Prólogo

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Uma lua alta e brilhante estava parada no céu escuro, se não fosse pelo teto das casas, todos poderiam ver que madrugada chegaria em alguns segundos. Mas mesmo que conseguisse ter aquela  visão, a menina preferia continuar acordada, não fazia um mínimo movimento indicando que voltaria antes do sol nascer. Talvez fosse passar a noite inteira em claro, aproveitando os poucos momentos de liberdade que ainda tinha antes que a segunda-feira chegasse, como geralmente fazia quando a irmã não estava em casa. A mais velha era um pouco controladores demais, e mesmo que a menina nunca fosse admitir, até gostava um pouco de ter sua irmã mais velha maluca se importando tanto com os horários. Isso a fez nunca chegar atrasada em absolutamente nada, tinha uma política rígida sobre toque de recolher, que a irmã fazia questão de quebrar quando tinha a chance. Era divertido viver “perigosamente”. E nunca descobriram nada das noites mal dormidas ou das saídas de casa para encontrar com amigos, o que era estritamente proibido de ser feito depois das dez, por isso usava a janela para não fazer barulho.

“Pais controladores criam seus filhos como excelentes mentirosos” tantas pessoas falam essa frase que acabou se tornando verdade. Sua irmã fazia o trabalho de seus pais, ela era carinhosa e compreensiva – na maioria das vezes –, mesmo sendo um pouco drástica com controle. Mas fazer uma adolescente não poder sair depois das oito horas? Aquilo era um ultraje, um insulto, uma regra inadmissível para todos aqueles que tinham 16 anos e estavam começando a descobrir o mundo festas com pessoas mais velhas, que sempre acabavam mal, mas geravam muitas histórias para contar quando ficassem adultos. Porém, ao invés de estar em uma dessas festas, decidia aproveitar os dias em que poderia ficar acordada até tarde de outra maneira.

Deitada no sofá da sala e assistindo filmes de terror com muito sangue, agarrando um travesseiro com a fronha azul bebê com um unicórnio desenhado, que deveria estar em um dos quartos do segundo andar; era assim que Elena estava naquela  noite de segunda. E todas as outras noites onde tinha a chance de passar a madrugada acordada.

─ Maldición... ─ resmungou quando viu que o personagem que gostava teve os braços arrancados.

Checou as horas no relógio que ficava em cima da TV, coçando os olhos ao notar que já estava perto de dar 01:00 da manhã. Era injusto como o tempo passava mais rápido a noite.

A campainha tocou, a menina se assustou e saiu do sofá em um pulo. ela se perguntou quem poderia ser a esta hora. Um pequeno pânico tomou conta de seu corpo ao pensar que poderia ser sua irmã, mas não, ela não voltaria em menos de dois dias, a não ser que o mundo esteja conspirando para a garota ficar de castigo.

─ Lena! Oi! Sei que está aí.

Ah, não.

─ Não revire os olhos para mim, docinho. ─ ela fez uma careta com o apelido ─ Abre logo a porta, está frio aqui fora.

─ O que você quer, Lily?

─ Ver minha garota favorita, meu anjinho, docinho de pimenta, amor da minha vida, razão dos meus suspiros apaixonados e...

─ Já estou indo abrir, callate la boca! ─ foi abrir a porta, com as bochechas ficando vermelhas.

Antes de tocar a maçaneta, pegou o guarda-chuva que estava perto da porta e colocou a mão atrás das costas, quando a porta se abriu, a garota levou uma guarda-chuvada bem no joelho. E com a força  dela , deve ter deixado um roxo enorme. ela virou o corpo para frente, soltando um grunhido dolorido e passou a mão no joelho, mas sorriu e piscou, provocando a amiga.

─ Já pensou em jogar baseball com Finney? Seria perfeita para isso, Lena. ─ Fez força para arrastar seu corpo para dentro da casa da amiga, que a olhava parecendo estar prestes a explodir ─ Uau, você sabe usar um guarda-chuva, ─ resmungou ─ Mary Poppins ficaria com inveja.

Red - Robin ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora