A casa amarela - cap.: 09

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Dias se passaram e ela não sabia mais em que mês estava, tinha se perdido depois de um mês e não conseguia dormir. Não depois dos acontecimentos.

Da meia noite até as três da manhã era o único horário que Lua tinha parar se sentir "livre". Os guardas saiam neste horário, pois não precisavam vigiar.
Ella, ligava a cerca elétrica e mesmo que lua quisesse fugir, não poderia. Se ela fugisse todos aqueles que ela amava iriam morrer.
Em uma das noite, Lua sentou-se no peitoril da janela, ainda tinha grades, mas dava para se sentar. Ela tinha vista para o resto da "fazenda", mas, nessa noite, tudo mudou. Pela primeira vez, olhou para o horizonte, e não tão distante, avistou uma casa, tinha um binóculo escondido em seu travesseiro. Desceu, pego-o e subiu novamente no peitoril, e... naquela casa amarela ~ toda acabada por sinal ~ com o telhado fudido, reparou na única janela com grades.
- É ele! Cochichou para se mesma.
Sua mãe, pai, Zélia e Felipe! Reparou um movimento na casa. Reparou outra janela, Estella.
Um vento frio e forte invadiu seu quarto. Perdeu o equilíbrio, e quando conseguiu sentar-se de novo, e ver pelo binóculo, viu Estela, encarando a sua janela.
Outro vento frio, de arrepiar a nuca, invadiu o seu quarto. Desta vez ficou imóvel! Não conseguia acreditar no que vira!
Desceu do peitoril, fechou a janela o mais rápido que pode, deitou no chão, sua cama, onde só tinha um travesseiro e uma coberta tão fina quanto um fio de cabelo. Fechou os olhos, e "dormiu". Não aguentava mais aquilo, precisava fugir, mas sabia que não podia fazer isso, não de novo...

Flashback on:
Não aguentava mais aquele lugar, aquela rotina, aquelas pessoas...
Decidiu fugir, não queria saber, ela ia sair daquele inferno.

Em uma das noites saiu do seu quarto, olhou em volta, uma curiosidade surgiu - tenho tempo - achava ela. Abriu a porta, estava tudo escuro, não enxergava nada.
Abriu a outra porta, dava para um quarto, com outras duas janelas e mais uma porta. Seu coração batia aceleradamente, sua respiração estava ofegante, suava, tremia, mas, mesmo assim, seguiu em frente.
Abriu a porta, um flash de luz no finalzinho mostrava que era uma escada... Ouviu um barulho, um conversa achava ela.
Subiu as escadas, sua mão suava, seu corpo todo na verdade, a cada passo o som de uma conversa ficava mais alto.
(Acho que estou no sótão)
Lua, pensou e logo em seguida, ouviu um choro e um flash de luz.
"- Vem cá filha, vamos cantar os parabéns!"
"- Já estou indo mamãe!"
( era o vídeo do seu aniversário de 7 anos, foi um dia maravilho, mas aquele vídeo tinha sumido, melhor, queimado em um incêndio que quase a matou, não sabia como começou, mas lembra-se de ouvir que foi proposital. E que alguém a salvou, provavelmente um mendigo).
- Por que?
Se assustou, olhou para trás e a viu, pela primeira vez, olhou olho no olho para sua irmã, Ella não acreditava que estava vendo ela.
- Estás maluca?
- Preciso entender, o que eu te fiz?
A raiva tomou conta de Estella, começou a esmurrar Lua, ela revidou, toda a sua raiva estava sobressaindo, ambas brigavam com o ódio no olhar, Estella pegou um bastão, Lua se levantou rápido, reparou no celular de Estella, o pegou e saiu correndo, ligou a lanterna, respirou fundo.
Liberdade! - Lua desceu as escadas, abriu a porta e saiu correndo, correu como nunca, seus olhos se enchiam de lágrimas, em seus pensamentos só havia só uma frase:
"Liberdade! Estou livre..."
Ouvia latidos, estava sendo seguida, não sabia a onde estava indo, corria tão rápido, que os galhos mais baixos das árvores batiam em seu rosto, seus pés estavam sangrando, sentia muita dor, não usava sapato a meses.
Parou, ofegante, tentou respirar, ligou a lanterna... O flash de luz estava direcionado para o chão e ela logo observou um par de sapatos marrom, foi subindo aos poucos, tinha medo de quem estava a sua frente, a calça bege com um cinto preto já dava um ideia de quem era, mas ela não queria acreditar, a blusa foi sua comprovação.

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