13. ALARME I

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A Última Noite - Jão
"Uma noite depois da noite
Em que a gente termina"

Josh

Os lençóis bagunçados tocavam minha pele enquanto eu abria meus olhos já descansados. Any ainda dormia sobre meu tronco e delicadamente, levantei da cama tentando não acordá-la. Graças a seu sono pesado, ela permaneceu a dormir.

Imaginei que Any estava cansada e despertá-la não parecia conveniente. Pelo contrário, queria fazer algo que a agradasse. Tateando as paredes, caminhei até as escadas com destino à cozinha.

Conheço muito bem esse lugar. É só eu me acostumar novamente, pensei. Abri os armários superiores e comecei com algo fácil: café.

Eu e Any, como bons amantes de cafeína, tínhamos o combinado de quem levantasse primeiro, faria café, quando namorávamos. Por que não relembrar essa tradição?

Inesperadamente, passei o café com facilidade e ao meu paladar, estava incrível. Depois, peguei um pote e passei a misturar os ingredientes para uma panqueca perfeita.

Em uma frigideira, executei a parte difícil de forma aceitável. Com algumas leves queimaduras, fui capaz de fazer uma torre de panquecas com direito a calda e frutas por cima. Com as mãos pairando à frente de meu corpo, fiz o caminho até a mesa e coloquei nossa refeição sobre ela.

Me recordei que da última vez que fizera compras, adquiri frutas vermelhas, algo que Gabrielly era apaixonada. Me dei ao trabalho de pegar mais um recipiente e servi-las. Enquanto caminhava, ouvi alguns passos agitados.

— Josh! — Any disse em bom som. — O que você está fazendo?

— Ah, oi, Any — disse ao colocar as frutas na mesa. — Acabei de fazer nosso café da manhã. Vem, vamos sentar.

— Mas... como...? — ela começou.

— Ah, eu consegui me virar.

Any suspirou e, evitando um silêncio repentino, se aproximou rapidamente e nos confortamos nas cadeiras. Ao dar um gole no café, ela comentou:

— E se virou muito bem, Josh. ' uma delícia.

Quando experimentei as panquecas, não pude deixar de perceber que realmente, eu havia me superado. Ela, então, continuou:

— Reservei o ginásio para hoje. Podemos começar a treinar para a final, se quiser.

Any já comentara sobre minha participação na última fase e a possibilidade se manteve muito possível em minha mente. Meu medo, no início, era que a cegueira fosse descoberta e consequentemente, uma possível desclassificação. Seriam muitos problemas para enfrentar.

Porém, acreditava que com muitos treinos, a condição poderia, sim, passar despercebida.

— Claro, podemos ir.

...

Antes do acidente, Heyoon e eu já havíamos decidido a sequência que eu apresentaria na final. Apesar do tempo decorrido, eu ainda me recordava devido à quantidade de treinos. Então, Any tentaria ser uma espécie de Heyoon, só que muito menos rígida.

Ice Castles | BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora