Capítulo 4

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Tyler O'Connell

- Batendo no saco de pancadas desse jeito você vai acabar furando o coitado - ouvi Pedro dizer.

- Estou estressado, preciso descarregar.

- Procure uma mulher para foder, então.

- Não enche meu saco, porra.

Pedro sorriu e se aproximou de mim - Se eu gemer no seu ouvidinho, você fica mais calmo, amor?

Certo, Moser conseguia ser insuportável quando queira. Me virei para ele, acertando um soco na sua costela, ele ficou em posição de luta e logo estávamos nos socando. Seu chute acertou no meu estômago, mas não demorou muito para me recompor. Enquanto meu corpo era mais resistente, o de Moser era mais ágil, o que em combate, agilidade valia muito. Mas como eu já estava nisso há mais tempo, sabia ler seus movimentos.

O derrubei no chão o prendendo, enforcando seu pescoço com as pernas até seu rosto ficar vermelho.

- Bate na porra do ringue, Moser! - exigi.

Moser era orgulhoso, ele preferia desmaiar ao assumir perder a luta. Então o soltei e o empurrei para longe, vendo-o tossir e tomar água em seguida.

- Se você não souber recuar, quando estiver em uma briga séria lá fora, você vai morrer.

- Que eu morra - disse - Prefiro lutar até a morte que deixar pisarem no meu orgulho.

- Não se trata de orgulho, se não quer ter que pedir para sair, então treine mais, você está lento, tá com a cabeça aonde? - perguntei.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos e negou com a cabeça, murmurando um "nada".

- Fala de uma vez, Moser.

- Problemas, só isso. Mas aí, fiquei sabendo que a Mia tá na cidade, é verdade? - ele me olhou de soslaio, tentando soar o menos desinteressado possível na minha prima.

- Está, e fique longe dela Moser, estou falando sério. Você é problema para mulheres como ela.

- Posso saber por que?

- Porque o mundo para ela é cor de rosa, e você é um fodido que não liga para os sentimentos das mulheres.

- Como se você ligasse.. - murmurou e sorrimos.

- Eu sou seletivo, me importo apenas com algumas fodas importantes, as melhores.

- Tanto faz, to indo nessa, está tarde.

Olhei para o lado de fora, percebendo que já estava escuro e a rua deserta. Tomei um banho rápido no banheiro da academia e subi na moto dirigindo para casa.

Entrei e tranquei a porta, logo Bach, meu gato, veio até mim, se esfregando na minha perna e ronronando. Joguei minhas chaves em cima do balcão e o peguei em meu colo, o fazendo carinho e sorri.

- E aí, garotão, como foi o dia?

Ele miou e beijei sua cabeça antes de soltá-lo. Meu celular apitou com uma mensagem e vi que era meu pai de novo, me chamando para mais um almoço "em família" patético.

Se tem uma coisa de que não estou precisando agora, é de demonstração de afeto falsa. E principalmente ouvir eles me dizerem que não tenho futuro com o que faço, detesto isso.

Apaguei as mensagens e me joguei no sofá, comendo o resto da pizza de ontem e assistindo à gigantes de aço. O filme era bom pra caralho, quem não gosta, no mínimo tem desvio de caráter.

Outra mensagem apareceu na tela e vi que era uma das minhas fodas, confirmei na mesma hora e fui tomar um banho. Posso estar estressado, mas para negar uma boa foda, nunca.

Kananda Becker

"Preciso falar com você, Nanda, quando puder me responda" - Mel.

Desliguei a tela do celular e enfiei dentro da mochila enquanto caminhava pelas ruas vazias do bairro onde eu morava, não estava com dinheiro para táxi, tive que pegar um ônibus e aqui estou, correndo o risco de ser assaltada e torcendo para que meu spray de pimenta esteja em dia.

O silêncio percorreu pelas ruas, a brisa fria da noite. Franzi o cenho e congelei, sentindo uma sensação ruim na minha espinha, virando o rosto para ver se estava sendo seguida, nada. Não tinha ninguém ali, apenas eu.

Talvez eu tenha assistido a documentários criminais demais e agora estava delirando. Voltei a caminhar sem olhar para trás novamente.

Lembranças do passado me preencheram, de quando aquele maluco estava me perseguindo, talvez seja trauma também, eu nunca mais me recuperei depois daqueles dias de tortura que passei. Eu me sentia com medo vinte e quatro horas por dia, com medo de ficar sozinha e ele aparecesse, mas Peter e Tyler resolveram o assunto, ele estava na cadeia, não tinha porque me preocupar com isso.

Acelerei meus passos, ou melhor, corri, até chegar na porta da minha casa e abri-la nas pressas e entrar, trancando a porta atrás de mim. Encostei nela e pus a mão no peito sentindo meu coração bater rápido e suspirei, os fios do meu corpo arrepiados.

Está tudo ok, está tudo ok...

Liguei as luzes olhando em todos os cômodos da casa como sempre fazia, com medo desde que aquele cara da boate onde eu trabalhava começou a me perseguir e atormentar minhas noites de sono. Fazia muito tempo que eu não sentia esse medo, e agora ele estava de volta, espero que, do fundo do meu coração, seja apenas uma sensação ruim e nada mais.

"podemos falar?" - Cristhian.

Bufei, eles estavam me tratando como se eu fosse uma maldita criança frágil, como se eu estivesse aos prantos pelos cantos. Eu estava sofrendo, ainda gostava dele demais pelo fato de ter sido meu primeiro namorado, mas também não iria me permitir ficar chorando durante meses por causa da palhaçada que ele fez, eu tenho meus limites.

De banho tomado, corri até a sala com meu lençol e fiquei comendo assistindo amor de aluguel.

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Boa leitura! ❤

Um péssimo acordo - Livro 4// SPIN-OFF da saga: Os cavalheirosOnde histórias criam vida. Descubra agora