Eleonor

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Eleonor, uma mulher fálida, destruída e arrasada, seus sonhos que outrora pareciam se tornar reais agora eram seus mais profundos pesadelos, havia chegado ao topo do sucesso, mas também chegara ao fim tão rápido quanto chegou.
A mulher de 35 anos andava pelas ruas desertas da cidade, os cabelos desgrenhados, as roupas rasgadas e a maquiagem borrada, seus olhos estavam vermelhos, talvez pelo choro ou pelas drogas que ingeria diariamente, seus passos eram cambaleantes e tropegos, andou tanto até encontrar uma casa toda pintada de verde e enorme, parecia um hotel.
A mulher entrou na casa e foi recebida por uma mulher gorda com a cara coberta por maquiagem, os olhos pintados de preto e os lábios tingidos de vermelho, peitos enormes que pareciam rasgar os botões de sua blusa social.
-Olá, o que lhe traz aqui? - a mulher sorriu para Eleonor, seus olhos demonstravam um brilho malicioso assim como seu sorriso.
-As pernas é que me trazem - disse Eleonor com a voz embargada pela bebida e drogas que ingerira antes de se jogar nas ruas.
-Pois bem, será suas pernas que vão lhe ajudar aqui - comentou a mulher gorda se aproximando de Eleonor - qual o seu nome?
Eleonor sorriu com a pergunta e demorou-se um pouco para responder à mulher.
-Eleonor, meu nome é Eleonor - a mulher gorda lhe envolveu os ombros com o braço e a puxou pela sala.
-Você será minha atração principal, querida - repetia a mulher enquanto caminhava e um sorriso cortava-lhe as bochechas - meninas, temos uma nova garota - anunciou a mulher assim que abriu a porta de outro comodo onde muitas mulheres se encontravam semi-nuas, a maioria de cabelos negros e lábios pintados de vermelho - essa é Eleonor.
-Olá, Eleonor - comprimentaram as mulheres gargalhando - espero que se sinta acolhida aqui e tenha muito prazer - continuou uma mulher.
Eleonor foi levada para um quarto onde estavam outras quatro mulheres que pareciam assustadas, duas delas eram morenas, a terceira era loira, mas um loiro escuro que poderia ser considerado castanho e a ultima era uma mulher com a face marcada pela idade e os cabelos com tons grisalhos mesclados com fios negros como a noite.
A mulher de 35 anos parecia bem animada para aquela situação, sua risada escapava por seus lábios e suas mãos tateavam os bolsos a procura de algo.
-Onde eu guardei? Aqui está - disse Eleonor ao retirar um pacote com um pó branco e um pedaço de papel do bolso - vocês querem? Só tenho um pouco, dá uma carreira para cada uma - dizia a mulher abrindo o pequeno pacote e despejando parte de seu conteúdo sobre a comoda - não vão querer? Melhor assim, sobra mais para mim.
Eleonor prendeu seus cabelos castanhos claro em um coque frouxo e enrolou o papel como se fosse um canudo, com um cartão de alguma empresa qualquer ajeitou o pó em uma fileira fina e comprida.
A mulher aspirou o pó para dentro de suas narinas utilizando o canudo, logo sentindo a euforia que a cocaina lhe dava invadir seu corpo como um furacão em chamas, queimando as paredes internas de seu nariz e acendendo seu espirito.
As outras mulheres nada disseram, estavam assustadas demais para falar qualquer coisa e olharam para a porta quando esta se abriu e a mulher gorda surgiu em seu batente.
Uma das mulheres foi levada de lá pela mulher gorda que recebera Eleonor, as outras se encararam sem saber o que iria acontecer com a companheira ou consigo mesmas.
-Por que não falam nada? São mudas? - zombou Eleonor rindo da própria pergunta e guardando o resto da cocaina e o papel em seu bolso - sou Eleonor e vocês?
-Eu... Sou Jéssica e aquela que foi levada era minha namorada, eu... - a garota começou a chorar, seu soluço ecoava pelo quarto - eu estou com medo, não queria estar aqui - choramingou a garota encolhendo-se e abraçando suas próprias pernas.
-Por que não conta o que aconteceu contigo? - Eleonor sentou-se no chão, o efeito da cocaina ainda lhe fazendo efeito, deixando seu corpo tenso e a adrenalina percorrendo seu corpo.
-Eu... Precisava de um emprego... Meus pais haviam me deserdado... Porque... - as lágrimas vieram em uma torrente e um soluço doloroso escapou dos lábios de Jéssica - porque descobriram que eu era... Lésbica e eles disseram que não queriam o desgosto de ter uma filha sapatona...
A garota deitou-se no chão, seus braços envolvendo suas pernas e as lágrimas caindo sem parar, os soluços pareciam se tornar gritos, e a garota sussurrava palavras desconexas como se fosse um mantra, Eleonor achou aquilo engraçado, não sabia dizer se era efeito da cocaina ou se era a comicidade da cena da garota de, no máximo 24 anos, se jogando no chão e ficando em posição fetal como se ainda estivesse no útero de sua mãe.
Aos poucos o barulho ao redor do comodo aumentou, tornando os lamentos da garota inaudiveis, como se tornasse um segundo plano musical, um playback mal feito e desconexo, que não encaixava-se em nada com a sinfonia principal.
Gemidos eram ouvidos, alguns doloridos, outros de prazer, as camas rangendo ecoavam pelo comodo e Jéssica tornou a gritar assustada, seu corpo tremia e se encolhia, arrastando-se para o canto do quarto.
-Meu nome é Clarice - disse uma das mulheres assim que Jéssica se afastou - você é nova aqui então vou lhe contar sobre a Jéssica.
Eleonor encarou a mulher sorrindo e se aproximou mais para ouvir a história.
-O nome dela não é Jéssica, ela dá um nome diferente para cada pessoa daqui e sempre conta uma história diferente, ela é louca - sussurrou a ultima parte e seus olhos estavam arregalados como se estivesse contando um segredo - ela perdeu os pais cedo e desde que eles morreram adquiriu sindrome do pânico, depressão e loucura, a garota que foi levada é a irmã mais velha que acabou vindo para cá por conta do dinheiro.
Eleonor estalou a lingua contra o céu da boca e soltou uma gargalhada deitando-se no chão.
-Estou eu cercada de loucos ou será eu a única louca deste lugar? - disse a mulher gargalhando fraco enquanto sentia sua garganta seca, como se não bebesse nada há dias - onde encontro àgua neste lugar?
-Tem àgua no banheiro, você vai ter que beber da torneira - respondeu Clarice ignorando o acesso de loucura da mulher, afinal, a loucura parecia contagiar o mundo atual, como se fosse a nova epidemia do século XXI.
Eleonor se levantou cambaleante, um sorriso no rosto pálido, quase translúcido, seus olhos agora não tão vermelhos eram cinzentos como um dia nublado, nas manhãs frias de inverno.
A passos vacilantes a mulher entrou no banheiro, suas mãos tateando as paredes em busca de apoio para andar, suas pernas fraquejavam e a euforia dominava cada canto de seu ser.
Ao abrir a torneira enferrujada enfiou a cabeça ali, recebendo a àgua gelada contra seu rosto e absorvendo parte do liquido que possuia um gosto metálico.
O liquido escorreu por sua garganta e parecia possuir um gosto diferente, um gosto doce apesar do sabor enferrujado que a àgua adquirira.
Seu corpo estava febril, como se estivesse em chamas dentro de uma fogueira sendo queimada como se fosse uma bruxa da Idade Média.
Aos tombos e tropeços a mulher voltou para o quarto e em um momento de histeria jogou-se no chão e começou a gargalhar, gargalhou tão alto que sua voz tornou-se rouca, a garota de nome Jéssica observou a mulher e riu-se com ela, ambas usufruindo de um momento de loucura psicótica.
Clarice e a outra mulher, que não havia se apresentado, observavam caladas, haviam aprendido ao longo do convívio com Jéssica que era melhor deixá-la em sua loucura e esperar que esse pequeno distúrbio passasse.
-A vida realmente é extraordinariamente hipócrita, assim como as pessoas que vivem nesse inferno - gritou Jéssica abraçando Eleonor e as duas ficaram abraçadas deixando que a euforia diminuisse.
Alguém bate na porta, as quatro mulheres, agora com o acesso de loucura momentanea encerrada, se encaram a espera de que uma delas se levante para abrir a pesada porta de madeira.
Eleonor se dispôs a fazê-lo, já que nenhuma das outras parecia querer se mover, ao abri-la encontrou a mulher gorda e maquiada a sua frente, u sorriso adornando seus lábios carmim.
-Querida Eleonor, era por você mesmo que procurava, venha - a mulher sorriu gentil e a puxou pelo braço para fora do quarto.
Fora do cômodo o barulho era infernal, gritos, palmadas, gemidos e o ranger das camas, tudo parecia ter ampliado de volume assim que botara os pés para fora.
As duas mulheres seguiram pelo corredor mal iluminado até uma porta branca com lascas de tinta retiradas e caidas no chão.
