Eleonor

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O wattpad colocou esse capítulo como privado então estou postando novamente.

Os cabelos negros balançavam conforme as passadas da mulher, seus passos eram lentos e trôpegos, quem a visse diria que estava bêbada, sobre influência de algum tipo de narcótico, o que era verdade, apesar de que a mulher trazia consigo a melancolia de sua infância, as tristezas de sua vida adulta, suas confusões, suas dores e horrores, tudo girava ao seu redor, talvez fosse o efeito das drogas ou até mesmo uma alucinação de sua mente confusa.

Eleonor soltou um grito agudo quando seus reflexos lentos notaram uma movimentação em um arbusto que logo se tornou um rastro preto em sua visão desfocada, um miado alto e dolorido se fez presente e a mulher tropeçou no pequeno animal que teria corrido em sua frente, seus joelhos foram contra o chão de pedregulhos fazendo pequenos cortes no local e algumas lágrimas que estavam presas em seus olhos escorreram por sua face pálida.

Um soluço contido ultrapassou os lábios da mulher e como se a porta tivesse sido aberta uma enxurrada de lágrimas caiu incessantemente, eram gotas grossas e pesadas que deixavam uma trilha úmida por aquele rosto delicado, a mulher se deixou ficar ali por longos minutos que pareceram horas, até criar coragem suficiente para se levantar, secar seu rosto e voltar a caminhar para sua casa que não ficava tão longe, afinal.

Alguns tropeções e encontros adoráveis com postes e cercas depois Eleonor abria a porta de sua casa antiga, a porta de madeira já não era como antigamente, estava descascando, caindo aos pedaços como dizem por ai, as paredes precisavam de uma boa reforma, uma pintura talvez, o chão estava desgastado e os sapatos faziam um barulho oco contra o piso.

A bolsa que a mulher carregava caiu contra o chão e Eleonor a chutou para perto do sofá verde musgo no centro da sala, seu casaco preto e pesado teve o mesmo destino, assim como seus coturnos pretos.

Em poucos minutos a mulher seguiu para a cozinha, estava faminta e vivia sozinha, portanto teria que fazer algo para comer, o que era difícil, já que a mulher nem ao menos ia para o mercado, os armários criavam teias pela falta de uso e a geladeira era mais vazia que o seu coração.

Eleonor vasculhou os armários pela ultima vez, mesmo sabendo que estariam vazios ela não se importou em revira-los à procura de qualquer coisa comestível, porém como esperava não achou nada, suas mãos seguiram para seu bolso para tentar encontrar seu celular, mas só achou o vazio e um certo desespero lhe tomou conta de seu ser, não se lembrava de ter tirado o objeto de seu bolso, na verdade não se lembrava de tê-lo pego para nada durante o dia.

A campainha tocou no meio do desespero de Eleonor e ela bambeou e coxeou até a porta, suas mãos tateando a madeira envelhecida até tocar seus dedos finos no metal gélido da maçaneta, girou o objeto e a porta se abriu em um rangido grave e profundo, enquanto a figura enigmática de "Jéssica" aparecia em sua frente, como um holograma se formando aos poucos de forma desfocada até tornar-se perfeitamente límpida e clara.

-Eu poderia entrar? Sinto frio aqui fora - a jovem embrulhou-se em seu casaco e tremeu o lábio inferior devido ao vento gélido que batia contra seu rosto, a mulher apenas afastou-se da porta, deixando o espaço livre para que a outra entrasse.

-O que faz aqui? - Eleonor fechou a porta quando a outra entrara e seguiu-a até o sofá onde a jovem desabou a chorar compulsivamente deixando a mais velha sem reação alguma.

-Ela... Ela vai fugir... A mulher da minha vida vai me deixar para sempre, vai me abandonar como se eu não lhe significasse nada, por favor, não permita que ela faça isso, eu a amo tanto e ela vai... Ela vai partir - e a cada reticências era um soluço, um suspiro ou uma pausa, cada artigo era uma lágrima caída, em cada verbo uma dor e a cada substantivo uma perdição.

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⏰ Última atualização: Sep 17, 2015 ⏰

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