Capítulo 5 - Aceitação

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 Eu venho avisar aqui que o transtorno citado em todo o livro, "transtorno dissociativo de identidade", é um desequilíbrio psicológico que causa alterações na percepção de si mesmo e precisa ser tratado devidamente. É algo sério a ser levado ao psiquiatra e um tratamento adequado.

 A abordagem nessa história foi diferente, até mesmo sobre o estágio do luto, tudo foi pensando de maneira ficcional, é preciso tomar muito cuidado com a nossa saúde mental. Todas as personagens são fictícias, as situações são criadas e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

 Agradeço sempre pelo apoio e carinho de todos vocês, e acredito que terá apenas mais um capítulo para encerrar esse arco e então já podem esperar pela continuação de G.U.Y.

•☠•

 Aceitar a morte nunca é algo fácil, mesmo que se fale dela todos os dias. É o ciclo natural. Mas, e quando ainda está vivo, mas se sente morto? Ou ao abandonar alguém, largando-a, realmente como se tivesse morrido? Mas, apenas, somos nós esquecendo-as.

 Como se nunca tivessem existido.

  A aceitação do luto é exatamente o contrário. "Conviver pacificamente com a perda". "Compreender a nova realidade pela ausência do ente querido."

"— Não esqueça as boas memórias."

 Foi o que Zelda disse.

 Só que para mim... as "memórias boas" são como as fases desse maldito luto.

 Fases. Se eu puder dizer uma das definições do dicionário.

 "Cada período, cada uma das etapas de algo em desenvolvimento ou do que sofre sucessivas alterações: As fases do tratamento."

 Sucessivas alterações.

 Essa é a frase que me define.

 Encarar o espelho é vazio. Eu não sei quem me enxerga de volta. Zelda diz que está tudo bem, é um processo lento. Caleb garante que logo essas personalidades se transformarão em uma.

 Mas é horrível! Horrível se olhar e não saber qual delas realmente é você. Sinto tristeza e raiva ao mesmo tempo.

 Devo me esconder? Devo seguir em frente? E sempre que faço essas perguntas eu encaro esse anel. Ele pesa tanto, assim como meu coração dolorido, a saudade, a sede de vingança sobe de imediato. Só que... De quem mais vou me vingar?

 Eu já matei Uriel.

 Tenho sangue nas minhas mãos e não somente dele, mas de pessoas inocentes também. Matei sem necessidade, e me culpo, não queria ou... talvez quisesse. Eu não sei de mais nada esse é meu grande problema.

 Caleb tem sido estranho. Digo isso porque, de todas as pessoas do mundo que poderiam estender a mão para mim, ele foi a última que pensei. E sendo assim... De certo modo gentil, é surpreendente.
Ele está longe de ser um pai, uma família, é um tutor, um professor, ainda há uma linha que nenhum de nós cruza. Só que... às vezes, ele pede para tocar piano, afaga minha cabeça numa caricia tão singela, mas eu gosto, apenas não comento.

 É o tipo de pessoa que você o ama ou o odeia. Seus olhos não escondem nada, mesmo que esteja escondendo, as pessoas temem encará-lo e não envolve nada de sua profissão, mas, porque ele intimida. É como se ele pudesse ler sua alma. Pessoas temem aquelas que conversam olhando nos olhos.

 E ele é alguém que nunca vai desviar o olhar, mesmo na frente do maior perigo, da pessoa mais nojenta. As pessoas não sabem lidar com alguém que é seguro de si a ponto de não precisar se esconder em mentiras brandas, frases agradáveis, gestos controlados. Ele é o que é.

Memento MoriOnde histórias criam vida. Descubra agora