CapítuloIII

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Camila estava plácida no caminho de volta para casa, ao contrário de quando estava indo a cidade mais cedo.

Teresa se mantinha um tanto desconfiada daquele comportamento ameno que a menina inventou de ter no momento. Não era do seu feito ser tão quieta. Mas Camila estava em outro plano. Sua mente viajava longe bem além desta vida. Estava a pensar no cavalheiro que viu agora pouco. Em seus olhos negros e nos traços fortes que ele possuía.
Estava a imaginar de onde ele era, qual seu nome ou oque gostava de fazer. Se era misterioso ou um livro aberto, se gostava mais de doces ou salgados. Pensava se era um homem romântico ou durão. Qualquer pensamento do momento girava em torno daquele indivíduo.

Com Fernand não era diferente.

Durante todo o trajeto para a cidade vizinha, seus pensamentos rondavam em torno da camponesa do mercado. Os olhos dela haviam perfurado sua alma e agora ela transbordava desejo. Normalmente não olhava muito para as mulheres, vivia para o trabalho e estava focado demais nos seus afazeres para ter um tempo de folga para flertar. Damas por mais lindas que fossem passavam despercebidas. Por isso, estava a estranhar seu interesse pela donzela. Oque será que ela tinha de tão especial que o atraiu? Ele mal a conhecia e sentia que não poderia descansar até vê-la uma outra vez.

Camila conseguiu retornar ao palácio com Teresa. Mais uma vez, sem serem vistas. Entraram na propriedade real pelos fundos e então usaram os corredores dos empregados até conseguirem entrar nos aposentos da princesa. A loira já estava a rodopiar sentindo aquele doce sentimento que crescia de modo inocente, a paixão. Pura e deliciosa como só acontece na juventude.

- Oque você tanto pensa?-Teresa questionou se aproximando da sua patroa a ajudando a retirar o vestido.

Camila ponderou um pouco se deveria dizer, considerou melhor não. Teresa era uma pessoa amargurada principalmente no quesito amor, não ia querer alguém desencorajando seus sentimentos por mais tolos que fossem. Então pensou em uma boa desculpa.

- Só estou animada, feliz, satisfeita, conheci o mundo exterior agora a pouco, aprendi muito e senti coisas novas. Sou muito grata a você pelo que fez por mim hoje.

- Não há de que alteza- A ruiva sorriu com a doçura da outra corando um pouco.

As duas deram um breve abraço antes de terminarem oque estavam a fazer. A loira sentiu seu espartilho ser afrouxado e logo tudo oque lhe cobria ir ao chão. Não se importava com nudez, se sentia bem com seu corpo além de não ver maldade em ficar daquele jeito na presença da amiga.

Caminhou serelepe até o banheiro esplendoroso e dourado que só aquele palácio possuía. Era um paraíso com rosas delicadas e teto de vidro onde uma banheira a esperava já com água morna e alguns sais que contribuíam para manter sua pele acetinada. Entrou de modo vagaroso se sentando e relaxando. A água fazia bem a seus músculos expulsando a tensão deles. Sentia o cheiro suave de rosas imaginando qual seria o cheiro daquele homem, imaginava  uma mistura de creme de barba e lavanda, ou talvez algum óleo perfumado. A fantasia corria solta enquanto brincava com as mechas do cabelo e analisava o assunto em meio a tanta espuma.

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Um pouco Distante dali, Fernand seguia seu trajeto até Paparus.

Tinha  alguns minutos a cavalo até chegar ao destino desejado.
A casa do nobre que havia contratado seus serviços não era muito distanciada, ficava num campo verde próximo à saída da capital.  Não tardou a ver uma mansão de telhados azulados, paredes acinzentadas e grandes janelas. Conforme se aproximava pôde notar o jardim bem cuidado com árvores podadas em formatos de animais.

Colocou a máscara em sua face antes que adentrasse os domínios do cliente.

Assim que o vigia notou uma figura escura adentrar a propriedade, soou o apito para avisar a sua chegada. Os portões foram abertos dando total acesso ao mascarado até os aposentos do seu freguês.
Fernand desmontou de Bethoven o deixando aos cuidados de um empregado na portaria, para então adentrar o grande salão da mansão e seguir até o escritório. Não tinha toda a formalidade de um cavalheiro, simplesmente entrava reparando em tudo a sua volta, era tão desconfiado como uma serpente velha.

O Cravo e a RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora