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Fiquei sozinho no quarto absorvendo os últimos acontecimentos.

Haviam três pontos importantes a serem analisados separadamente, mas não com a mesma urgência.

Na base da pirâmide temos o fato dos Davis terem vindo me ver depois de tanto tempo.

Um nível acima está o ataque que sofri a duas noites.

E em primeiríssimo lugar, no topo e abafando qualquer outro pensamento está a possibilidade recém descoberta de uma consulta com a psicóloga do hospital.

Infelizmente já devia ter percebido que a sorte estava contra mim ultimamente, porque menos de 10 minutos depois que o tal Sant's saiu uma mulher adentrou o quarto apressadamente.

- Então você está com bloqueio seletivo de memória provocado por trauma?

- Eu o quê?

- Benjamim disse que você estava tendo problemas para de lembrar sobre antes do acidente... e pensou que eu pudesse te ajudar com isso. - Ela falou tudo de uma vez, e continuou sem parar para respirar. - Óbvio que teríamos de começar as seções com urgência para evitar que suas lembranças fiquem ainda mais obscurecidas pelo quer que as estejam bloqueando, ainda bem que tenho um horário disponível daqui a aproximadamente 20 minutos e posso te encaixar. - Ela parou abruptamente e arregalou ligeiramente os olhos. - Estou tagarelando não é? Aí que vergonha, isso sempre acontece quando fico empolgada com algo ou alguém, a propósito, qual o seu nome?

Inclinei a cabeça e olhei atentamente para a mesma, seu rosto tinha traços suaves e os olhos continham um brilho intenso. Sua bochecha estava assumindo um tom rosado, que presumi ser de vergonha.

- William Davis, e o seu?

- Catarina. Doutora Catarina, diretora do setor psicológico desse Hospital.

- Certo. - Pigarreei meio sem jeito - Sinto muito por desapontar você Catarina, mas já tenho uma profissional que me atende e garanto que ela ficaria desolada diante da perspectiva de perder um paciente tão fiel quanto eu.

A Doutora manteve um sorriso contido no rosto conforme me encarava e depois declarou, em um tom bem mais formal que o anterior.

- Pois eu garanto que ela irá ficar extremamente satisfeita em me passar o caso quando estiver ciente dos últimos acontecimentos.

- Como pode ter tanta certeza? Você nem a conhece e na minha opinião está se precipitando ao supor o que ela faria.

O sorriso de Catarina se ampliou e percebi que havia dado a abertura que ela estava aguardando.

- Meu caro Davis, você é que não me conhece. Eu tenho contatos, e garanto que ela não irá se importar. - Estreitei os olhos tentando encontrar alguma indicação de blefe, mas ela parecia falar sério. - Então, qual o nome dela?

- De quem?

- Não se faça de desentendido senhor Davis, o da sua psicóloga é claro. - Abri a boca, prestes a mentir mas ela me interrompeu. - E o verdadeiro, ou vou perguntar pra sua irmã...

- Não ouse. - Ela arqueou a sobrancelha e bufei ao me dar conta de que falei mais do que devia.

- E porque não, senhor Davis? - Seu tom me deu arrepios na costela, e quase estremeci.

- Ninguém sabe que faço acompanhamento.

- Entendo. Bem, está no seu direito manter a situação em segredo, mas aconselho que não esconda nada de mim. - Catarina conferiu o relógio em seu pulso e sorriu inocentemente, ou ao menos tentou. - Temos que ir, ou vamos perder nosso horário.

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