Oito

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O estabelecimento que pertence a matriarca da família Carter pode não ser muito grande ou cheio de extravagância mas com toda certeza é bastante convidativo, já que é próximo ao centro da cidade, tem um toque de Leila em todos os cantos e com um ótimo custo benefício, pelo menos é o que diz a placa de entrada. 

 O lugar era dividido em duas seções: loja e serviço. Ou seja, quando alguém entra no estabelecimento a primeira coisa que se vê é a lateral esquerda inteira coberta por espelhos, cadeiras acolchoadas, bancadas com produtos de cabelo e equipamentos de boa qualidade, onde são realizados todo os tipos de procedimentos possíveis: cortes, progressivas, hidratações, pinturas, aplicação de mega hair, serviços relacionados a cabelos sintéticos, e muitas outras coisas. 

 A lateral direita juntamente com o caixa e o depósito nos fundos são os espaços direcionados especificamente para a loja, ou melhor dizendo, o antro de perdição para as clientes do Leila's Cut. O lugar tinha tudo que era relacionado a cabelo, e quando se diz tudo é tudo mesmo. Uma vez Leila até chegou a faturar US$ 500 em um único dia somente com os serviços dessa parte. 

— Mãe, por favor! — Kali pede pela décima vez para a mãe que se arruma para deixar o salão. 

— Não. — Leila repete novamente para a filha enquanto procura a sua bolsa. — Viu a minha bolsa? — Pergunta olhando para os lados e a garota que estava atrás do balcão no fundo do espaço aponta para a prateleira ao lado da mãe. 

— É só uma hora mais cedo, ninguém nunca aparece nesse horário e eu estou aqui sozinha, o que é perigoso. — Argumenta a mais nova tentando mais uma vez fazer com que a mulher concorde em fechar o estabelecimento mais cedo. 

— Você entende que não está em posição de pedir nada não é? Porque está me parecendo que esqueceu o que fez. — Leila irrita-se e para de se arrumar encarando a filha. 

— Eu só queria encontrar os meus amigos antes de ir para casa. — Kali insiste enquanto continua a contar o dinheiro na caixa registadora. 

— Para de drama só faltam duas horas para fechar a loja, quando acabar pode ir. — Leila avalia, e quando a filha abrir a boca para interrompê-la novamente ela a corta imediatamente. — Você é surda? Eu já disse que não! — Brada finalizando a conversa e a garota morde a parte interna do lábio. — Ok, já vou indo, certo? Não se atrase para o jantar, eu e o seu pai queremos conversar com você. — Avisa se dando a volta no balcão da recepção. — Te amo. — Se aproxima dando um beijo na testa da filha. 

— Também te amo. — Retribui Kali fechando os olhos, então sente a mãe se afastar. 

— Se comporta hein. — despede-se e sai do local, fazendo o sino em cima da porta balançar. 

— Ótimo, não tem como isso melhorar. — Kali ironiza dando um suspiro alto enquanto tira o telefone do bolso de trás. 

  Já faz quase quatro horas desde que a garota chegou da minha escola e começou a ajudar a mãe com o salão, e como o movimento estava pequeno naquela tarde, a mais velha tinha decidido que a filha poderia segurar as pontas sozinha, afinal aquilo um dia seria seu. 

 Eis a questão, quando pequena por ser muito próxima à mãe, sempre admirou tudo que era relacionado a cabelos ou estética em geral. O  que com o tempo foi gerando uma enorme vontade de fazer parte de tudo aquilo, onde eventualmente sua mãe foi aos poucos ensinando-a tudo o que sabia. 

 Então para a garota esparramada na cadeira atrás do caixa que rolava entre seus contatos à procura do número do namorado, ficar no salão não era algo incomum.

𝐑𝐢𝐝𝐞 𝐎𝐫 𝐃𝐢𝐞 - 𝐉. 𝐓𝐮𝐫𝐧𝐞𝐫  [2]Onde histórias criam vida. Descubra agora