The Dark Saide Of Love

Olhe as estrelas

Boa leitura ❤️

Xiao estava concentrado em seu velho livro à beira da janela de Juilliard, enquanto Jiang praticava algumas notas no piano e resmungava palavrões audíveis quando falhava. Tinham acabado de voltar do almoço com Wen e aguardavam o professor na sala de ensaios, cada um preso em seu próprio mundo. Era mais uma tarde ensolarada onde os alunos andavam de um lado para ao outro se abanando com os panfletos do evento de terça do grupo de dança do segundo ano; o inverno parecia algo muito distante dos americanos naquele dia. 

Xiao estava concentrado demais decidindo se estava amando ou odiando o livro – por fazê-lo chorar mais vezes do que se permitiria admitir –, para notar que o som das teclas havia cessado e que agora Jiang se encontrava com os braços apoiados em cima da tampa do piano o observando atenta como uma velha cartomante analisa seu futuro. 

– Quer dizer que passou a noite com Yibo?– finalmente perguntou, segurando-se tempo demais para entrar no assunto, pois sua curiosidade não lhe permitiria mais nenhum segundo de espera.

Xiao sorriu para si mesmo convicto de que Jiang não aguentaria muito tempo em silêncio quando viu Yibo o deixar na porta de Juilliard naquela manhã, mesmo que estivessem do outro lado da rua e com os vidros escurecidos, Jiang conheceria aquele Dodge em qualquer lugar. 

– Eu não passei a noite com ele – explicou fechando o livro com o marca-página e virando para a amiga. – Dormi na parte de baixo do beliche de Yibo, o que é bem diferente. 

– Oh! Yan com certeza não ficou muito feliz de ver Yibo em sua cama. 

– Nós saímos antes que ele chegasse, de qualquer forma – continuou caminhando até o piano e se debruçando nele. – Yibo me trouxe para Juilliard e voltou para Columbia, fim de história.

 O sorriso de Jiang cresceu quando o amigo terminou de contar. Talvez Xiao e Yibo não tenham percebido, mas pareciam mais um casal de namoradinhos do que imaginavam, e já não era mais segredo nenhum que Yibo estava investindo descaradamente em Xiao. 

– Não posso acreditar que não houve sequer um beijo, Xiao – debochou, o que fez Xiao revirar os olhos e corar. – Vocês parecem duas baratas tontas sem saber o que fazer. 

– Olha garota! – exclamou Xiao fazendo careta de desaprovação com o comentário. – Yibo e eu estamos nos conhecendo melhor, acho que realmente posso gostar dele futuramente e… – Xiao foi cortado quando um garoto franzino do departamento de teatro bateu na porta timidamente perguntando por Xiao Zhan. 

Ele segurava um enorme buquê de flores azuis e o entregou para Xiao, que estava de boca aberta e quase se esqueceu de agradecer ao moço com a paralisia que seu corpo sofreu. Xiao deixou o buquê em cima do piano e tirou o cartão com desenhos de notas musicais em azul que estava embrenhado entre as flores. 

“Estranho seria se eu não me apaixonasse por você. – Nando Reis."

Os olhos de Xiao rapidamente mudaram para surpresa ao mesmo tempo em que um brilho intenso entregava o que ele vinha tentando esconder de si mesmo. Música brasileira. E novamente Yibo tinha acertado em cheio. 

Ele terminou de ler e abaixou o papel deixando seus olhos repousarem nas flores que tanto lhe agradavam; o coração traindo as ordens de sua razão para não se abalar. 

– Futuramente, uh? – brincou Jiang, apanhando o cartão das mãos do amigo e o lendo mais uma vez. – É mais que óbvio o sentimento que está envolvido, Xiao. Se acredita que pode mudar isso… eu acho que é tarde demais. 

Ele tinha mais do que certeza de que estava corado o suficiente para ser notada do outro lado da sala por alguns alunos que começavam a adentrar despreocupados e entretidos na própria conversa.