༆Prólogo༆

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Boa leitura ❤️

_ É verdade que qualquer um te daria uma flor que pegou na esquina, que ele te daria a melhor cantada, que te faria sorri. Eu que sou um tolo, te fiz um livro_

21 de outubro de 2016 Dormitório da Universidade de Columbia

Ele batucou com os dedos na parede observando o pôster de Johnny Cash colado no estrado do beliche que dividia com seu colega Yan, na Universidade de Columbia.

Johnny era uma pessoa a qual admirava: sua paixão por June Carter e pela música era o seu ar. O casal mais lindo que a humanidade pode presenciar em histórias; eles eram imperfeitamente perfeitos. Yibo fechou os olhos e tirou os fones de ouvido, desligando sua mente do mundo enquanto os altos falantes do corredor do dormitório masculino reproduziam Go your own way do Fleetwood Mac como um hino para calouros que, como ele, apreciavam uma boa música antiga.

Permitiu que a música se tornasse um eco distante em sua cabeça, e os pensamentos se tornaram reflexões sobre sua vida nos últimos anos; algo que costumava fazer mais do que poderia admitir. É o que dizem: a vida é uma série de escolhas, você faz quem você é. Sinceramente? Ele preferia acreditar em destino e sina. Uma de suas frases favoritas diz: "Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe."

Ali estava ele, Wang Yibo dezenove anos e estudante de Direito na Columbia University, uma das melhores Universidades de Nova York. Todos os seus sonhos adolescentes haviam se tornado realidade graças ao dinheiro da família Wang. Tudo estava nos eixos conforme seus planos; junto com o estágio em Juilliard, parecia que sua vida estava toda em Nova York. Mas sempre que podia, voltava a china para visitar seus pais e tudo que havia deixado para trás.

Suspirou pesadamente e mudou de posição na cama. Naquele momento, ele se encontrava sozinho em seu beliche, mergulhado na obviedade em que vivia.

Um pequeno fato sobre Yibo: Ele nunca havia se apaixonado.

....

Xiao encontrava-se entre a irmã mais nova e sua mãe no sofá da sala enquanto seu pai tentava, com muito afinco, consertar a vitrola empoeirada que haviam encontrado no porão de casa. A pequena Huan dormia profundamente com a cabeça apoiada no colo da mãe e as pernas no colo do irmão mais velho; a TV reproduzia o filme Frozen pela quinquagésima vez naquele mês, pois era quarta à noite, dia de passar um tempo em família, segundo seu pai Lian. O fato é que já era tarde da noite e apenas Hana prestava atenção no filme, levando em conta que Xiao não desgrudava os olhos de sua mais nova leitura: Orgulho e Preconceito, de Jane Austen.

Os irmãs tinham muito em comum fisicamente: o cabelo castanho escuro, mesma cor dos olhos; a pele bronzeada apesar dos jovens Zhan terem nascido na Chongqing China pouco tempo depois de Lian e Hana se mudarem.

- Aqui está! - exclamou o homem mais velho com a barba por fazer, cabelos grisalhos e um enorme sorriso no rosto. Ele apontava para a vitrola de modelo romeno ao lado do piano de cauda. - Eu sabia que essa velharia ainda servia para alguma coisa.

Hana, a mulher de cabelo castanho curto, óculos redondos e sotaque chines pediu silêncio ao marido apontando para a pequena adormecida, e Xiao sorriu desligando a TV, dando espaço para que a mãe pegasse Huan no colo e a levasse escada acima.

- Acha que podemos incluir músicas de Billie Holiday em nossas quartas? - perguntou Xiao enquanto apoiava a cabeça no encosto do sofá para observar melhor o homem, que tirava uma pilha de discos de uma sacola. Lian murmurou algo inaudível enquanto vasculhava disco por disco com uma ruga formada na testa.

- Agora eu tenho certeza de que meu filho nasceu no século errado. - O comentário veio de Hana, que descia as escadas com uma coberta em mãos. - Amor pegar leite pra gente?

The Dark Saide Of LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora