Capítulo 3

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- E então? como foi? - Chay já chegou perguntando, dei de ombros.

- Normal. - ele franziu o cenho, com certeza sem entender - E você? - não a deixei fazer mais perguntas, afinal, nem eu havia entendido o que tinha acontecido.

-A gente conversou demais. - falou - Ele é super engraçado. - riu e eu senti um pouco de inveja.

-Sério? Como é o nome dele? - perguntei.

-Kim - falou - Você não tem idéia do que ele pode fazer, Pete. - virei a cabeça, curioso.

-O que? - eu estava realmente muito interessado, Porsche mostrou um sorrisinho de lado.

-Ele pode parar o tempo. - franzi o cenho.

-Ahn?

-Parar o tempo. - falou. Eu não estava acreditando - Tipo... Não sei explicar. É incrível. - falou, com os olhos brilhando.

-Em apenas duas horas você já viu o que ele pode fazer... - resmunguei.

-E você não? - perguntou e eu neguei com a cabeça.

Eu estava sem entender. Eu queria muito ter conversado com Vegas e saber suas habilidades, gostos e até queria que ela falasse seu nome para mim. Mas ele não fez nada disso, ele me tratou como um animal selvagem, que estava prestes a atacar em qualquer momento, e eu, com certeza, não era isso. Só queria conhecê-lo.

Chay torceu a boca, como se estivesse um pouco chateada com minha resposta.

-Depois pergunto a Kim se ele sabe algo sobre as outras pessoas. - assenti - Vai que ele sabe sobre Vegas.

-Sim. Eu quero apenas ajudá-lo. - falei baixo.

-Eu sei. - falou, tocando em meu ombro - Eu também quero ajudar. Por isso estamos aqui, não é? - assenti, sorrindo - Agora vamos logo, que daqui a pouco termina o horário de almoço.

Ri um pouco e me levantei, seguindo ele até o refeitório, onde todas estavam conversando mais alto que o normal. Avistei Porsche, ele era um dos mais sérios naquela mesa. Provavelmente estavam todas falando sobre suas experiências de duas horas, enquanto eu não tinha nada nenhuma para falar. E o pior, eu tinha certeza que alguém iria perguntar.

-Pete! - escutei alguém falar e me virei para a mesa, onde todos agora estavam me olhando - Como foi o monstro? - perguntou e eu suspirei, falando:

-Assustador. - Chay olhou para mim, entendendo meu tom de brincadeira, mas acho que as outras não pegaram do mesmo jeito.

-Ai meu Deus... - eles ficaram em silencio, e logo depois começaram a falar novamente, eu apenas fui até a bancada onde estavam distribuindo o almoço e peguei o meu.

Lembrei de menino que aquele homem machucou ontem a noite, me perguntando se ele estava bem. Provavelmente ele seria cuidado por uma das pessoas que estavam ali, agora a pergunta era: Qual deles?

Seria muito estranho chegar perguntando em cada um, por isso guardei minha curiosidade para minha imaginação.

Após almoçar calada, levantei e, sem ninguém perceber, sai do refeitório. Eu teria que ir até a farmácia, onde tinha os remédios de Vegas, e depois pegar seu almoço e tudo mais. Mas antes fui até o banheiro escovar os dentes e lavar o rosto. Eu estava realmente precisando daquilo. Fiquei olhando-me no espelho por um tempo, respirando com a boca entreaberta. Sai do meu transe depois de alguns minutos, indo até o quarto e guardando minhas coisas lá.

Vi o relógio de parede no quarto e eram quase duas e meia, franzi o cenho. O tempo estava passando mais rápido do que eu imaginava. Daqui a pouco eu teria que ir até Vegas novamente.

Fui até a farmácia do local e bati em um sino que tinha ali, pois não havia ninguém. Logo um homem com cara de poucos amigos apareceu, levantando as sobrancelhas.

-Sim? - perguntou ignorante.

-Boa tarde. - falei, forçando um sorriso e ele não respondeu - Eu vim buscar os remédios de Vegas. - ela franziu o cenho.

-Como? - pensei um pouco.

-Vegas. 0007. - ele arregalou os olhos.

-Ah... Ah, sim. Irei buscá-los. - gaguejou um pouco e achei aquilo estranho. O que eles falavam dele não era nada legal, pelo o que dava para ver.

Esperei alguns minutos, escutando cochichos e barulhos na sala, ignorei e encostei- me à parede até o homem voltar, com duas caixas em mãos.

-Aqui. - falou, entregando-me - Pode assinar isto? - perguntou, mostrando-me um papel que parecia uma autorização. Que escolha eu tinha?

-Claro. - peguei a caneta e escrevi meu nome, lendo coisas como "EU, Pete, ESTOU CIENTE...". Realmente não entendi aquilo e nem estava a fim de entender.

-Certo. - o homem falou, pegando a folha novamente - Olha, este aqui você terá que dar duas vezes ao dia. - mostrou uma caixa - Uma de tarde e outra à noite. - assenti. Eu teria que dar remédio à noite também? Era só o que me faltava. - E este... - mostrou a outra caixa - Só uma vez por dia. Você escolhe o horário.

-Pode ser junto ao outro? - perguntei.

-Tanto faz. - falou - Só não pode esquecer-se de dar. Nenhum dos dois. - ele parecia um pouco tenso.

-Não vou. - falei - Obrigado. - Ele assentiu e eu sai dali rápido.

Tentei reconhecer o nome dos remédios, mas nunca tinha ouvido falar em nenhum dos dois, o que era um pouco intrigante, pois meu pai era médico. Eu conhecia quase todos os remédios.

Afastei os pensamentos e fui até o refeitório, que desta vez estava vazio. Olhei em cima da bancada e tinham marmitas. Cheguei mais perto, vendo que cada uma delas tinha um numero em cima. Sorri. Que organização. Procurei o número sete e, ao achar, peguei o mesmo e talheres de plástico que tinham ali.

Por final, peguei um copo de plástico e enchi de água. Ao sair do refeitório, já tinha um menino vindo para pegar a marmita de seu "paciente". Era o garoto de ontem. Pensei em falar com ele, mas apenas ignorei, saindo dali.

Andei um pouco até chegar à ala das celas, onde as pessoas ficavam. O silencio ali reinava. Olhei para todas as portas, vendo seus números gravados nas mesmas. As portas eram feitas de um material desconhecido para mim. Era algo muito forte. Existiam uns oito seguranças por todo o corredor, agora nenhum deles veio me falar besteiras e outras coisas. Um deles apenas assentiu quando acenei com a cabeça, mostrando que iria entrar na cela sete.

Abri a porta com o mecanismo da pulseira e percebi a luz acesa. Eu lembrava de ter apagado a mesma. Entrei no quarto, vendo Vegas do mesmo jeito que estava quando sai, assim como o livro que eu tinha deixado ali.

-Boa tarde. - falei - Trouxe seu almoço. - falei, andando lentamente até perto da sua cama e deixando a comida com a água no chão ali perto - Trouxe seus remédios também, mas essa não é uma parte muito boa. - resmunguei.

Vegas virou-se, olhando para mim. Consegui ver seu rosto de perto agora. Fiquei sem reação alguma. Apenas... Nossa. Olhei para o lado, tentando disfarçar o que havia acabado de acontecer e fui até onde o livro estava sentando e abrindo-o na pagina onde eu parei.

Monster - VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora