Capítulo 2 - Raiva

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 Olá, como estão? Espero que bem. Aviso novamente que alguns temas abordados são delicados e podem causar gatilhos, por favor, parem de ler caso sintam-se desconfortáveis.
Obrigada sempre pelo apoio.



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Entenda Roman, o que fez por mim no passado foi... memorável, mas, agora, nessa posição que estou, não posso te ajudar. É um ótimo "soldado", sei que pode fazer qualquer coisa.

 Caleb nunca se irritou tão fácil com alguém na vida quanto estava com aquele homem com quem falava ao celular. Fechou o punho.

— Espero que esteja realmente lembrado do que fiz e de quem eu sou, comandante Niels. – abaixou o tom, apoiou-se na mesa encarando a janela. — Pois, essa "posição" que tanto preza, só foi possível porque eu te dei. Sem mim... continuaria com aquela farda de guarda de trânsito.

Ah, Roman, se acalme. Acho melhor não ficar me ameaçando, pelo que sei, vocês não estão mais na ativa e, não desejo ter más relações contigo, então, por favor, menos. Isso é uma cidade pequena, pode encontrar um traficante de merda. Preciso desligar, boa sorte.

 Ele desligou o celular respirou fundo se ajeitando, continuava a ouvir os gritos de fúria da menina no quarto mais distante. Suspirou pesado. Teria que sair outra vez, mas faz duas semanas que Natasha está sem os efeitos dos remédios, então o inferno na terra era a definição certeira para o momento. Vê-la tão nervosa, ansiosa e cheia de mudanças de humor não era algo fácil.

 Zelda tem ligado por chamada de vídeo para conversar com Natasha, apesar de ela não responder muitas vezes, a escutava, também fora a única pessoa com quem aceitou ter sessões. A psiquiatra informou que Nath precisaria sim de medicamentos, mas, como Caleb já impossibilitou a compra de remédios, o processo da menina seria bem mais doloroso.

 Como poderia lidar com aquela outra personalidade sem o controle de remédio? Natasha precisa de lucidez e não está tendo, vai além de se amortecer com os efeitos, mas a mente dela se recusar a fincar os pés no chão. Caleb a dois dias teve que segurá-la novamente para que Aziza cortasse aquelas unhas mais afiadas do que garras, estava ferindo-os e a si mesma. E a culpa, o medo, o terror dentro dela é tão grande que acredita fielmente que se flagelar é a solução.

 Caleb teme mesmo que a menina tente suicídio novamente e por isso tirou tudo o que é perigoso e não perigoso de perto dela e de toda a cabana. Só que ele não pode ficar o tempo inteiro com Natasha, precisa encontrar esse traficante, há o que parece uma "pequena" quadrilha pela região. Caleb já tardou demais, mandando esse desgraçado embora, pelo menos não terá que trancá-la, se fugir para a floresta é menos pior do que ir atras de drogas.

 Respirou fundo deixando o que seria pontiagudo ou possível arma ali e seguiu para o quarto onde o silêncio era mais assustador do que os gritos. Encontrou a enfermeira coçando os olhos.

— Ela te machucou?

— Não, senhor, é que... Natasha não apresenta um quadro de melhora, isso é sintoma da desintoxicação, mas, ao mesmo tempo...

— Ela tem traumas Aziza, não é apenas o vicio dos remédios que devemos curar, mas a mente. Natasha não age consciente, as palavras, suas ações, são tudo pelo mundinho que está. – suspirou. — É uma garota cheia de potencialidades, Natasha tem um cérebro brilhante, é engenhosa e habilidosa com tudo o que se propõe a fazer e vê-la assim... Me dá pena.

— O senhor gosta muito dela não?

— Gostar ainda é uma palavra forte para alguém como eu, mas, se não tivesse um mínimo de apreço, talvez nem tivesse a tirado de onde estava. –acenou. — Ficarei alguns minutos, preciso ir à cidade pra tentar conseguir alguma coisa da polícia local.

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