𝘋𝘦𝘤𝘪𝘮𝘢 𝘤𝘦𝘯𝘢

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Continuamos ali sentado no chão por um tempo. Permaneci em seus braços quentes e confortáveis enquanto ele cheirava o topo da minha cabeça. Agradeci mentalmente por ter lavado o cabelo.

- Quer ir embora? - Perguntou ele e eu neguei com a cabeça. - Está quentinha? - Concordei. Não queria dizer nada que estragasse o momento, por mais que fossem apenas perguntas com respostas afirmativas ou negativas, tudo estava tão bom daquele jeito.

Levantei minha cabeça para seu rosto e dei um sorriso de boca fechada. Já estava ficando com sono, mas não queria deixa-lo. Dei um selinho nele, que respondeu com um sorriso tímido.

Senti meu telefone vibrar diversas vezes, mas estava relutante para atender.

- É o seu pai. - Joseph tinha pegado o aparelho em meu bolso.

- Merda, esqueci totalmente que ele me ligaria hoje. - Bati um minha cabeça. - Vou falar português, se acostume. - Joseph concordou e eu atendi. - Oi, papai!

- Olá, minha princesa! - Era uma chama de vídeo, e eu ainda permanecia nos braços de Joseph. Acho que nenhum de nós pensou em se soltar antes da ligação começar. - Posso saber por que caralhos você está abraçada com um esquisito?

- Pai, não o chame assim. - Franzi as sobrancelhas. - É o Joseph. - O mesmo me olhou ao ouvir seu próprio nome, agora ele sabe que estou falando dele, legal.

- Eu não disse a você que não queria nenhum dos seus amigos para atrapalhar nossa ligação de hoje? - Papai tinha os braços cruzados no peito e um rosto sério.

- Perdão, papai. É que perdi a noção do tempo, estávamos tocando violão.

- Esse cara te fez tocar violão? Agora eu gosto dele. - Seu rosto sério se desfez.

Parei de tocar violão a anos atrás, acho que a última vez que toquei foi aos meus dezesseis anos. Eu odiava tanto tocar aquele instrumento chato que me deixava com marcas nas mãos e as unhas horrorosas, mas, fazia para deixar meu pai feliz. Metade das coisas que fiz em minha vida inteira foi para deixar meu pai feliz, com certeza.

Papai e eu ficamos em ligação por volta de trinta minutos, e ele não me soltou neste tempo, apenas mudamos as posições. Sua cabeça estava pousada em meu ombro, e os braços em minha cintura. Tenho a leve impressão que ele está dormindo.

- Acho que o seu namorado dormiu. - Papai riu e eu olhei para seu rosto relaxado em meu ombro.

- Conversamos por mensagem? - Papai concordou e eu desliguei o telefone.

Olhei para Joseph totalmente relaxado em meu ombro. Sua bochecha estava amassada e suas sobrancelhas estavam franzidas, dormindo com cara de bravo, realmente adorável.

Fiquei pensando durante alguns segundos se deveria, ou não, acorda-lo. Mas acabei por decidir que o acordaria, minhas costas já estavam começando a darem sinais de que aquela posição estava péssima.

- Joseph? - Encostei meu nariz em sua cabeça e disse bem perto de seu ouvido, ele respondeu com "hum? ", ao me ouvir.

- Dormi muito tempo? - Esfregou os olhos enquanto eu mexia meus ombros para que a sensação ruim passasse logo.

- trinta? Talvez quarenta minutos. - Pisquei apenas um olho tentando caçar em minha mente. - Conseguiu descansar, pelo menos?

- Consegui. - Bocejou. - Vamos embora? Deve estar cansada. - Nos levantamos do chão e arrumamos nossas roupas.

Em silencio nós traçamos o caminho até os carros que estavam parados um do lado do outro, eram bem comum nossos carros ficarem bem próximos, fazíamos questão e sempre tentávamos um lugar estratégico para ambos, apenas para irmos pelo mesmo caminho todos os dias.

Recording | Joseph QuinnOnde histórias criam vida. Descubra agora