Capítulo 1

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- Nós terminamos.

Contei para Andy pelo telefone.

- Eu te disse que ele não era pra você Pam. Você não perdeu, se livrou.

- Está falando isso porque é minha amiga. Ele era ótimo. Por que eu sempre estrago tudo?

- Você não estraga nada. Não consegue ver os defeitos dele porque ainda o ama. Amiga, você já se olhou no espelho? E depois olhou pra ele? Eu não aceito que esteja sofrendo assim.

Eu ri. Por mais que no fundo soubesse que Andy tinha certa razão em suas palavras, era como se não quisesse acreditar que aquilo era verdade. No fundo nunca queremos.

- Nós vamos sair a noite. Esteja pronta até as 20h.

- Não sei An... não estou muito no clima pra festa.

- É exatamente disso que você precisa. Se ficar em casa assistirá a filmes clichês ridículos e passará a noite toda chorando. Vamos ir na Bocadoro, as meninas também vão. Knickie nos leva.

- Não sei se é uma boa ideia.

- Eu não estou pedindo. Dessa vez você não tem escolha.

- Ahn... tá bom. O que não faço por você...

- Vai me agradecer. Beijinhos, Anne te ama.

Sorri desligando a ligação. Talvez uma boate não fosse tão ruim assim, afinal eu com certeza iria até alguma locadora alugar filmes românticos pra assistir me embriagando de vinho. Levantei-me da cama e fui até o banheiro para tomar um banho, esperando que aquilo tirasse a tensão que ainda sentia dentro da pele.

Terminei um "relacionamento" de quatro meses e ainda tinha receios se havia feito a escolha certa. Ele era um cara ótimo, sempre me tratou bem. Me levava às nuvens. Mas nos últimos tempos estava diferente, distante, estranho. Parecia que algo o incomodava. Então decidi terminar. Talvez tenha me precipitado, mas sei que não podia continuar como estava.

Após alguns minutos, saí enrolada em uma toalha e fui até o som do meu quarto ligar uma música para escutar me arrumando. Quem sabe aquilo desse um ânimo. Liguei o rádio e começou a tocar Like A Virgin, da Madonna. A maior. Comecei a cantarolar pelo quarto, enquanto retirava a toalha sensualmente e dançava de langerie na frente do espelho. O vinho que havia aberto antes estava começando a fazer efeito.

Enquanto procurava algo pra vestir, peguei meu telefone para olhar o último histórico de chamadas. O nome dele era um dos recentes. Seria difícil pensar que a nossa última ligação tinha sido pra terminar tudo. Após alguns minutos encarando o telefone, tomei coragem e cliquei sobre o contato, desejando tentar resolver as coisas entre nós. Até ouvir um grito de mamãe lá de baixo.

- Pamela! Abaixe esse barulho!

Corri até o volume e o baixei. Em seguida jogo o telefone sobre a cama afastando aquela ideia da minha mente, e vou até o meu closet, pegando um vestido cinza cintilante com um decote em v. Depois fiz um coque despojado no cabelo, deixando algumas mechas soltas na frente.

Calcei um salto prata e passei uma sombra preta, amava o contraste que dava com meus cabelos loiros. Enquanto passava creme nos braços acabei tomando um susto ao escutar um som alto de buzina do lado de fora.

Corri pegar a minha bolsinha e logo saio do quarto, descendo as escadas e vendo mamãe preparando as coisas pro jantar.

- Onde é que você pensa que vai Pamela!?

- Desculpe mamãe, Andy me obrigou. Provavelmente vou chegar tarde... não precisam esperar acordados.

- Pamela, quero você em casa até as 2h, no máximo! Amanhã você vai viajar! Não nega que é filha do seu pai.

Fui até ela e dei um beijo em sua bochecha, assim como em papai, que estava sentado na mesa lendo o jornal mas acabou olhando feio para mamãe quando escutou o que ela disse. Minha mãe pensou em relutar, mas eu já estava saindo pela porta antes que pudesse escutar seu novo sermão. Corri até o carro - apesar de ser um pouco difícil de salto.

- E aí gente.

Disse entrando na parte de trás do conversível de Knickie. Andy sentou-se no banco do passageiro novamente e virou-se para trás, me olhando com um sorriso divertido e uma camisinha entre os dedos.

- E então, vai transar hoje?

- O quê!? Andy!

- Estou brincando gata, relaxa. Mas a boate vai estar cheia e você é muito gostosa pra sofrer por um feio. Se eu fosse você não perderia a oportunidade. - disse dando uma piscadinha.

- O que quer dizer com isso, Andrea?

Knickie perguntou a encarando. Apenas ri, revirando os olhos. Andy o beijou e jogou a camisinha no chão. Ele passou o braço sobre os ombros dela, começando a dirigir até a boate. É... essa noite seria longa.

Motley Dirt - um amor perigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora