Um péssimo acordo - Livro 4// SPIN-OFF da saga: Os cavalheiros

Capítulo 49

Tyler O'Connell

Sentado na cadeira do hospital com as mãos trêmulas junto de todos presentes aqui, até mesmo Marina e Carlos voltaram da viagem quando descobriram o que estava acontecendo. Já fazia-se horas desde que a levaram para a sala de emergência e eu me sentia completamente destruído, tudo em mim doía, até mesmo respirar.

- Família da Sra. Becker? - a voz do médico me tirou dos pensamentos e levantei junto de todos.

O coração batendo forte, a respiração falhando, eu sentia que poderia cair a qualquer momento, e eu não teria ela para me segurar.

- O estado da paciente é grave, ela sofreu danos cerebrais na região do sistema ativador reticular responsável por...

A voz do médico se transformou em um zumbido em meus ouvidos, eu não conseguia ouvir mais nada, porque eu não precisava para saber exatamente o que aconteceu, meu mundo estava caindo diante de mim.

- Ela se encontra em estado de coma - concluiu, dando as respostas que eu já esperava.

Todos choravam, todos sentiram.

O médico se retirou para fazer últimos ajustes nela e fiquei parado no mesmo lugar, eu não conseguia me mexer, eu não conseguia gritar, eu perdi a voz, eu perdi tudo.

Eu perdi a minha Kity.

Saí de dentro do hospital buscando por ar e apoiei as costas no pilar do lado de fora, olhando o céu acima de mim e rezando para que ela voltasse para mim, porque eu não seria mais nada sem ela.

Alguém estava enfiando uma faca em mim e me assistia sangrar, e eu não conseguia fazer nada.

Ontem de manhã nós estávamos juntos, sorrindo e tomando nosso café da manhã trocando carícias. Se eu soubesse voltaria no tempo e não a deixaria, se eu soubesse voltaria no tempo e a protegeria da maneira correta.

- O'Connell.. - Peter se aproximou de mim, os olhos vermelhos de tanto chorar como os meus.

- Dói em você como dói em mim? - sussurrei, a garganta se fechando.

- Sim.

Assenti, sentando no chão com ele ao meu lado, os dois em silêncio compartilhando da mesma dor.

- Eu não disse de volta.

- O que? - perguntou.

- Eu não disse que amava ela de volta - solucei - E agora já não sei mais se um dia vou poder dizer.

Peter me abraçou e caí em seus braços, agora não existia mais pose, nenhum dos dois queria bancar o forte, estávamos quebrados, nós dois estávamos sofrendo.

- Estou com medo, O'Connell.

- Eu também.

Me afastei dele limpando o rosto e respirei fundo.

- Ele fez algo com ela.. você sabe.. algo além do que conseguiu? - perguntei, a bile subindo na minha garganta.

- Não, ele só queria machucá-la em outro sentido.

- Eu devia ter matado ele.

- Eu jamais deixaria outro irmão meu passar pela dor que eu passei - Peter me olhou dentro dos olhos e assenti, voltando meu olhar para a frente, observando os carros agitados na rua.

eu também estava agitado, eu estava uma bagunça.

Não fazia ideia do que fazer de agora em diante, viver sem ter a Kity ao meu redor parecia tão.. incerto.

- Você quer vê-la? - ele perguntou.

(...)

Prendi o ar vendo o amor da minha vida deitada da cama do hospital, o barulho do bip entrando em meus ouvidos e sentei ao seu lado, tocando sua mão e não recebendo o aperto de volta como sempre fazíamos.

- Eu sei que eu não disse de volta, não sei se você vai me escutar agora.. mas eu amo você, Kity. Eu amo tanto você que me rasgaria por você, me desculpe não ter dito antes.. eu estou.. sem chão.. preciso de você Kity, preciso de você..

O soluço arrancou em minha garganta e chorei, aproximando meu rosto para dar um beijo em sua testa.

- Volte para mim, Kity.. volte para mim.. eu não sou nada sem você, eu não sei se tenho forças para continuar.

Ajeitei minha postura na cadeira e fiquei a observando, na esperança de que ela acordasse e estivesse tudo bem com ela.

Mas nada estava bem, eu não sabia mais quando teria a minha garota de volta, eu não sabia mais quando escutaria sua voz, sua risada e até mesmo seus insultos, eu nem mesmo sabia se ela voltaria.

Eu estava vazio, completamente vazio.

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