Parte 7 - Quando não percebi que me rendi

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Quarta

Eu cheguei a conclusão que realmente casei com um casca-grossa.

E sim, continuo enfiada aqui nesse fim de mundo porque não tenho sorte nem pra fugir daqui.


Além de não permitir que me alimente - e pior, me chamar durante a janta para passar um pedaço de frango em minha frente, que cheirava muito bem, por sinal, e eu tive que desdenhar mesmo que meu estômago chegasse a roncar de desespero por qualquer coisa que eu pudesse mastigar; além disso, ele não deixa que a Neca lave minhas roupas.


Ou seja, um resumo da desgraça que anda minha vida: não posso comer, tenho que dormir no chão, no meio de penas e titica de galinha - o que é horrível, mesmo que eu adore a Carijó; tenho que ficar com as roupas sujas, tomar banho frio e geralmente urino em meus próprios pés naquela porcaria de "banheiro" que tem nessa fazenda.


Isso é o tal "amor" que tanto falam?

Bem que mamãe tinha razão.


Quando consegui uma chance para fugir, gritei em alto e bom som um adeus pra esse lugar esquecido pelo mundo.

Mas acabei por descobrir que o grosseirão escondeu a chave do carro. Do MEU carro.


Pelo menos tenho a consideração das pessoas aqui desse lugar. Lindinha se ofereceu para me ajudar com qualquer coisa que eu precisasse, Neca deixou mais um prato de comida escondido pra mim e, com minha fuga frustrada, acabei tomando uma caneca de leite tirada direto da vaca pelo Januário. E, meu Deus, nunca imaginei que fosse TÃO bom.

Lindinha também se ofereceu para me ajudar a pegar a chave do carro, mas seja lá o que ela tenha planejado, não deu certo, porque ela foi pega pelo Petruchio.


Agora, Julião Petruchio... Ele que me devolva minha chave, ou ele não perde por esperar.


■□■□


Eu preciso mesmo ir embora daqui. Petruchio ficou me falando da relação dos pais dele, mas não prestei atenção em nada, porque a boca dele estava perto, muito perto de mim. E eu sinto ódio por ficar lembrando dos beijos dele como uma idiota enquanto ele me trata mal e obriga as pessoas dessa fazenda fazerem o mesmo.


Ele aceitou minhas condições e não está fazendo nada do que prometeu.

A única coisa que está fazendo é me humilhar, e isso definitivamente não estava combinado.


E me dá mais ódio ainda que, depois da tentativa do roubo da chave do carro pela Lindinha, ele veio me xingar. Eu só quero a chave porque o carro é meu!
Por isso, decidi ir eu mesma pegá-la. E que seria naquela noite.


Para passar o tempo, fui até a banheira para preparar um banho enquanto eles jantavam, até para não ficar lá por perto sentindo o cheiro da comida - e um banho quente de banheira, pelo menos, aquele grosseirão (ainda) não me proibiu de tomar.

Até me diverti enquanto estava na banheira... Nada que uma água quentinha não possa apaziguar, pelo menos um pouco.


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⏰ Última atualização: Sep 30, 2022 ⏰

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MEU DIÁRIO - por Catarina BatistaOnde histórias criam vida. Descubra agora