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O despertador não tocou e Lena acordou desesperada, droga, ela deveria ter levantado antes, faltavam apenas 30 minutos para a tolerância de atraso na escola esgotar e ela não tinha nem escovado os dentes ainda. Seu quarto estava tão bagunçado que tropeçou em uma meia e caiu, quase quebrando um dente. Que ótimo começo de dia, caindo de cara no chão. Precisava estar pronta em menos de 10 minutos para poder pegar sua bicicleta e pedir carona a única pessoa que também sempre se atrasava na rua, Vance Hopper. Jesus, acordar seu amiga aquela  hora da manhã era um suicídio, ele provavelmente mataria aula hoje novamente e estava dormindo nesse momento.

Não escutou sua irmã chamando para a escola, era estranho, aquela  insana não faltava nunca, nem matava aula ou fazia coisas legais que todo adolescente fazia. Na verdade, o único em seu grupo que costumava fazer isso era Vance, que as vezes a convencia de ir com ele só fliperama, os dois gastavam seus 10 dólares em fichas e jogavam até a noite chegar.

Abriu a porta pronta para ir ao banheiro, quando viu que a porta do quarto de sua irmã ainda estava fechado. ela ia faltar hoje? Não era um fim de semana, era uma segunda, e uma segunda atrasada.

– Cher, ¡escuela, vamos!

Nenhuma resposta, ela bateu na porta repetindo “Cher” a cada duas batidas, demorou alguns minutos até sua irmã abrir a porta, irritada e descabelada.

– Es sábado, idiota. – E fechou a porta novamente.

Ah, claro, o fim de semana tinha chegado finalmente, estava começando e Elena estava completamente desatualizada de dias e horários, parecia que quando as aulas acabavam, o senso de tempo e espaço também acabava.

Se tivesse ido para a casa de Vance, teria voltado com um olho roxo, com certeza. Pensou, voltando para o quarto e pegando uma roupa, já estava acordada de qualquer forma, só precisava tomar um banho e passar o resto do dia transitando entre as casas dos amigas e o parque do outro lado da rua, que era um ponto de encontro de todos os adolescentes existentes naquela  cidade.

A água estava quente, o que era um milagre, passou tanto tempo acordando com água gelada que desacostumou a sentir seu corpo se acalmar com a água quente. Seu cabelo ficava fazendo cócegas nas costas, mas quando estava seco, ficava acima do ombro, ela odiava com todas as forças o fator encolhimento.

Em cima do prendedor de toalhas estava o casaco de tricô que Cher usava, ele não cobria a barriga, mas cobria os braços e era um meio termo para inverno e verão, iria usar, afinal, estava quase se tornando uma pré-universitária, indo para o ensino médio, faltava apenas alguns meses e estaria cada vez mais perto de ser dona de seu próprio nariz. Poderia muito bem ser dona da escolha de suas próprias roupas.

Sua irmã dormiria até às 3 da tarde, então Lena pegou 20 dólares que estavam em cima da mesa e saiu. 10 seriam para o fliperama, claro, só precisava esperar Vance acordar.

Quando abriu a porta, encontrou Finney Blake e Lily Johnson prestes a tocarem a campainha.

– Hey, Finney, Lily – fechei a porta.

– Estávamos pensando se era cedo demais para chamar você... – Finney tinha as bochechas coradas enquanto falava.

– Mas a sorveteria fez uma promoção de fim de semana e não queríamos que perdesse. Vamos, vamos! – Lily puxou a mão dos dois para fora – Ainda temos que passar no Arellano e ver se ele quer ir também, ele nunca foi muito de sorvete, mas a gente diz que tem sorvete apimentado e ele vai querer, com certeza.

– Isso é um estereótipo horrível, nem todos os latinos gostam de pimenta!

– Qual sua comida favorita, Lena?

Red - Robin ArellanoOnde histórias criam vida. Descubra agora