Fluxos Temporais

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[AVISO: Contém hot, não leia caso não se sinta confortável.]

   Poderia ser apenas mais uma comum quinta-feira de trabalho no laboratório, mas por razões completamente desconhecidas por quase todos ali presentes, aquele estava sendo um dia extremamente torturante.

   Nemu mirou seus belos olhos verdes em direção ao relógio que trabalhava incessantemente na parede do laboratório – tic-tac – horas, minutos e segundos se passavam, mas naquele dia, diferente de todos os outros, a percepção de tempo da tenente da 12ª divisão encontrava-se um tanto quanto distorcida.

   Eram 10h45 da manhã, e após verificar pela 26ª vez o horário aquele dia, continuou caminhando – aparentemente tranquila – pelo laboratório, tomando notas e distribuindo orientações aos cientistas que ali trabalhavam. Nemu estava muitíssimo acostumada a supervisionar os trabalhos científicos na 12ª divisão, adorava seu emprego, mas não conseguia entender como o tempo podia estar tão misteriosamente "parado" naquela manhã.

   Isso se dava a um fenômeno já conhecido pela cientista, mas aquela foi à primeira vez em suas duas vidas que pôde sentir seus efeitos de maneira tão intensa. "Percepção relativa de tempo e espaço" este era o nome cientificamente correto para sua ansiedade, bem como para a latente sensação de que o tempo estava passando torturantemente devagar.

   É claro que isso tudo era uma forma mais polida, politicamente correta e melhor elaborada para justificar a natural, porém constrangedora verdade: ela estava se sentindo extremamente excitada.

   Além das causas naturais, a dita excitação era perfeitamente justificável  pelo fato de que a mulher de cabelos negros havia se casado há pouco mais de três semanas. E por uma porção de motivos – em sua maioria de ordem laboral – havia tido pouquíssimas oportunidades de consumar seu tão recente compromisso.

   Pela terceira vez naquela manhã, ela adentrou o escritório de seu capitão e marido, a fim de atualizá-lo sobre o progresso de seus subordinados. Ele usava suas tradicionais vestes de shinigami e o imponente haori branco com o símbolo de sua divisão, bem como sua chamativa pintura preta e branca cobrindo todo o seu corpo. Nemu pôde avistá-lo passando seus brancos dedos pelas mechas azuis enquanto suspirava profundamente, analisando diversos papéis de natureza burocrática.

   Nemu sentiu o calor que havia em si desde que acordara aquela manhã aumentar drasticamente. Ela não saberia explicar se perguntassem o motivo, mas ela sempre sentia seu desejo pelo marido aumentar ao vê-lo completamente focado em suas tarefas.

  Embora eles já tivessem uma vida sexual antes do casamento, nesses dois meses que haviam se passado desde a fatídica perda da virgindade, a oitava e última vez em que se relacionaram tinha acontecido na quinta-feira passada, e Nemu estava, por falta de termo melhor, subindo pelas paredes.

   Ela tentou afastar os pensamentos impróprios e se concentrar no que tinha em mãos:

— Aqui estão os resultados mais recentes, Mayuri-Sama — disse estendendo as anotações que havia feito em sua caderneta na direção dele.

   Ele ergueu o rosto, pegou as anotações e rapidamente seus olhos amarelos passaram a correr pelas linhas ali escritas por Nemu. Havia certa ansiedade nas ações do capitão, pois estavam atrasados em suas pesquisas. Enquanto trabalhavam em um projeto extremamente sigiloso e pessoal – o qual havia sido fundamental para a obtenção da permissão do casamento – perderam vários dias de serviço, e agora precisavam recuperar o prejuízo.

— Excelente, me atualize novamente dentro de uma hora — solicitou categórico, voltando sua atenção à papelada que analisava anteriormente.

— Sim, Mayuri-Sama — concordou, dirigindo-se a sua mesa que ficava do outro lado do escritório.

A Viagem de NemuOnde histórias criam vida. Descubra agora