-Tem uma roupa sobre a cama, quero que a vista e quando estiver pronta bata três vezes contra a porta - a mulher de lábios vermelhos como sangue abriu a porta, dando passagem para que Eleonor entrasse, assim que ela o fez a porta foi trancada.
Eleonor caminhou pelo quarto, seu corpo latejava e queimava, sentia em seu ventre um formigamento delicioso, a euforia que a cocaina havia lhe dado ainda estava presente e suas mãos tatearam a cama macia encontrando uma calcinha de renda preta e um sutiã da mesma cor.
Com lentidão a mulher se despiu, o riso frouxo escapando por seus lábios e a excitação tomando conta de si, enquanto tirava suas roupas aproveitava para tocar-se, suas mãos acariciando a carne macia e um pequeno gemido escapou-lhe pelos lábios carnudos.
Suas mãos desceram por sua virilha e seu dedo indicador passou a massagear seu clitoris, um gemido satisfeito ecoou pelo quarto e a porta se abriu rangendo como em um filme de terror.
Apesar do barulho no quarto a mulher não ligou e tornou a tocar-se, seus dedos invadindo-lhe a região necessitada.
Logo a porta se fechou em um baque surdo e mãos grandes apalparam-lhe a bunda carnuda, acariciando com força e rigidez.
-Garota, você é a minha preferida a partir de hoje - sussurrou o homem que acabara de entrar no quarto enquanto roçava seu membro já ereto contra as nádegas firmes da mulher a sua frente - quero muito te foder inteirinha.
Eleonor deixou um gemido alto e languido escapar de seus lábios com o comentário do homem e lhe apalpou o pênis por cima da calça jeans recebendo um beijo em seu pescoço.
-Boa garota, tão direta - sussurrou o homem ao pé do ouvido de Eleonor - certamente é minha favorita.
Em um movimento rápido o homem a jogou contra a cama e retirou seu cinto lentamente, fazendo o barulho do couro roçando no jeans se tornar alto e excitante.
Eleonor riu-se de forma maliciosa e dobrou uma de suas pernas enquanto apoiava seu tronco com os braços, suas pernas levemente abertas revelavam sua entrada úmida que formigava de desejo e excitação.
-Se continuar assim vou chegar ao orgasmo sem tocar-lhe - o homem abaixou as próprias calças junto com sua peça intima revelando seu membro rígido e pulsante - adoraria que me chupasse.
Eleonor sorriu e passou a lingua por seus lábios o umidecendo e engatinhou na cama até ficar de frente para o homem e na beirada da cama.
-Aproxime-se - chamou a mulher abrindo suavemente os lábios e o homem se aproximou, seu membro pulsando de excitação, o sangue circulando mais rápido e quente em suas veias.
A mulher abaixou o rosto e beijou-lhe toda a extensão do membro viril e enfiou apenas a cabeça em sua boca, rodeando a região com sua lingua quente e aveludada, contornava-lhe as pequenas veias que pulsava ali e raspou suavemente os dentes, causando um gemido alto no homem e um leve puxão em seus cabelos longos, agora desfeitos do coque.
-Você está em primeiro lugar da minha lista, garota - o homem percorreu as costas de Eleonor com as mãos e parou em sua bunda onde apertou com força e espalmou-a ali.
Eleonor soltou um riso divertido levando vibrações pelo membro rigido do homem e enfiou o máximo que podia em sua garganta.
Seus lábios fechavam-se sobre o membro do homem e sugava-lhe com força enquanto sua lingua umedecia a região e percorria toda a extensão.
As mãos da mulher acariciavam as bolas do homem em uma massagem lenta e torturante, diversos sons escapavam por entre os lábios do homem e as mãos desse agarravam-se as coxas e a bunda da mulher a frente, a carne macia preenchendo todo o espaço até os dedos.
Eleonor movia a cabeça lentamente para frente e para trás, raspando hora ou outra os dentes contra o pênis rijo do homem.
-Porra, garota, que delicia - gemeu o homem movendo uma de suas mãos até os cabelos da mulher e moveu seu quadril para frente e para trás aumentando o prazer que sentia.
Em um gemido frenético o homem jorrou na boca de Eleonor todo seu liquido esbranquiçado, fazendo-a engolir boa parte e algumas gotas escaparam por seus lábios.
O homem tirou seu membro ainda ereto da boca da mulher e fez com que esta se sentasse na cama e abriu-lhe as pernas, dando-lhe livre acesso para sua entrada molhada.
-Adoro esse cheiro - comentou o homem aproximando seu rosto da vagina da mulher e inspirando seu cheiro maravilhoso.
