz que irá promove-la a soberana da Vila Pantanosa Syulistica, ela rir e diz que não deseja ser soberana de nada e que aquele nome é ridículo - ele concorda. Então ele se despede, dizendo que se ela precisar de algo, sabe onde encontra-lo. Alina pergunta se eles irão se ver novamente, ele diz que não, por que é mais seguro manter distância. Ela o ataca usando seu chicote, só que dessa vez ele usa seu braço para se defender. Ela diz que parece que alguém andou treinando, ele diz na última vez ele estava de ressaca, então desenrola o chicote de seu braço e vai embora.
Se os dois irão se encontrar novamente, só o tempo irá dizer.
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Syul, O Taverneiro
AdventureRithisak Syul Vinskrown é um personagem que criei em 2021 para um RPG/Roleplay chamado Chroma Artiris. Cada capítulo contará como ele conheceu seus amigos. Essa história mescla elementos da cultura do sudeste asiático, principalmente da India e Camb...