Capítulo 8

510 88 30
                                    

Peguei uma xícara de café e um pão, junto com queijo e presunto. Não estava com tanta fome. Fui até a mesa, sentando-me na mesa e sorrindo sem mostrar os dentes para uns meninos que estavam ali. Comi rapidamente e logo me levantei, indo até o balcão de deixando minha bandeja no mesmo, pegando o café da manhã de Vegas em seguida. Já que o homem havia dito que eu poderia ir mais cedo para a cela do garoto, assim o fiz. Quando vi, já estava abrindo a porta de material desconhecido com minha pulseira. Vegas estava saindo do banheiro e franziu o cenho quando me viu, mas não falou nada.

- Bom dia. Vim mais cedo hoje. – falei, indo até ele e entregando a comida em suas mãos.

Como hoje estava mais calor, e parecia que ele estava maior na cela de Vegas, o garoto estava de regata e shorts, o que me possibilitou de ver os hematomas melhor. Estavam mais claros do que provavelmente estavam ontem, pelo que vi.
O garoto foi em direção da cama e sentou-se na mesma, começando a comer.-Quero conversar com você. – falei e ele me ignorou – Sobre ontem. Desculpa. – ele olhou para mim – Por ter sido tão curioso. Mas, é que eu realmente preciso saber o que acontece com você, Vegas –  O garoto suspirou assentindo.

- Ok. – falou baixo, mordendo sua torrada.

E ele só falou isso. Não contestei, apenas assenti, respirando fundo. Eu estava com muito calor naquele momento, então eu abri alguns botões da blusa, me abanando com a mesma depois.

- Ainda sobre ontem... — continuei e ele olhou para mim novamente, piscando algumas vezes e voltando a atenção para sua torrada — O que foi aquilo que aconteceu? — perguntei e ele deu de ombros sem olhar para mim.

- Não sei. — resmungou.

- O que você escutou? — perguntei e ele não respondeu. Respirei fundo, indo até o garoto e ficando ao lado de sua cama. Eu ainda sentia o desconforto, só que agora era bem menos — Vegas me ajuda, por favor. Eu quero saber o que está acontecendo de errado nesse lugar. — ele olhou para mim — Pois eu sei que tem algo muito errado. -— ele suspirou.

- Eu não posso te ajudar. Fico preso aqui todos os dias. — falou terminando a torrada.

- Pode me ajudar falando sobre o barulho de ontem. Qualquer coisa. — nesse momento eu já estava abaixado, olhando para o garoto sentado na cama — Por favor.

- Barulho de fogo. Era barulho de fogo. — falou, como se estivesse de saco cheio.

- Fogo? – ele assentiu devagar. Eu não sei se estava mais feliz por estar falando com Vegas ou por ele estar me dando informações.

- Sim. Você ainda não se perguntou o por quê de hoje estar fazendo tanto calor? – ele falava baixo, mas não sussurrava. Franzi o cenho.

- Como assim? – ele olhou para a câmera e voltou a olhar para mim.

- Foi um deles. É a habilidade de um deles. – falou – Não sei qual. – tentei ligar os pontos na minha cabeça e logo cheguei em algo:

- Um dos outros? Dos outros presos? – ele assentiu – Porque algum deles faria isso? Do nada? – Vegas deu de ombros.

- Por que somos perigosos. – ele respondeu, dando uma mordida na maçã que tinha dentro do pote que eu trouxe – Todos acham isso, então acabamos nos tornando realmente perigosos.

- Você não é. – falei e Vegas mastigava a maçã, me olhando vagamente – Você poderia ter me matado milhares de vez e não o fez. – ele suspirou.

- Não gastaria meu tempo com isso. – mordeu a maçã novamente e eu respirei fundo.

- Certo. Agora eu preciso saber... – levantei-me rapidamente – Qual deles. E será que foi isso o por quê de evacuarem a gente? – eu andava pelo quarto e Vegas me olhava sem muito interesse – Se for, porque o homem de terno não falou a verdade? – perguntei.

- Homem de terno? – Vegas perguntou, dando outra mordida na maçã e eu assenti.

- Sim. É um que meio que "controla" o pessoal aqui. – ele assentiu, mastigando – O supervisor.

- Hm. – resmungou.

- Você não tem idéia de quem seja o de fogo? – Yuna deu de ombros.

