Capitulo IX

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"Beije-me com os beijos dos seus lábios, Pois as suas expressões de amor são melhores do que o vinho".
Cântico de Salomão 1:2


Aquela manhã veio como um tiro e a noite passou como se durasse míseros segundos. Fernand  não conseguiu dormir e sua ansiedade insistiu em lhe perturbar o suficiente para não ceder ao sono, quando finalmente conseguiu o sentir já era hora de começar o dia.

Levantou-se preguiçosamente da cama sentindo as costas estralarem, seus dias joviais estavam indo para o beleléu.

Decidiu tomar um banho frio primeiro, a água gelada sempre ajudava a despertar quando seus olhos não queriam obedecer em se manterem abertos. Torcia para se encontrar com Camala,então, era mais que prudente se arrumar como um cavalheiro.

Não imaginava que um dia em todos esses anos, uma mulher que mal conhecia o faria se levantar duas horas mais cedo apenas para tomar um banho reforçado e hidratar bem os cabelos. Fernand costumava apenas passar o dedo nos fios e sair, mas agora, lá estava ele! Penteando até mesmo sua barbicha de mosqueteiro com um pente pequeno.

Se avaliou um bom tempo em frente ao espelho até decidir estar apresentável. Planejava chamar a loira em um cantinho afim de retirar a máscara, revelar-se. Mas para isso, deveria exibir uma imagem que ofuscasse uma ficha com assassinatos e sonegação de impostos. Talvez ela não se atraísse por marginais.

- Acho que está bom.

Disse a si mesmo quando deu uma voltinha. A roupa escura lhe deixava elegante e usar o cabelo preso por uma fita acrescentou um certo charme. A camisa era branca desta vez, podia ser que uma variada fizesse bem. A calça valorizava seu traseiro e as pernas, isso podia ser bom caso a loira gostasse de reparar essas coisas.

Desceu até a cozinha decidido a não tomar café com Simon. Sabia que este iria tentar convence-lo de algum modo a não aceitar aquele trabalho. Por mais que este tenha o encorajado na noite anterior, seu mole coração não hesitaria em chorar e fazer cara de cão que caiu da mudança se o visse partir para o perigo. Então ponderou e decidiu evitar dramas desnecessários.


O mercenário montou um sanduíche natural no balcão antes de ir para o lado de fora dos fundos e se sentar no banco de madeira. Gostava de ficar ali encarando o jardim bonito, aquele local em específico era sempre quieto antes dos patos começarem a fazer "cuack!" escandalosamente.
Comia com calma bebendo um bom café amargo.

Emilly veio ainda vestida com a camisola clara se sentando  ao seu lado, Fernand revirou os olhos estendendo o braço afim de pegar uma manta próxima que estava estendida no varal. Cobriu a ruiva rapidamente antes que acabasse pegando um resfriado. Odiaria que contraísse uma pneumonia logo quando o primeiro filho estava por vir. Esses ventos matinais de Paryus não perdoavam no quesito ser gelado.

- Você está maluca? Acabou de levantar e vem para a friagem.

Repreendeu como um pai severo faria com uma filha teimosa.

- Eu tinha de vir aqui falar com você.

E a jovem nem pareceu se importar com isso.

- Não dava para esperar que eu entrasse?

- Não!

- Oque é então?

- Simon disse que você vai trabalhar no palácio, arriscar-se para conseguir seu objetivo e tal.

- Sim, e ele pediu para que você me convencesse a não ir?

- Não, eu vim por conta própria apenas lhe desejar sorte e pedir que tome cuidado.

O Cravo e a RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora