Parte 5 - Quando deu errado

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Sábado

Faz quase uma semana que não apareço aqui, mas nada emocionante aconteceu.
Exceto a festa à fantasia, que foi ontem a noite.
Essa sim, deu o que falar.

Já comecei com o pé esquerdo, porque a metida da Bianca foi se meter na minha fantasia e trocou a de pirata por uma de cigana.
CIGANA!
"Porque eu ir de homem ia ser um escândalo".
Fiquei brava com a intromissão, mas aceitei a outra fantasia, porque eu precisava estar na festa de qualquer maneira. Eu tinha que estar presente no flagrante que eu mesma estava armando.
Bianca não perdia por esperar.

Porém, minha noite já virou do avesso quando Petruchio chegou.
Sua fantasia era de homem das cavernas, e ele estava praticamente nu! Era possível ver toda sua pele exposta, suas pernas grossas e firmes e os músculos bem modelados de suas costas, conforme ele se movimentava no ritmo da música...

Mas o pior eram as mulheres.
Todas as mulheres olhavam para ele.
Em minha frente!!!
Fiquei com tanta raiva que minha cabeça chegava a fervilhar. Mandei-lhe colocar uma roupa se quisesse permanecer na festa.
E, de verdade, não queria ficar olhando para todo aquele corpo exposto, durante a festa toda.

Eu queria que ele se cobrisse, imediatamente!
Eu precisava que ele se cobrisse e tirasse todo aquele corpo masculino da frente dos meus olhos...

Como ele fingiu que eu não existia, tive que recorrer ao papai.
Mas, ao invés de me ajudar, ficou rindo de mim e dizendo que eu estava com ciúmes.
Ciúmes. Sim, CIÚMES daquela cavalgadura.

Ele só me ajudou quando eu ameacei fazer um escândalo, e lhe mostrei que eu estava honrando nosso compromisso, usando o anel de noivado, enquanto o noivo que ele havia me arrumado ficava em voltas com todas aquelas mulheres, desdenhando de nossa honra.

Então Petruchio voltou a festa usando um paletó e uma gravata de papai, ficando ainda mais ridículo do que antes. Quando começamos a discutir, Bárbara apareceu e levou-o para dançar.

Fiquei de olho neles, de longe, até que ela levou-o para o jardim, depois de muito tempo. Dançaram tanto que eu já estava impaciente com essa situação.
Ela até flertou com ele, flertou sim que eu vi, mesmo que ela negue.
Achei que Bárbara estava é muito a vontade com Petruchio. Para quem estava com tanta resistência para me ajudar em meu plano, ela parecia bem contente enquanto o beijava.

Que ódio. Não quero nunca mais ver nenhuma mulher beijando ele.
Até porque, vê-lo assim, me faz tornar-me alguém que eu não sou. Fiz um escândalo e xinguei Bárbara, chamando-a de safada e oferecida.

Pois ela bem que estava se oferecendo.

E ele bem que estava gostando.

Então fiz o que tinha me proposto, tirei o anel de meu dedo e disse em alto e bom som que nosso compromisso havia acabado.

Eu pensei que pelo menos Petruchio iria choramingar, ou agarrar minhas pernas me pedindo perdão.
Mas não aconteceu nada disso.
Ele gritou comigo que estava farto de mim e de minhas armações. E que ele que estava terminando o noivado comigo. Exatamente como eu havia planejado para me livrar de tudo isso.

Mas ouvir isso dele foi mais difícil do que eu pensava.
Tenho que focar que agora está feito.
O noivado acabou, e eu vou poder cumprir a promessa que fiz à mamãe em paz.
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Estão todos bravos comigo, aqui em casa.

Mimosa porque teve que procurar o anel de mamãe, porque atirei longe enquanto brigava com Petruchio. Bianca porque está proibida de ver Heitor, pela milésima vez - isso que dessa vez a culpa nem é minha, e também papai, porque Petruchio disse que toda aquela cena do beijo de Bárbara foi armação minha.

MEU DIÁRIO - por Catarina BatistaOnde histórias criam vida. Descubra agora