Quarta
Estou aqui, sentada em meu quarto, olhando exaustivamente para o meu anel de noivado.
Sim, tem um anel de noivado enfeitando meu dedo desde ontem a noite, por mais que tudo tenha acontecido como um completo caos.
Ontem literalmente houve uma mudança em minha vida, e eu estou noiva.
Sim, noiva. Nem posso acreditar.Para começar, tentei fazer ciúmes em Petruchio com o jornalista Serafim. Mas nem isso ele deixou. Não permitiu que eu dançasse com o jornalista, já que “a noiva é minha, quem dança com ela sou eu”. Sim, a cavalgadura usou essas palavras.
Mas desastrado como um jumento, pisou em meu vestido durante a dança e me deixou de combinação na frente de todos os convidados. Minha irmã Bianca me levou para o quarto, para que eu pudesse me vestir novamente, já eu estava profundamente irritada e pronta para desistir de tudo.
Mas ele não deixou.
Teve a audácia de entrar em meu quarto, pedir licença para minha irmã, ficar sozinho comigo só em meu trajes íntimos, tudo isso para dizer que não ia passar vergonha no dia do seu noivado.
Pois quem havia passado vergonha até aquele momento era eu.Iniciamos uma guerra dentro do meu quarto, quebrando tudo que tinha pela frente. Nada escapou, vasos, livros, travesseiros, tudo.
Não vou mentir que eu adoro esse caos que se instala quando estamos assim, na presença um do outro. Eu me sinto viva, como não me sentia mais nos meus bucólicos dias, antes da cavalgadura aparecer na minha vida.
Quando acabamos o que tínhamos em mãos, Petruchio me pediu uma trégua, para que pudéssemos voltar à sala. Eu tinha vontade de colocar minha cabeça em um buraco e nunca mais sair, mas então pensei em papai e Bianca e toda aquela gente que estava nos aguardando.
Não era assim que eu imaginava essa noite.
Aliás, nunca imaginei que um dia essa noite chegaria.
Então sim, devido minha promessa à mamãe, eu ia dar um jeito desse noivado terminar tão cedo fosse possível, mas hoje ia tentar manter as aparências, e cumprir com minha palavra de que noivaria.
Portanto, quando Petruchio pediu o que precisava fazer para que eu descesse novamente à sala, baixei a guarda. Ele também ofereceu-se para me ajudar a me vestir, mas jamais deixaria que ele tocasse um dedo em minha pele. Já chega o que acontece comigo quando ele chega perto com sua respiração quente ou mesmo com essa mania que tem de tentar me beijar a todos os momentos.
Por isso, escolhi um vestido que os botões eram frontais, assim eu mesma me vesti, sem sua ajuda.
E, antes que eu desistisse de vez, descemos até a sala novamente.Eu e minha mania de cumprir com minha palavra, ao mesmo tempo que não estou cumprindo com minha promessa… Nem eu mesma me entendo.
Depois de um brinde desastroso, finalmente fomos ao jantar. Petruchio fez questão de me servir o porquinho de sua fazenda, na minha boca, como se eu fosse uma criança. O fiz parar com essa atitude imediatamente, mas a carne era mesmo muito saborosa. Claro que grande parte disso era por conta do tempero de Mimosa, mas estava uma delícia, mesmo que eu não tenha admitido isso em voz alta.
Depois passamos a sala novamente, e em um sumiço de cinco minutos da cavalgadura, Dinorá aproximou-se para dizer que eu devia fugir para o jardim com Serafim se eu quisesse realmente que Petruchio se incomodasse com a presença do jornalista. Imagina, eu jamais faria isso.
Primeiramente por papai, que com certeza iria ter um ataque de gastrite severa; e depois, jamais me colocaria em uma situação onde estivesse sozinha com aquele grudento do jornalista Serafim. Imagina se ele tenta me beijar, ou algo assim? O que eu faria? Só o fato de pensar que isso poderia acontecer chega a me deixar de cabelos em pé.
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MEU DIÁRIO - por Catarina Batista
Fanfiction...e se pudéssemos ler todas aquelas informações que Catarina tanto escrevia enquanto ficava a sós com seus pensamentos? - história totalmente ficcional; - baseada na novela "O Cravo e a Rosa"; - algumas palavras estão escritas erroneamente de manei...