Os lábios do homem tocaram a pele quente da coxa direita da mulher e foram subindo até a virilha, depois passou os lábios pela coxa esquerda ouvindo um suspiro ansiosa da mulher, até que chegou no lugar desejado, seus lábios envolveram aquela carne deliciosa e sugaram levemente.
A lingua quente, quase febril do homem acariciava o clitoris de Eleonor, rodeando e empurrando-o levemente, causando arrepios maravilhosos em Eleonor que agarrava-se contra os lençóis enquanto gemidos eram proferidos de forma baixa.
A lingua do homem seguiu para a entrada da mulher e lubrificou a região com a própria saliva enfiando a ponta dentro do corpo da mulher.
Os dedos gelados do homem subiram para os seios da mulher acariciando-lhe os bicos até ficarem rigidos, depois desceram pela barriga até encontrar-se com a boca.
O homem afastou seu próprio rosto e penetrou-a com seu dedo indicador, fazendo um movimento lento de vai e vem e a ouvindo suspirar.
-Mais... - pediu Eleonor passando seus braços pelo pescoço do homem e o puxando para cima até que seu rosto ficasse na altura de seus seios.
O homem abriu a boca e chupou-lhe os seios mordiscando o bico e sugando-lhe, tirando gemidos altos de prazer do fundo da garganta da mulher.
Outro dedo foi inserido dentro da mulher e agora o movimento era de vai e vem e abriam-se como uma tesoura, preparando aquela cavidade umida e quente para receber-lhe.
-Não seja tão cuidadoso assim - disse Eleonor em tom manhoso enquanto suas pernas envolviam o homem pela cintura o puxando contra si - gosto que seja rude - Eleonor riu, seu tom repleto de malicia e luxúria.
-Você é louca - murmurrou o homem tirando os dedos de dentro da mulher e a penetrando com seu membro rijo e pulsante, ele entrara com força e violência, o que fez Eleonor gritar tão alto que suas cordas vocais poderiam se arrebentar.
-Isso - sussurrou a mulher de forma dengosa puxando-o com mais força contra si, de forma que entrasse por inteiro em seu corpo.
As mãos do homem seguiram para a cintura de Eleonor e lá apertaram a carne com gosto e forçou-se mais uma vez contra a entrada da mulher a sua frente.
Eleonor ria satisfeita e arranhava as costas do homem deixando vergões avermelhados e alguns com rastros de sangue.
A cama rangia alto a cada investida do homem contra Eleonor e o barulho que ambos produziam ecoava pelo quarto, a temperatura havia aumentado e muito, parecia uma sauna.
Eleonor puxou o homem para a cama o deitando e ficando sobre este, seu quadril erguia-se e abaixava com velocidade constante e rapida e por entre seus lábios suavemente abertos escapavam grunhidos de prazer.
As mãos da mulher estavam espalmadas contra o peito do homem enquanto as mãos deste permaneiam em sua cintura guiando-a em seu movimentos.
O frenesi tomava conta de ambos, Eleonor sentia o formigamento e a pressão deliciosa em seu baixo ventre, seus movimentos aumentaram a velocidade e o homem impulsionava seu quadril para cima a procura de mais contato.
Em uma explosão de excitação e prazer os dois chegaram ao àpice total gritando e gemendo, o jorro de prazer escorria pelas pernas da mulher e sua respiração estava acelerada, assim como as batidas de seu coração.
-Garota, você é incrível - comentou o homem retirando-se de dentro de Eleonor e beijando-lhe os lábios suavemente - simplesmente perfeita.
Eleonor sorriu satisfeita sentindo suas pernas bambas, como se pudessem se quebrar a qualquer instante.
O homem se levantou da cama e começou a se vestir mexendo nos bolsos da calça e tirando um nota de cem, logo colocou a nota sobre a comoda ao lado da cama e acariciou o corpo de Eleonor pela ultima vez.
-Nos veremos em breve, garota sensação - antes de se afastar o homem deu-lhe um tapa suave em sua bunda saindo do quarto logo depois.
Eleonor manteve-se deitada por longos minutos, os acontecimentos ainda estavam frescos em sua mente, mas o efeito da cocaina e das bebidas embaralhava as imagens e sua mente parecia confusa.
A euforia da droga havia passado deixando a sensação de tristeza e incompetência invadir-lhe o peito, em um jorro de dor e agonia lascinante.
A mulher adormeceu ali, a brisa leve entrando pela janela e resfriando seu corpo quente e febril desnudo, aos poucos a inconsciência lhe puxava para um outro mundo, e quando deu por si já havia caido no sono profundo, em um merecido, ou talvez não, descanso para seu corpo dolorido e carregado de agonia e aflições.

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