Capítulo 11

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A quinta-feira passou como um jato e não teve absolutamente nada e relevante. Vegas quase não falou comigo e Porsche fez as mesmas piadas, como todos os dias. Tentei o máximo não lembrar o caso do número quinze, mas foi impossível. Aquilo ficou importunando minha cabeça o dia inteiro. Eu até perguntei para o guarda que me tirou da sala aquele dia se ele sabia de algo, mas ele se enrolou todo e acabou sem responder nada.

E, quando vi, já era sexta-feira novamente.

Comecei o dia já agradecendo, pois ia sair desse lugar hoje. A semana passou tão rápido que eu nem tinha o que dizer sobre isso. Daqui a pouco estaríamos em junho, mês do meu aniversário.

Fiz tudo o que tinha que fazer na parte da manhã: tomei banho, coloquei a roupa, escovei os dentes, tomei café, peguei o café de Vegas e vim até o corredor do medo.

Abri a porta, vendo Vegas fazendo flexões no chão. Quis babar ao ver aquilo. O garoto estava de calça de moletom e regata, e o corpo suado, indo pra cima e pra baixo em um ritmo rápido. Seus músculos do braço estavam à mostra, mesmo tendo um braço bem fino. Fechei a porta e ele parou, sentando-se no chão e olhando para mim.

-Bom dia. - falei - Resolveu ser fitness? - perguntei, entregando seu café. Ele deu de ombros, bebendo um pouco de água -

-Não. Tenho que fazer uma sequência de exercícios diariamente. - falou, comendo uma torrada - Normalmente faço quando você não está aqui.

-Tem vergonha de mim? - perguntei e ele.negou com a cabeça -

-Não me sinto confortável. - dei de ombros -

-Só finja que não estou aqui. Eu nem olho para você. - falei e ele olhou para mim com se soubesse que eu estava mentindo -

-Não, obrigado. - mordeu a goiaba que tinha em mãos - Prefiro quando estou sozinho mesmo.

-Ok. Você que sabe. - falei inocente -

Depois de um tempo, Vegas terminou o café da manhã, indo ao banheiro, jogando o pote no lixo e começando a tomar banho em seguida. Enquanto isso eu tinha meus fones de ouvido - que dessa vez eu lembrei de trazer - escutando alguma musica para mim. Sorri, fechando os olhos e batucando os dedos no chão, de acordo com a melodia da música. Pela primeira vez naqueles dias eu tinha esquecido qualquer tipo de problema, mesmo que por um curto período de tempo. Senti um frio na barriga gostoso e abri os olhos, vendo Vegas me olhando, dessa vez com um sorrisinho no rosto. Tirei um dos fones, ainda olhando para o garoto, e perguntei:

-O que? - ele logo tirou o sorriso do rosto, dando de ombros -

-Nunca mais escutei alguém cantar. É interessante. - falou e eu levantei as sobrancelhas -

-Sério? - ele assentiu -

-Sim. Desde que entrei aqui, tudo o que ouço são os barulhos das paredes. E agora sua voz. Pelo menos cantando ela não é tão irritante quanto falando. - cerrei os olhos e o garoto sentou-se em minha frente -

-E porque você não canta? - perguntei ignorando sua alfinetada -

-Não me lembro de quase nenhuma música. A maioria das coisas que lembro são melodias. Letras mesmo são poucas. Além de eu nunca praticar. - falou tudo com pausas. Eu sorri -

-Você poderia tentar, o que importa é o sentimento.

-Isso é ridículo. - falou e eu ri -

-Eu sei. - ele se levantou, indo até sua cama e deitando-se na mesma - Não vai mesmo tentar?

-Não. - Vegas ficou olhando para o teto por um tempo, até voltar a falar novamente - Falou com seu amigo? - perguntou sem olhar para mim -

-Não. - resmunguei e Vegas, por sua vez, olhou para mim -

Monster - VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora