Capitulo 9

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Depois do nosso “encontro” na pracinha, Alex simplesmente sumiu do mapa. Não o encontrei mais pelos corredores do colégio, e o estranho foi que não esbarrei sequer com Melina. De certa forma aquilo foi um descanso para mim, já que aqueles dois não me deixavam em paz um segundo sequer, porém não posso mentir e dizer que não fiquei preocupada com o garoto. Ele parecia tão triste naquele dia, totalmente diferente da típica pose arrogante que ele tinha sempre. Aquilo era estranho, muito estranho. É como se dentro da escola Alex fosse uma pessoa malvada, mesquinha e se achasse o dono da cocada preta, mas fora dela, ele não passasse de um garoto cheio de problemas.

Depois de contar para minha amiga o que havia acontecido e de escutar toda a sua ladainha sobre o quanto devemos nos beijar para aliviar essa tensão toda, eu expliquei bem a ela o que pensava que poderia estar acontecendo. Amanda me disse algumas coisas sobre a dupla. Me contou que Alex e Melina se conhecem desde sempre e que foram amigos a vida toda praticamente. Também me contou que eles nunca desgrudaram e que Melina sempre foi apaixonada no garoto. Pelo visto ela conseguiu o que queria...

Fiquei sabendo que eles dançam desde que eram pequenos e que os pais de ambos os apoiam com o que precisam, então tudo fez sentido na minha cabeça. Basta aqueles dois estalarem os dedos, que o que quiserem será feito para agradá-los.

Tenho que admitir que sinto um pouco de inveja, não que meus pais não me apoiem, muito pelo contrário, mas eu gostaria de haver tido todas essas chances quando ainda era pequena. Quem sabe talvez hoje já não seria vigiada por alguns olheiros...

Escuto o treinador me chamar e desço da arquibancada. Essa semana estamos treinando duro para o campeonato interestadual que acontecerá amanhã, e tenho que agradecer o “sumiço” de Alex e Melina, pois só assim conseguimos treinar sem nenhuma distração.

O treinador nos avisou que viajaríamos com os meninos do time masculino então acabamos treinando juntos algumas vezes. Nós já nos conhecemos de longa data, e sempre é muito divertido ir com eles. Os garotos são bem divertidos e nos distraem de toda essa tensão que é saber que em poucos dias estaremos enfrentando a um dos melhores times dos estados vizinhos.

─Margo, quanto tempo, gata! –Marcel me diz e corre para me abraçar. Ele é bem simpático, sempre me cumprimenta com carinho e me diz coisas do tipo “você está muito bonita hoje”. Eu apenas dou risada dos elogios e respondo com um “obrigada”. O garoto é um dos mais pegadores do colégio e todos sabem disso.

─Marcel... digo o mesmo. Porque só nos vemos quando há jogos, heim? –Brinco e ele solta uma risada sincera.

─Porque você quer assim, menina. Se aceitasse sair comigo, não teríamos esse problema.  –Agora quem ri sou eu.

─Você é um cafajeste de carteirinha e eu não sou boba de cair nessa sua lábia. –Pisco um olho e ele finge uma cara de ofendido.

─Eu, cafajeste? Jamais. Eu só... gosto de beijar algumas bocas.

Dou um tapa no seu ombro e ele me abraça novamente e caminhamos assim até onde o pessoal está aglomerado. Sempre tivemos essa intimidade, e Marcel sabe muito bem que o único que espero dele, é sua sincera amizade, assim como sei que essas investidas de sempre, são apenas o seu jeito de ser e de brincar comigo.

─Então pessoal, vamos nos encontrar aqui no colégio às seis da manhã, não se atrasem ou ficarão para trás. –Rogers diz enquanto distribui um formulário a cada uma, para que nossos pais assinem a permissão para a viagem.

A treinadora do time masculino, a senhora Evvie, faz o mesmo com os meninos. Sempre achei curioso o fato de que ela treina o time masculino e Rogers o feminino, mas não me vejo sendo treinada por ninguém mais.

Não é mais um Clichê Americano - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora