※ Prólogo ※

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   Algum tempo após a guerra, toda a Soul Society já havia se recuperado, ao menos fisicamente

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   Algum tempo após a guerra, toda a Soul Society já havia se recuperado, ao menos fisicamente. Os quartéis haviam passado pelas reformas necessárias e todas as divisões do Gotei 13 haviam retomado suas atividades. 

   Na 12ª divisão, Kurotsuchi Mayuri mantinha seu posto de Capitão e superintendente do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento junto de sua tenente, Nemu, que havia finalmente chegado ao nível de desenvolvimento necessário para voltar a exercer integralmente todas as suas tarefas.

   Desta forma, a hierarquia da 12ª divisão pôde finalmente se restabelecer, em termos, pois embora tivesse literalmente nascido de novo após ter sua vida ceifada na batalha contra Pernida, o cargo de tenente ficou em modo "standby" até Nemu crescer novamente.

   Akon ajudava Mayuri, especialmente nos assuntos do Instituto, como uma espécie de tenente interino, enquanto Nemu crescia, se desenvolvia, e ia aos poucos retomando suas atividades.

   A esta altura, Nemu já havia retomado sua antiga aparência e grau de desenvolvimento.

   Apesar de prevalecer a sensação de que tudo voltava a ser como antes, muitas coisas haviam mudado, especialmente na personalidade de Nemu.

   Em uma tarde de outono, Capitão e Tenente trabalhavam no laboratório principal do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da 12ª divisão

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   Em uma tarde de outono, Capitão e Tenente trabalhavam no laboratório principal do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da 12ª divisão.

— Nemu, onde estão os relatórios dos níveis de partículas espirituais medidos nas cobaias nove e dez? — Mayuri perguntou, com seu tom usual.

— Irei trazê-los imediatamente, Mayuri-Sama.

   Rapidamente, Nemu se deslocou até o escritório particular do Capitão, — mais especificamente em um cantinho onde ele descansava por algumas horas quando virava a noite no laboratório e não ia para casa — pegou os relatórios e os levou até o laboratório principal.

— Aqui estão — disse Nemu, entregando-os com sua cordialidade e respeito usuais.

— Eu já disse um milhão de vezes que quero esses relatórios organizados no laboratório e não espalhados pelo quartel! — berrou o Capitão, pegando os relatórios das mãos de Nemu com certa agressividade.

— Mas foi o senhor que os levou ontem para os seus aposentos...

— O que está dizendo? Quer me culpar pela sua falta de organização? — Rebateu, encarando seriamente a subordinada. — Eu não tenho tempo para essas coisas, se você não serve nem para manter os dados das pesquisas organizados, foi inútil criá-la.

   Por um instante, Nemu sentiu um desconforto em seu peito e um enorme desejo de responder à altura. Seus lábios se abriram levemente, mas não disse nada.

   Era estranho sequer pensar em dar uma resposta, ele era assim, se importava o suficiente para trazê-la de volta à vida, consertá-la quantas vezes fosse necessário, mas também a usaria como arma, cobaia, escudo, e claro, a repreenderia com frieza ou fúria.

— Ele sempre foi desse jeito — Pensou. — Por que estou sentindo essa frustração tão grande por algo que já devia ter me acostumado?

Após alguns minutos de silêncio ensurdecedor, Mayuri se pronunciou novamente:

— Quero que compare esses dados com os relatórios referentes às cobaias três e sete — solicitou, num tom um pouco mais calmo, porém ainda ríspido.

— Sim, Mayuri-Sama — respondeu Nemu prontamente. — Os entregarei às 18h em ponto.

— Às 18h? Por acaso você sofre de alguma doença cognitiva? — rebateu incrédulo. — Agora são 14h30, você precisa de mais de quatro horas para fazer uma simples comparação de dados?

— Não senhor, mas estou de saída e retornarei até as 17h. — Nemu manteve a expressão neutra ao se pronunciar.

— Está de saída? — questionou ironicamente. — E o que você tem de tão importante para fazer que a impeça de cumprir minhas ordens?

— Estou indo para a reunião da associação de mulheres shinigami — Nemu respondeu num tom calmo, porém decidido.

— Você o quê? — Mayuri indagou boquiaberto e com os olhos amarelos arregalados.

— Farei a comparação de dados assim que voltar. –— Curvou-se em uma breve reverência e partiu num shunpo.

   Por um momento Mayuri ficou imóvel, digerindo a atitude de sua subordinada.

— Quando ela se tornou tão insolente? — Pensou, sentando-se atônito numa cadeira frente aos monitores que havia no laboratório. — No final ela estava tomando decisões sozinha, mas... Levou bem menos tempo dessa vez.

— Capitão, já temos os resultados da última cobaia, o senhor quer que... — disse Akon ao entrar no laboratório, interrompendo-se ao notar a expressão perturbada de Mayuri. — Capitão? Está tudo bem?

— O quê? — Mayuri respondeu, como quem sai de um transe. — Tudo bem, Akon, eu só estava pensando.

  Durante aquela tarde, Kurotsuchi Mayuri ficou pensando em sua subordinada e em seu processo evolutivo. Além da aprendizagem de Nemuri Hachigou ter sido ao menos 35% mais veloz que sua versão anterior, Nanagou, também havia uma mudança comportamental sutil, porém perturbadora.

  Agora, Nemu falava com mais firmeza, ousava querer coisas, fazia mais perguntas, mas aquela foi a primeira vez em que ela ousou estabelecer uma prioridade.

  Poderia ser alguma falha genética? E se fosse uma falha, até que ponto a obediência de Nemu estaria comprometida?

   No entanto, Shinigamis "normais" não eram totalmente obedientes, ainda que fossem leais, e embora Nemu fosse — em partes — uma alma modificada, ela havia se provado independente em sua vida anterior, tendo sido sua desobediência a prova de que Mayuri havia obtido sucesso ao criá-la.

   Tais pensamentos deixaram Mayuri curioso e ao mesmo tempo um tanto perturbado.

A Viagem de NemuOnde histórias criam vida. Descubra agora