Sábado
Ontem eu pedi ao jornalista Serafim se ele se casaria comigo, e ele disse sim, como eu suspeitava. Mas não se assuste, é só parte do meu plano. Só o fato de me imaginar casando com ele me fizeram sentir algumas urticárias se espalhando pelo meu corpo. Mas o fiz prometer também que me daria aulas de direção, afinal, tenho que unir o útil ao agradável, já que preciso casar e ainda estou com a intenção que Petruchio descubra sobre esse compromisso e faça alguma coisa a respeito.
Fiz minha parte, já que também aproveitei da língua afiada de Mimosa e comentei com ela, assim como quem não quer nada, que teria um encontro com o jornalista. Fiz isso porque sei que aquela língua de trapo ia acabar contando para alguém - vulgo Senhor Calixto, acho que é esse o nome dele - o que, consequentemente, acabaria caindo nos ouvidos de Petruchio.
Mas ela foi mais rápida do que pensei. Enquanto andava pela cidade em minha primeira aula de direção, com o Senhor Serafim, praticamente passei por cima de Petruchio com o carro, pois não consegui brecar a tempo.
Não me recordo de ter ficado tão preocupada. Meu coração saía pela boca e eu achei que ia ter um ataque de nervos, porque ele estava desmaiado e, como não acordava, pensei que o tinha machucado.
Mas não. Ele acordou, e já aparentando estar ótimo, ainda me insultou dizendo que mulheres não deveriam dirigir. Nesse momento sim, me deu uma vontade imensa de rachar a cabeça dele e terminar o serviço que eu não havia finalizado lá fora.
Lembrei-me imediatamente de Bárbara dizendo-me que, se me casasse com Petruchio, estaria cometendo uma traição ao movimento feminista. Ela não está de todo errada. Não sei porque insisto em pensar naquele grosseirão. Juro que não sei.
Jornalista Serafim voltou mais uma vez, e acredite na audácia, tentou me beijar. Antes que ele conseguisse, minha cabeça traidora levou-me diretamente às lembranças que Petruchio me proporcionou com seus mil beijos roubados.
Não pude nem pensar em beijar o Serafim. Eu simplesmente não consigo. Quebrei um vaso na cabeça dele, e fugi. Enfiei-me em meu quarto, a pensar, tentando entender o que se passa em minha cabeça. Bianca disse-me, mais que uma vez, que é porque amo Petruchio. Mas não o amo.
Aliás, nem sei o que é amar alguém, só sei que esse tal "amor" só traz sofrimento. Mamãe que o diga.
Aproveitei-me do fato de Mimosa e Bianca estarem doidas para ir à Igreja para dirigir um pouco, e também para fugir de meus pensamentos. Papai que não gostou nada de termos roubado o carro sem sua permissão, mas se eu tivesse pedido, ele não teria emprestado.
Mas não vai acreditar no que as duas aprontaram.
Uma armadilha para que eu me encontrasse com Petruchio.
Sim, e na Igreja.
Eu nem fazia mais questão de vê-lo, depois do escândalo que fez pelo pequeno incidente que sofreu com o carro que eu dirigia.
Tentei voltar para casa, mas nenhuma das duas quis me acompanhar. Nenhuma daquelas duas futriqueiras!
O único que quis entrar no carro que eu estava dirigindo foi o grosseirão. Só ele. Obriguei-me a elogiá-lo, afinal, ele demonstrou que confiava em minhas habilidades na frente daquele bando de ingratos.
Ele acabou aproveitando a oportunidade para pedir-me novamente para casar-me com ele. Ele faz isso de uma maneira que entra dentro de minha alma, mesmo ela estando trancada para esse tipo de sentimento.
Mesmo que ele tenha me irritado por conta do incidente do carro, que deixou um corte em sua testa, não posso negar que fiquei com o coração acelerado e as pernas trêmulas, o que me fez dirigir um pouco pior que o habitual.
![](https://img.wattpad.com/cover/318037266-288-k272696.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
MEU DIÁRIO - por Catarina Batista
Fiksi Penggemar...e se pudéssemos ler todas aquelas informações que Catarina tanto escrevia enquanto ficava a sós com seus pensamentos? - história totalmente ficcional; - baseada na novela "O Cravo e a Rosa"; - algumas palavras estão escritas erroneamente de manei...