capítulo 3

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Em casa, Porchay subiu com Macau para o quarto e se jogou na cama agarrando sua coberta favorita. O menino não havia dito nenhuma palavra desde que saiu da festa e aquele silêncio deixava Macau preocupado, nunca tinha visto seu amigo naquele estado.

- Chay você quer conversar comigo? - tentou iniciar um assunto.

- Eu estraguei nossa noite né? - Porchay perguntou meio culpado.

- Óbvio que não - Macau tentou confortá-lo - não tem nada errado em demonstrar seus sentimentos e alguma hora ou outra você teria que parar de ignorar tudo.

- Eu não quero voltar com o Kimhan - parecia ironia ouvir Porchay dizer isso considerando tudo que ele passou durante essa semana.

- Mesmo? - o encarou com uma expressão confusa.

- Quando eu e Kim começamos a namorar ele foi incrível, parecia estar ali 100% e ele sempre me fez me sentir muito confortável com a sua presença - lembrou do início de seu relacionamento - mas de umas semanas para cá ele não estava só fisicamente distante como emocionalmente também.

Macau escutava tudo que seu amigo falava atentamente. Porchay falava bastante sobre seu relacionamento quando precisava de conselhos e outros momentos legais que seria legal compartilhar com o amigo mas nunca foi além disso. Ele tinha total noção de que não precisava falar sobre Kim em todas as suas conversas com seu amigo.

- Mas de qualquer forma eu me sinto muito triste, porque querendo ou não, uma grande parte da minha vida com a qual eu estava acostumado foi embora do dia para noite - Macau balaçou a cabeça em concordância.

- Eu lamento que tenha passado por isso, Chay - Macau não tinha muitos conselhos para lhe dar agora - você foi uma namorado excepcional e é uma pena que com o tempo ele tenha deixado de ver isso - apesar de tudo Porchay ainda acreditava que tinha feito algo de errado, mas guardaria esses sentimentos para si pois Macau não o entenderia.

Porchay estava completamente errado, talvez Macau o entendesse mais do que ele mesmo.

🌼

O som da campainha ecoava até o último quarto do segundo andar da casa dos Kittisawasd. Porsche estava dormindo na casa do namorado porque, a princípio, Porchay dormiria fora. Então Macau seria a pessoa a atender a porta já que Porchay estava dormindo tranquilamente e o mais velho não o acordaria depois de ter o escutado chorar baixinho de madrugada.

Pegando o celular para ver se seu irmão tinha mandado alguma mensagem, notou que já eram 11:35 mas felizmente era um sábado então os meninos não precisariam se preocupar com escola. Caminhou em passos sonolentos até o lado de fora da casa mas sua expressão cansada mudou para séria assim que viu aquela figura parada no portão.

- Kim? - abriu o portão - o que está fazendo aqui?

- Cadê o Porchay? - entrou sem ao menos receber um convite atrás de seu ex namorado.

- Ele tá lá em cima o que você... - parou de falar assim que Kim colocou na frente seu celular com um vídeo onde mostrava Porchay cantando na festa de Nook.

- Que porra é essa aqui? - perguntou nervoso.

- Ele estava bêbado, Kim - Macau explicou.

- Então você estava lá também - disse rindo - era óbvio que você teria algo a ver com isso.

- Do que você esta falando? - Macau não estava entendendo direito sobre o que Kim estava querendo dizer.

- Você carregou Porchay para uma festa e o deixou beber e fazer coisas estúpidas sabendo que aquela seria a primeira vez né? - Kim soava como o idiota completo que Macau sempre o achou - o que você tinha na cabeça?

- Coisas estúpidas seriam mandar você se foder? - Macau agora estava meio exaltado - eu achei que foi pouco.

- Você está usando o Porchay para me atingir porque quer voltar com aquela rivalidade infantil ridícula? - apontou o dedo para Macau.

- Você está completamente louco - riu indignado - eu não fiz absolutamente nada, e talvez você deva se perguntar porque seu ex namorado tomou tantas atitudes de forma impulsiva.

- Porchay nunca faria isso.

- Você realmente o conhece? - perguntou - você não namorava um boneco de porcelana, ele pode ir a festas e beber se ele quiser. Diferente do que você pensa, ele tem opiniões e vontades próprias.

- Onde você está querendo chegar? - Kim perguntou já fora de si.

- Que você nunca o deixou confortável o suficiente para ser como ele é totalmente - gritou - Porchay queria parecer sempre perfeito com você e diferente do que ele mostrava, ele é um ser humano que também tem inseguranças.

- Eu sei disso - seu tom que estava alto agora parecia estar se diminuindo aos poucos - não fale como se eu não tivesse tentado porque você não sabe de nada.

- Sabe o que eu sei? - o olhou furioso - que há três dias você terminou com o seu namorado sem dar explicações e logo depois apareceu em festas enquanto ele estava chorando por você achando que fez algo de errado.

- Você gosta dele? - a pergunta saiu dos lábios de Kim de forma inevitável.

- O que? - por essa Macau não esperava.

- Você gosta dele? - parecia mais uma afirmação do que uma pergunta.

- Kim isso é sério? - ele não tinha uma resposta para isso ainda.

- É óbvio que gosta, eu nunca consegui enxergar como você o olha mas depois disso eu não tenho dúvidas nenhuma.

- Essa não é a questão! - Macau não acreditava que Kim fosse capaz de ignorar tudo que ele havia dito. A única coisa que importava agora era como Porchay estava magoado. Macau poderia ignorar seus sentimentos como vem fazendo há um tempo.

- E qual é a questão então? - Kim já havia entendido os sentimentos de Macau por Chay. Apesar disso, aquele não era o momento para falar sobre isso. O seu ciúme por Macau ter conseguido de novo "algo seu" aparentava estar o consumindo. Mas Porchay não pertencia a Kim e Macau não poderia roubá-lo, porque ele é um ser humano e não um objeto. Kim não parecia entender isso muito bem e no final, a tal volta da antiga rivalidade só existia em sua cabeça.

Macau estava fora de si. Ele sabia que Kim não era burro, era apenas um idiota, e talvez toda essa raiva por ter que encarar o primo se fazendo de sonso tenha sido a motivação para socar seu rosto.

- Você ficou maluco? - já era de se esperar de Macau levaria um soco de volta pois Kim nunca o deixaria ileso pois apesar de ser calmo, seu tipo se tornava briguento assim que o fosse provocado.

Os sentidos parecem ter voltado a Macau assim que levou um soco e enquanto sentia seu lábio sangrar viu Kim passar pelo portão com muita fúria em si e entrar em seu carro. Ele fugiu de novo assim como tinha fugido de Porchay.

I can be a better boyfriend than him; macauchay Onde histórias criam vida. Descubra agora