Changes are Coming - Harry Potter

Reencontros

2 de maio de 2000

Em algum lugar nos arredores de Ottery St. Catchpole, uma família de bruxos se reunia com os amigos para comemorar o primeiro aniversário de Victorie Weasley, a primeira filha de Fleur e Bill Weasley. Tendo-se passado dois anos desde a fatídica batalha final bruxa, que tomou lugar em Hogwarts, as pessoas que habitavam aquela casa ainda estavam tentando se acostumar com as perdas que sofreram. Os nomes de Fred, Remus e Tonks eram os que mais rondavam suas mentes, apesar de ninguém mais falar explicitamente sobre isso há mais de um ano. 

No fundo, não havia uma só pessoa naquela casa alta e de estrutura engraçada que não sentisse falta deles, bem como de diversas outras pessoas queridas que perderam antes mesmo da última batalha. Alguns Comensais da Morte ainda estavam a solta, mas o Ministério gostava sempre de lembrar que tinha tudo sobre controle. 

A vida de todos continuou, mesmo que contra a vontade deles. Então agora todos estão tentando se conformar, comemorando com a pequena criança de cabelos louros seu primeiro aniversário, que estava muito contente de brincar com o glacê do bolo junto a um menino de cabelos azuis, que eventualmente mudava para rosa ou verde. 

Harry Potter, entretanto, não conseguia pensar em outra coisa senão todos que se foram, repetindo para si mesmo o quanto queria cada um deles ali, ao seu lado. Ele sentia falta de Fred, porque agora George não conseguia mais fazer piadas sobre gêmeos sem acabar deprimido. Também sentia falta de Tonks, porque a metamorfamaga sempre foi tão gentil e engraçada. O jovem sabia que ela iria adorar saber que Teddy está cada dia mais parecido com Remus. Remus Lupin também fazia falta, e o rapaz sempre se perguntava se o maroto realmente estava pensando direito quando decidiu fazer dele o padrinho de seu filho, porque aquilo simplesmente parecia tanta responsabilidade. 

Harry até conseguia ouvir o que Lupin diria caso escutasse aquela pergunta:

 — Seus pais escolheram Sirius como seu padrinho e, surpreendentemente, ele sempre foi responsável o suficiente quando se tratou de você. — ele diria. — E acho que nós dois concordamos que você sempre foi mais responsável que ele naturalmente, então não vejo porque não.

Ginny Weasley, sua namorada, não passou uma noite sequer sem afirmar que Harry era um ótimo padrinho. É claro que Teddy Lupin ficou aos cuidados da avó, Andromeda, mas o menino ainda passava bastante tempo n'A Toca, principalmente após Victorie nascer, pois ele tinha com quem brincar. Quatro vezes na semana, Harry visitava a casa, que um dia fora tão cheia de vida, dos Tonks, sempre checando como Andy estava e fazendo questão de brincar com Teddy o máximo possível, além de levá-lo para dormir n'A Toca duas vezes por semana — se dependesse de Molly Weasley, o garoto e a avó já teriam se mudado para lá definitivamente. 

Agora, Harry estava sentado na cadeira do quarto de Teddy, que fora dos gêmeos Weasley até pouco tempo atrás, mas George disse que nunca mais conseguiria dormir naquele quarto após tudo que aconteceu. Nas noites que seu afilhado dormia na mesma casa que ele, Potter fazia questão de estar por perto, sempre acabando por cochilar na cadeira e ser acordado pelos bom dias animados do menino na manhã seguinte. Fenrir Greyback continuava foragido e, apesar de Kingsley sempre afirmar que ele estava escondido em algum lugar na Albânia, Harry não conseguia ficar em paz, pois sempre se lembrava de como Lupin fora mordido. Ele sabia a ameaça que Greyback era, e que o lobisomem não pouparia esforços para atacar Teddy caso tivesse a chance, e Harry não ia deixar isso acontecer. Ele devia isso e muito mais a Remus. Enquanto Fenrir Greyback não fosse levado à Azkaban, ele não deixaria o quarto de Teddy, pois era o mínimo que ele sentia que podia fazer. 

Naquela noite, enquanto olhava para o pequeno menino adormecido em sua caminha, os cabelos castanhos claros como os de Lupin quando ele estava dormindo, Harry pegou no sono com o mesmo pensamento de sempre: um futuro diferente, uma mudança, uma chance de fazer tudo da forma certa.