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- Merda, onde coloquei a capa?

Corri pelo quarto praguejando enquanto procurava os acessórios finais da fantasia, sabendo que já estava atrasado e que se não saísse em 5 minutos iria sair do cronograma. Que cronograma? Não faço ideia, mas detesto atrasos.

Ainda não sei como minha irmã conseguiu me convencer a ir à festa dela... deixar de aproveitar o feriado para maratonar minha série preferida, que desperdício de tempo e energia.

Quando a raiva ameaçou me dominar respirei fundo numa tentativa me acalmar; fiz o exercício de inspirar e expirar como haviam me ensinado e, quando estava sob controle olhei novamente ao redor, com calma e atenção dessa vez.

Ali. Estava em cima da escrivaninha, junto ao amontoado de coisas relacionadas à faculdade. É, eu realmente tenho que arruma-la... talvez o quarto todo na verdade...

Peguei o que precisava e corri em direção às escadas, sabendo que teria de caminhar alguns quarteirões até chegar à casa de Amberlly já que estava sem carro essa semana.

Em qualquer outra noite do ano essa fantasia me deixaria desconfortável, afinal de contas a mesma era composta por uma capa de pelo sintético, um colete de peles e completada pela pintura com runas de guerra em meu rosto.

Mas não hoje, não na noite em que todos usavam o que queriam e sabiam que ninguém os julgaria.

Esse pensamento me fez sorrir confiante conforme segui pela rua, assoviando como se estivesse sozinho e me sentindo mais livre do que nunca.

A música e o som de vozes gritando chegou aos meus ouvidos antes mesmo que eu entrasse na casa, e tive de dar o braço a torcer.

Amberlly se superou na decoração.

Estava tudo coberto de teias de aranha falsas e haviam esculturas em tamanho real representando bruxas e outros seres sobrenaturais. A casa poderia ser usada como set de filmagem para um filme de terror, totalmente perfeita para o Halloween.

Andei pela festa tentando achar minha irmã, mas a casa estava tão cheia que não consegui. Por isso peguei um copo de cerveja sem álcool e fiquei vendo as pessoas circulando pelo jardim enquanto exibiam suas fantasias.

Fiquei um tempo parado próximo à mesa de bebida e sorri quando vi Amberlly vindo em minha direção.

- Você está incrível Amber, conseguiu deixar no chinelo sua fantasia do ano passado.

- Foi difícil Will, mas eu concordo. - Ela sorriu e deu uma rodadinha, fazendo a saia do vestido rodar junto - Você também está lindo. Essa fantasia combina com seu estado atual.

Sei que ela estava fazendo piada porque as covinhas apareceram, mas foi bem perto da verdade e isso me assustou. Ninguém sabe o que vem acontecendo, e tenho tomado todo o cuidado para que continue assim. Nem sei o que meus pais fariam se soubessem como venho me distanciado da perfeição que eles tanto prezam.

- Hahaha, engraçadinha. Mais respeito senhorita, eu sou um guerreiro Viking que venceu muitas batalhas. - Ergui a sobrancelha e usei um tom de deboche que a fez rir e sair para conversar com seus convidados.

Continuei na festa e estava me divertindo muito, conversei com alguns ex-colegas de ensino médio e com os amigos da Amber que, como ela se formariam esse ano.

- Vou dar uma volta.

Eles acenaram sem parar a conversa; algo sobre o futuro acadêmico e outros tópicos chatos que estou querendo evitar hoje.

O banheiro do andar de baixo estava com uma fila de umas 10 pessoas e pela feição delas suspeito que nem todas queriam usá-lo para o que ele foi feito, então decidi ir no da minha irmã.

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