- Não.

- Você está sendo sincero? – ele franziu o cenho, engolindo o pedaço de maçã.

- Primeiro: A pessoa que não parece ser sincera aqui é você. Segundo: Eu estou morrendo de calor. Claro que eu falaria se eu soubesse. Não gosto de calor. – falou e suspirei.

- Eu sou sincero. – ele assentiu.

- Que bom. – ele falou irônico. O que me dava raiva é que ele falava tudo isso sem nem esboçar um sorriso e continuava bonito.

- Você é muito debochado. – falei e ele deu de ombros – Fui sincera. Tá vendo? – ele cerrou os olhos – Ok. E como eu posso encontrar essa pessoa? – voltei para meu pensamento Vegas apenas suspirou, dando uma ultima mordida na maçã antes de levantar para jogar as coisas no lixo do banheiro.

A partir desse momento, eu falava sozinho enquanto andava por todo o quarto. Vegas estava deitado de barriga pra cima, cantarolando alguma coisa velha. Minha cabeça embolava em vários pensamentos. Um deles era: Será que eu falava para os outros meninos sobre isso? Vegas tinha me contado uma informação que, com certeza, era muito importante. Poderia ser apenas coisa da minha cabeça, mas tudo isso estava ligado. Agora o que eles podem pensar? Não sobre mim, afinal estou pouco me lixando pra opinião alheia, mas de Vegas. Podem achar que ele estava mentindo ou algo desse tipo. Podem até dedurá-lo. Sei que Porsche não faria isso. Mas, os outros... Eu tinha minhas dúvidas. Depois de algum tempo, minha pulseira começou a piscar, chamando minha atenção. Olhei para o aparelhinho e para Vegas, que agora olhava para mim.

- Estou indo. – falei, indo em direção à porta – Ah, sim... Obrigado. – falei sorrindo antes de sair da cela.

Logo depois fui em direção ao dormitório, vendo uma movimentação estranha na porta do mesmo, alguns garotos entravam e conversavam na entrada, passei por ali e fui em direção em que a maioria dos meninos estavam, descobrindo o que era de tão interessante. Um menino estava colocando as malas em cima da cama que ontem era de Tawan. Ele conversava com todos e era espontâneo. Não fiquei ali para vê-lo por muito tempo, apenas fui para minha cama, vendo Porsche ali, escutando música no celular.

- Um garoto novo chegou, você viu? – perguntei baixo e ele se virou para mim, tirando um dos fones e assentindo.

- Vi sim. – falou - recebi a informação de que ele ficará com Big, e eu irei cuidar de Kinn. O antigo paciente de Tawan. - falou e eu apenas balancei a cabeça - Ele é bem bonito, por sinal. Mais bonito que o Tawan. – sorri.

- Depois fala de mim. – ele deu de ombros.

- Só estou comentando os fatos. – falou – O garoto é bonito mesmo. – ri, lembrando que não consegui ver seu rosto direito

- Certo... – concordei, pegando meu caderno de desenhos e uma caneta – Estou indo pro refeitório. Vou ficar por lá um tempo. – Porsche assentiu, colocando o fone novamente.

- Bye. Até mais. – acenei e me direcionei até o refeitório, vendo o mesmo vazio quando cheguei.

Fui até uma das mesas e sentei-me, começando a escrever algumas coisas que eu achava importante. Fiquei uns vinte minutos escrevendo coisas, até ser atrapalhado por alguém que sentou-se ao meu lado, o que me fez fechar o caderno rapidamente com o susto.

- Opa, te assustei? – escutei a voz que eu não conhecia e olhei para o lado, vendo quem provavelmente era o garoto novo – Desculpe. Não era minha intenção. – sorriu e eu assenti.

- Não, tudo bem. – sorri para ele e coloquei o caderno ao meu lado no banco, fechado – Você é o garoto novo, não é? – ele mordeu o lábio, assentindo. O garoto era realmente muito bonito. Porsche estava certíssimo – Você que vai ficar no lugar do Tawan?

- Não, ficarei no lugar de Porsche, ele que ficará no lugar de Tawan. – falou e eu me lembrei do que Porsche falará – Qual é o seu nome? – perguntou.

- Pete. – ele sorriu – E o seu? – não deixei de perguntar.

- Ken.

Monster - VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora